Crianças e pátios escolares : significados, valores e afetividades

Abstract

Neste estudo, parte-se do entendimento de que o pátio escolar ao ar livre, enquanto espaço/tempo de interação das crianças pequenas com os elementos da natureza, contribui para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. O presente artigo tem como objetivo apresentar as descobertas emergentes do trabalho de campo com as crianças do Pré A de uma escola municipal de Ensino Fundamental localizada no Rio Grande do Sul (Brasil) a fim de discutir as relações envolvendo as crianças e o pátio escolar no contexto da Educação Infantil. Fundamentada em uma base teórica interdisciplinar e alinhada com a perspectiva vygotskyana da teoria sociocultural-histórica do desenvolvimento, a pesquisa visou mapear o que os pré-escolares apreciavam (ou não apreciavam), nos ambientes internos e externos de sua escola de Educação Infantil, em suas brincadeiras e interações, bem como apreender os significados, valores e afetividade expressos em suas vivências espaciais. A metodologia da pesquisa envolveu uma observação participante, utilizando um dispositivo de jogo da memória para mediar a interação com as crianças. As análises revelam que (a) o pátio externo constitui um território-lugar para as crianças, dada a multiplicidade de significados, valores e afetividades que emergiram de suas brincadeiras nesse ambiente; (b) as crianças compartilham significados, valores e afetividades que se diferenciam do entendimento dos adultos; (c) as restrições espaço-temporais determinadas pelos adultos relacionadas com o acesso das crianças aos ambientes limitam o livre brincar delas.

Este estudio parte del entendimiento de que el patio escolar al aire libre, como espacio/tiempo para que los niños interactúen con los elementos de la naturaleza, contribuye al aprendizaje y al desarrollo de la niñez. El objetivo de este artículo es presentar los resultados del trabajo de campo realizado con niños de una clase de Educación Preescolar (Pré-A) en una escuela primaria municipal de Rio Grande do Sul (Brasil) para examinar las relaciones entre los niños y el patio escolar en el contexto de la Educación Infantil. Partiendo de una base teórica interdisciplinaria y alineándose con la perspectiva de la teoría sociocultural-histórica del desarrollo de Vygotsky, la investigación se propuso averiguar qué ambientes internos y externos de la Escuela de Educación Infantil les gustaba (o no) a los niños para jugar y relacionarse, así como comprender los significados, los valores y la afectividad expresados en las experiencias de los niños en el espacio. El método de investigación consistió en la observación participante, empleando un mecanismo de juego de memoria para mediar la interacción con los niños. El análisis revela que (a) el patio exterior constituye un territorio común para los niños, dada la multiplicidad de significados, valores y afectividades que surgieron de sus juegos en este ambiente; (b)los niños comparten significados, valores y afectividades distintos de los compartidos por los adultos; (c) las restricciones espaciotemporales determinadas por los adultos con relación al acceso de los niños a los ambientes limitan los niños de jugar libremente.

This study is based on the understanding that the outdoor schoolyard, as a space/time for the interaction of young children with the elements of nature, contributes to children’s learning and development. This article aims to present the findings emerging from the fieldwork with a group of pre-school children of an Elementary School located in Rio Grande do Sul (Brazil), in order to discuss the appropriation of the schoolyard in the Early Childhood Education context. Based on an interdisciplinary theoretical viewpoint aligned with Vygotsky’s perspective of the historical and socio-cultural theory of development, the research aimed to map what the preschoolers enjoyed (or not), in the internal and external environments of their kindergarten school, to play and interact with as well as to apprehend the meanings, values andaffection expressed in their spatial experiences. The methodology involved participant observation, using a memory game device to mediate the interactions with thechildren. The analysis reveals that (a) the outdoor schoolyard constitutes a territory-place for children, given the multiplicity of meanings, values and affectivities that emerged from children's play in this environment; (b) children share meanings, values, and affectivities that differ from adults’ understanding; (c) spatial-temporal restrictions imposed by adults regarding children’s access to environments limit children’s free play.