Músicas de rock recriadas para piano solo : interpretação e criação de arranjos de concerto

Abstract

Esta pesquisa artística foi conduzida através da construção de um repertório de músicas de rock para piano solo, apresentado no terceiro recital de doutorado em Práticas Interpretativas. A investigação foi motivada pela busca de uma síntese entre as manifestações artísticas do rock, da música de concerto e do jazz, que caracterizam a identidade do pianista pesquisador. As bases teóricas e conceituais foram construídas avaliando noções de arranjo e transcrição, considerando essas formas de criação dentro do campo temático proposto por Burkholder, denominado “usos de música pré-existente” ou “empréstimo musical”. A partir da importância que a recriação de músicas tem para a tradição pianística, propõe-se uma noção de arranjo enquanto forma de interpretação musical na performance. O rock progressivo é abordado como o primeiro gênero que teve uma proposta deliberada de fusão do rock com a música de concerto. Posteriormente, um levantamento de arranjos de rock realizados por pianistas permitiu identificar abordagens criativas e selecionar um repertório a ser estudado, com intersecções envolvendo o rock, a música de concerto e o jazz. Optou-se por combinar a interpretação de arranjos realizados por pianistas consagrados da música de concerto e do jazz com a criação de arranjos novos, a fim de obter uma perspectiva ampliada. A pesquisa foi estruturada como um experimento artístico, conforme proposto por López-Cano e Opazo, tendo as suas etapas descritas e avaliadas. As características dos arranjos incluídos no repertório são examinadas a fim de identificar como cada música foi recriada ao piano, sendo elas: Variações sobre Light my Fire (The Doors), de Friedrich Gulda; Paranoid Android e Motion Picture Soundtrack (Radiohead), de Christopher O'Riley, Things Behind the Sun (Nick Drake) e God Only Knows (The Beach Boys), de Brad Mehldau. Sertão (Kiko Loureiro) e Smoke on the Water (Deep Purple), que foram arranjados pelo pesquisador durante o processo, também são examinados. Os arranjos estudados revelam possibilidades criativas para as músicas, as quais emergem das práticas pianísticas e das perspectivas artísticas dos arranjadores.

This artistic research was conducted through the construction of a repertoire of rock songs for solo piano, presented in the third doctoral recital in Interpretative Practices. The investigation was motivated by the search for a synthesis between the artistic expressions of rock, concert music, and jazz, which characterize the identity of the researching pianist. The theoretical and conceptual foundations were built by evaluating notions of arrangement and transcription, considering these forms of creation within the thematic field proposed by Burkholder, called “uses of pre-existing music” or “musical borrowing.” Given the importance of the re-creation of music in pianistic tradition, a notion of arrangement is proposed as a form of musical interpretation in performance. Progressive rock is approached as the first genre to have a deliberate proposal to fuse rock with concert music. Subsequently, a survey of rock arrangements by pianists allowed for the identification of creative approaches and the selection of a repertoire to be studied, with intersections involving rock, concert music, and jazz. The choice was made to combine the interpretation of arrangements by acclaimed pianists from concert and jazz music with the creation of new arrangements to obtain an expanded perspective. The research was structured as an artistic experiment, as proposed by López-Cano and Opazo, with its stages described and evaluated. The characteristics of the arrangements included in the repertoire are examined to identify how each piece was re-created on the piano. These pieces include Variations on Light my Fire (The Doors), by Friedrich Gulda, Paranoid Android and Motion Picture Soundtrack (Radiohead), by Christopher O'Riley, Things Behind the Sun (Nick Drake) and God Only Knows (The Beach Boys), by Brad Mehldau. Sertão (Kiko Loureiro) and Smoke on the Water (Deep Purple), arranged by the researcher during the process, are also examined. The studied arrangements reveal creative possibilities for the songs, which emerge from the pianistic practices and artistic perspectives of the arrangers.