Jorge Luis Borges, uma PCD : um exímio descritor de mundos
Visualizar/abrir
Data
2023Orientador
Nível acadêmico
Graduação
Assunto
Resumo
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a existência do autor argentino Jorge Luis Borges como uma pessoa com deficiência visual, levando em consideração sua formação erudita e sua convicção do poder da literatura. Por mais que sua cegueira seja de conhecimento do público, ela não o limitou a uma pessoa com deficiência, tão comum a outras pessoas com deficiência ilustres ou não. A partir dessa observação, são levantadas hipóteses de como e por que Borges não foi reduzido à sua condição físic ...
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a existência do autor argentino Jorge Luis Borges como uma pessoa com deficiência visual, levando em consideração sua formação erudita e sua convicção do poder da literatura. Por mais que sua cegueira seja de conhecimento do público, ela não o limitou a uma pessoa com deficiência, tão comum a outras pessoas com deficiência ilustres ou não. A partir dessa observação, são levantadas hipóteses de como e por que Borges não foi reduzido à sua condição física. Dentre as hipóteses levantadas, pressuponho que seu lugar social, de homem branco, herdeiro de bens materiais e imateriais de uma família que se insere como tradicional no meio argentino e que articula boas relações com a elite intelectual do país, tenha resguardado o autor do rótulo de deficiente físico. Além do mais, entendo que, como erudito afeito às palavras e convicto do poder delas, Borges se utilizou de imagens literárias para enxergar e modelar a si mesmo, bem como soube dar aos outros o entendimento de sua cegueira como dom e instrumento de produção artística, argumentos que fazem sentido de acordo com sua perspectiva de civilidade e civilização. Para a sustentação da minha análise, faço a fundamentação teórica principalmente em Nancy Huston (2010) e Benveniste (1991), para pensar a relação humana com o mundo a partir da língua e da narratividade, princípio latente nas convicções borgianas. A partir disso, me apoio principalmente em Denise Schittine (2016), Sérgio Miceli (2012) e Ricardo Piglia (2006) para compreender a relação de Borges com a própria cegueira e a forma como o escritor articulou literatura e deficiência, e em Carlos Gamerro (2015) e a conferência La Ceguera (1980) do próprio Borges para refletir sobre como o escritor argentino pode ter comportado a sua deficiência visual aos moldes de civilização, no campo da disputa entre civilização e barbárie travada na esfera literária argentina dos séculos XIX e XX. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Curso de Letras: Português e Inglês: Licenciatura.
Coleções
-
TCC Letras (1238)
Este item está licenciado na Creative Commons License