Fatores associados ao sexo e grupos etários entre idosos brasileiros com multimorbidade e morbidades mais frequentes em 2013 e 2019 : evidências da Pesquisa Nacional de Saúde

Abstract

Introdução: O crescente envelhecimento populacional tem como consequência o aumento da prevalência de doenças crônicas entre os idosos. O manejo clínico das doenças crônicas e a saúde do idoso estão entre as prioridades de pesquisa em enfermagem. A multimorbidade consiste na ocorrência de duas ou mais doenças crônicas no mesmo indivíduo e tornou-se uma prioridade para a saúde global. O detalhamento da multimorbidade em idosos, valorizando as especificidades entre os sexos e grupos etários, assim como as morbidades mais frequentes em idosos considerando as grandes regiões brasileiras, são relevantes para a formulação de políticas públicas de saúde do idoso mais equitativas e para subsidiar a tomada de decisão e organização do cuidado de enfermagem. Objetivo: Analisar os fatores associados ao sexo e grupos etários de idosos brasileiros com multimorbidade e as morbidades mais frequentes de acordo com as grandes regiões em 2013 e 2019. Método: Trata-se de um estudo transversal, com dados individuados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), coletados em 2013 e 2019. A PNS é um inquérito domiciliar de base populacional, representativo para o Brasil, realizado pelo IBGE e Ministério da Saúde. O plano amostral da PNS foi complexo, realizado a partir de um plano conglomerado em três estágios. A população deste estudo foi constituída por idosos brasileiros de 60 anos ou mais, e compuseram a amostra todos os idosos que participaram da PNS e que responderam ao questionário do morador selecionado (2013: n = 11.177; 2019: n = 22.728). Foram considerados dois grupos etários: mais jovens, de 60 a 79 anos; e mais velhos, de 80 anos ou mais. Os dados foram obtidos nas bases de dados da PNS, no site do IBGE. Em seguida, foram organizados em planilha eletrônica conforme as variáveis de interesse. Foram utilizadas variáveis sociodemográficas, condições de saúde e comportamentais. A análise dos dados foi realizada no programa SPSS for Windows, versão 20.0, com análises de amostra complexa, utilizando os pesos amostrais da PNS, e empregando o teste Qui-quadrado para as associações. As variáveis foram apresentadas por meio de frequências relativas e intervalos de confiança de acordo com os anos dos inquéritos. Este estudo dispensou a apreciação de Comitê de Ética em Pesquisa por tratar-se de dados de domínio público e atende às diretrizes éticas da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: A prevalência de multimorbidade em idosos brasileiros em 2013 foi de 51,2%, aumentando para 56,7% em 2019, e foi associada a fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde. Considerando-se idosos com multimorbidade, as variáveis ser casado, com ensino fundamental incompleto, cor ou raça branca, idade de 60 a 79 anos, consumo de álcool e tabaco e internação hospitalar apresentaram associação em maior proporção com o sexo masculino, e a menor renda, quedas e consultar com médico no último ano, com o sexo feminino. O estado civil casado, consumo de álcool e tabaco e menor renda apresentaram associação com o grupo etário de idosos mais jovens. O ensino fundamental incompleto foi associado ao grupo etário mais jovem em 2013, e com o mais velho em 2019. Entre os mais velhos, observou-se associação com o estado civil viúvo, cor branca, consulta com médico no último ano e quedas, em ambos os anos, e com internação hospitalar em 2019. As morbidades mais frequentes em idosos foram, respectivamente, Hipertensão Arterial Sistêmica, problema crônico de coluna, hipercolesterolemia, Diabetes Mellitus e artrite ou reumatismo, no Brasil e nas suas regiões. As morbidades foram mais frequentes em idosos mais jovens (60 a 79 anos), no sexo feminino e na região sudeste, embora tenha sido observado importantes diferenças entre estes subgrupos. Conclusão: Os dados mostraram importantes diferenças na distribuição da multimorbidade e fatores associados entre os sexos e grupos etários de idosos, fornecendo subsídios para a organização dos serviços de saúde e para a integralidade do cuidado. A identificação das morbidades mais frequentes em idosos, por sexo e grupos etários, nas grandes regiões, fornece subsídios aos profissionais de saúde, gestores e formuladores de políticas públicas para reconhecerem as reais condições e necessidades de saúde da população brasileira no contexto regional, visando políticas públicas que promovam a saúde do idoso e o envelhecimento saudável mais equitativos em todo o país.

