A formação estatística nas licenciaturas em matemática do Rio Grande do Sul e as atitudes frente a estatística segundo a escala sats-28 dos futuros professores de matemática

Abstract

Levando em conta a importância da Estatística na tomada de decisões, na compreensão das informações que são oferecidas diariamente, e tendo em vista que os professores de Matemática são os responsáveis por ensinar Estatística para a Escola Básica, este trabalho teve por objetivo investigar a atitude frente à Estatística dos estudantes de Licenciatura de Matemática dos cursos sediados no Rio Grande do Sul e levantar a carga horária dedicada à Estatística nas grades curriculares desses 27 cursos. Foi aplicado o instrumento Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS28), versão validada em português do Brasil, em uma amostra de 91 indivíduos. A dimensão que apresentou a maior média foi Valor, com média igual a 6,07 (DP=0,77), seguida por Competência Cognitiva (média=5,44, DP=1,03), Afetiva (média=4,87, DP=1,28) e Dificuldade (média=3,71, DP=0,93). Encontrou-se forte correlação entre as dimensões Afetiva e Competência Cognitiva (ρ=0,857, p<0,01) indicando que quanto mais se gosta de Estatística, maior o sentimento de capacidade de aprendêla. A dimensão Dificuldade se mostrou moderadamente correlacionada com as dimensões Afetiva e Competência Cognitiva, ou seja, quanto maior a atitude positiva nestas duas dimensões, menor a dificuldade. A pesquisa indicou que quanto mais confiantes em utilizar a Estatística os estudantes se sentem, mais positiva foi sua atitude nas dimensões Afetiva, Competência Cognitiva e Dificuldade, com correlações moderadas. Na dimensão Valor foi encontrada diferença significativa nos escores médios da atitude entre licenciandos que já frequentaram outro curso superior ou não (p=0,034) e entre os que exercem profissão remunerada ou não (p=0,039), indicando que estudantes com outro curso ou empregados têm atitude mais positiva. Nas grades curriculares dos cursos de Licenciatura em Matemática nas Universidades do Rio Grande do Sul, encontrou-se média de 94,7 horas de carga didática em disciplinas com conteúdos de Estatística, que representam, em média, 2,87% da carga horária total dos cursos. A baixa carga horária em Estatística na formação inicial pode estar associada a atitude pouco positiva encontrada na dimensão Dificuldade. Podemos avaliar que, apesar dos sutis avanços ocorridos no ensino de Estatística nos últimos anos, ainda é necessário mais investimento em pesquisas na área. Termos cenários que favoreçam atitudes positivas em relação à Estatística devem contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento do letramento estatístico dos licenciandos em Matemática.

Taking into account the importance of Statistics in decision-making and understanding the information provided daily, and considering that Mathematics’s teachers are responsible for teaching Statistics in Basic Education, this study aimed to investigate the attitude towards Statistics of undergraduate Mathematics education students in courses based in Rio Grande do Sul and assess the amount of time dedicated to Statistics in the curricula of these 27 courses. The Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS-28), a version validated in Brazilian Portuguese, was administered to a sample of 91 individuals. The dimension that showed the highest mean score was "Value," with an average of 6.07 (SD=0.77), followed by "Cognitive Competence" (average=5.44, SD=1.03), "Affective" (average=4.87, SD=1.28), and "Difficulty" (average=3.71, SD=0.93). A strong correlation was found between the "Affective" and "Cognitive Competence" dimensions (ρ=0.857, p<0.01), indicating that the more one likes Statistics, the greater the feeling of being capable of learning it. The "Difficulty" dimension showed a moderate correlation with the "Affective" and "Cognitive Competence" dimensions, meaning that a more positive attitude in these two dimensions is associated with lower perceived difficulty. The research indicated that the more confident students feel in using Statistics, the more positive their attitudes are in the "Affective," "Cognitive Competence," and "Difficulty" dimensions, with moderate correlations. In the "Value" dimension, a significant difference in attitude mean scores was found among education students who had attended another higher education course or not (p=0.034) and among those employed or unemployed (p=0.039), indicating that students with another degree or employed have a more positive attitude. In the curriculum of Mathematics education courses at universities in Rio Grande do Sul, the average number of instructional hours in Statistics-related subjects was 94.7, representing an average of 2.87% of the total course hours. The low number of hours devoted to Statistics in initial education may be associated with the less positive attitude found in the "Difficulty" dimension. We can assess that, despite the subtle advances in Statistics education in recent years, there is still a need for more investment in research in the field. Creating environments that promote positive attitudes toward Statistics should contribute to the development and improvement of statistical literacy among Mathematics education students.