Política de diversidade e inclusão na SPCINE : desigualdades no setor audiovisual

Abstract

Em 2019, a Spcine, empresa municipal de audiovisual de São Paulo, instituiu políticas de diversidade e inclusão de forma transversal, tornando-se pioneira entre os entes públicos do setor. O artigo busca avaliar os impactos dessa adoção entre 2019 e 2023, especialmente na promoção de grupos desfavorecidos – negros, trans e mulheres – e se estas políticas ampliaram seu acesso a recursos. Analisou-se se esses projetos performaram bem no mercado e qual a força de suas narrativas não hegemônicas. Apesar da dificuldade em avaliar impactos econômicos pela curta aplicação, observou-se que desde sua implementação a maior parte dos contemplados estão dentro do recorte de diversidade, entretanto não houve correlação significativa entre a adoção das políticas e a contratação de mulheres em lideranças, quando usada reserva de vagas para produtoras executivas mulheres, nem aumento no acesso de alguns grupos desfavorecidos aos editais, apenas com o uso exclusivo desse mecanismo, tampouco resultou em resultados mais positivos com a mudança de metodologia a partir de 2021. A rede afirmativa (São Paulo, 2024) mostrou bons resultados, mas precisa ser reavaliada como indutora de negócios, enquanto a Spcine se consolida como um importante ator na modelagem dessas políticas. A análise foi feita com base em 54 projetos, cruzando dados com chamadas anteriores à política, utilizando análise quantitativa e entrevistas.

In 2019, Spcine, the municipal audiovisual company of São Paulo, implemented diversity and inclusion policies in a transversal manner, becoming a pioneer among public entities in the sector. This article aims to assess the impacts of this adoption between 2019 and 2023, particularly in promoting underrepresented groups – Black people, transgender individuals, and women – and whether these policies increased their access to resources. The study examined whether these projects performed well in the market and the strength of their nonhegemonic narratives. Despite the challenge of evaluating economic impacts due to the short implementation period, it was observed that since the policies were introduced, the majority of beneficiaries fell within the diversity criteria. However, there was no significant correlation between the adoption of these policies and the hiring of women in leadership roles when quotas were reserved for female executive producers, nor was there an increase in access to funding for certain underrepresented groups solely through the use of this mechanism. Furthermore, changes in methodology from 2021 did not yield more positive results. The affirmative network showed promising outcomes but needs to be reassessed as a business driver, while Spcine is solidifying its role as an important player in shaping these policies. The analysis was based on 54 projects, cross-referencing data with calls prior to the policy, using quantitative analysis and interviews.