Introduction: The increasing aging of the population has resulted in an increase in the prevalence of chronic diseases among the elderly. The clinical management of chronic diseases and the health of the elderly are among nursing research priorities. Multimorbidity consists of the occurrence of two or more chronic diseases in the same individual and has become a priority for global health. Detailing multimorbidity in the elderly, valuing the specificities between sexes and age groups, as well as the most frequent morbidities in the elderly considering the large Brazilian regions, are relevant for the formulation of more equitable public health policies for the elderly and to support the adoption of decision-making and organization of nursing care. Objective: To analyze the factors associated with sex and age groups of Brazilian elderly people with multimorbidity and the most frequent morbidities according to major regions in 2013 and 2019. Method: This is a cross-sectional study, with individual data from the National Health Survey (PNS), collected in 2013 and 2019. The PNS is a population-based household survey, representative for Brazil, carried out by IBGE and the Ministry of Health. The PNS sampling plan was complex, carried out based on a conglomerate plan in three stages. The population of this study consisted of Brazilian elderly people aged 60 or over, and the sample comprised all elderly people who participated in the PNS and who responded to the selected resident's questionnaire (2013: n = 11,177; 2019: n = 22,728). Two age groups were considered: younger, 60 to 79 years old; and older, aged 80 and over. The data were obtained from the PNS databases, on the IBGE website. They were then organized in an electronic spreadsheet according to the variables of interest. Sociodemographic, health and behavioral variables were used. Data analysis was carried out in the SPSS for Windows program, version 20.0, with complex sample analyses, using the PNS sampling weights, and employing the Chi-square test for associations. The variables were presented using relative frequencies and confidence intervals according to the years of the surveys. This study did not require approval from the Research Ethics Committee as it was public domain data and complies with the ethical guidelines of resolution 466/12 of the National Health Council. Results: The prevalence of multimorbidity in elderly Brazilians in 2013 was 51 .2%, increasing to 56.7% in 2019, and was associated with sociodemographic, behavioral and health factors. Considering elderly people with multimorbidity, the variables being married, with incomplete primary education, white color or race, age 60 to 79 years, alcohol and tobacco consumption and hospital admission were associated in a greater proportion with the male sex, and the lowest income, falls and seeing a doctor in the last year, among females. Married marital status, alcohol and tobacco consumption and lower income were associated with the younger elderly age group. Incomplete primary education was associated with the youngest age group in 2013, and with the oldest in 2019. Among the oldest, an association was observed with marital status, widowed, white, seeing a doctor in the last year and falls, in both years, and with hospital admission in 2019. The most frequent morbidities in the elderly were, respectively, Systemic Arterial Hypertension, chronic back problems, hypercholesterolemia, Diabetes Mellitus and arthritis or rheumatism, in Brazil and its regions. Morbidities were more frequent in younger elderly people (60 to 79 years old), in 9 females and in the southeast region, although important differences were observed between these subgroups. Conclusion: The data showed important differences in the distribution of multimorbidity and associated factors between genders and age groups of elderly people, providing support for the organization of health services and comprehensive care. The identification of the most frequent morbidities in the elderly, by sex and age groups, in large regions, provides support to health professionals, managers and public policy makers to recognize the real health conditions and needs of the Brazilian population in the regional context, aiming at policies public policies that promote more equitable elderly health and healthy aging across the country.

Introducción: El creciente envejecimiento de la población ha provocado un aumento de la prevalencia de enfermedades crónicas entre las personas mayores. La gestión clínica de las enfermedades crónicas y la salud de las personas mayores se encuentran entre las prioridades de investigación en enfermería. La multimorbilidad consiste en la aparición de dos o más enfermedades crónicas en un mismo individuo y se ha convertido en una prioridad para la salud global. Detallar la multimorbilidad en los ancianos, valorando las especificidades entre sexos y grupos etarios, así como las morbilidades más frecuentes en los ancianos considerando las grandes regiones brasileñas, son relevantes para la formulación de políticas públicas de salud para los ancianos más equitativas y para apoyar la adopción de la toma de decisiones y organización de los cuidados de enfermería. Objetivo: Analizar los factores asociados al sexo y grupos de edad de los ancianos brasileños con multimorbilidad y las morbilidades más frecuentes según las principales regiones en 2013 y 2019. Método: Se trata de un estudio transversal, con datos individuales de la Encuesta Nacional de Salud (PNS), recopilada en 2013 y 2019. La PNS es una encuesta poblacional de hogares, representativa de Brasil, realizada por el IBGE y el Ministerio de Salud. El plan de muestreo de la PNS fue complejo, realizado a partir de un plan conglomerado en tres etapas. La población de este estudio estuvo compuesta por ancianos brasileños de 60 años o más, y la muestra estuvo compuesta por todos los ancianos que participaron del PNS y que respondieron al cuestionario del residente seleccionado (2013: n = 11.177; 2019: n = 22.728). Se consideraron dos grupos de edad: los más jóvenes, de 60 a 79 años; y mayores, de 80 años y más. Los datos fueron obtenidos de las bases de datos del PNS, en el sitio web del IBGE. Luego se organizaron en una hoja de cálculo electrónica según las variables de interés. Se utilizaron variables sociodemográficas, de salud y comportamentales. El análisis de los datos se realizó en el programa SPSS para Windows, versión 20.0, con análisis de muestras complejas, utilizando los pesos muestrales del PNS y empleando la prueba de Chi-cuadrado para asociaciones. Las variables se presentaron mediante frecuencias relativas e intervalos de confianza según los años de las encuestas. Este estudio no requirió aprobación del Comité de Ética en Investigación por ser datos de dominio público y cumplir con las directrices éticas de la resolución 466/12 del Consejo Nacional de Salud. Resultados: La prevalencia de multimorbilidad en ancianos brasileños en 2013 fue del 51,2% , aumentando al 56,7% en 2019, y se asoció con factores sociodemográficos, conductuales y de salud. Considerando a los adultos mayores con multimorbilidad, las variables estar casado, con educación primaria incompleta, color o raza blanca, edad de 60 a 79 años, consumo de alcohol y tabaco e ingreso 10 hospitalario se asociaron en mayor proporción al sexo masculino y al menor ingreso, caídas y consultas médicas en el último año, entre las mujeres. El estado civil de casados, el consumo de alcohol y tabaco y los ingresos más bajos se asociaron con el grupo de edad más joven. La educación primaria incompleta se asoció con el grupo de edad más joven en 2013, y con el de mayor edad en 2019. Entre los de mayor edad, se observó asociación con el estado civil, viudo, blanco, consulta médica en el último año y caídas, en ambos años, y con ingreso hospitalario en 2019. Las morbilidades más frecuentes en ancianos fueron, respectivamente, Hipertensión Arterial Sistémica, problemas crónicos de espalda, hipercolesterolemia, Diabetes Mellitus y artritis o reumatismo, en Brasil y sus regiones. La morbilidad fue más frecuente en ancianos más jóvenes (60 a 79 años), en el sexo femenino y en la región sudeste, aunque se observaron diferencias importantes entre esos subgrupos. Conclusión: Los datos mostraron diferencias importantes en la distribución de la multimorbilidad y factores asociados entre géneros y grupos etarios de los ancianos, brindando apoyo para la organización de los servicios de salud y la atención integral. La identificación de las morbilidades más frecuentes en ancianos, por sexo y grupos de edad, en grandes regiones, brinda apoyo a profesionales de la salud, gestores y responsables de políticas públicas para reconocer las condiciones y necesidades reales de salud de la población brasileña en el contexto regional, con el objetivo de a políticas públicas que promuevan una salud más equitativa de las personas mayores y un envejecimiento saludable en todo el país.