O tempo espiralar na pintura : uma proposta de descapturação a partir da obra pictórica de Sidney Amaral

Abstract

O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar as obras do artista Sidney Amaral através da ideia de tempo espiralar, teorizada pela dramaturga e acadêmica Leda Maria Martins. Por meio das pinturas desse artista, é possível perceber o quanto os resquícios da escravização de homens e mulheres negros e negras ainda reverberam em nosso presente com o racismo. Desse modo, em busca de uma descapturação, ou seja, de uma tentativa de escapar das mazelas das violências raciais, as obras de Sidney Amaral, com suas imagens potentes de denúncia, trazem à tona a memória de um trauma colonial, ao mesmo tempo que demonstram que é possível criarmos novas realidades através do afrofuturismo. Por intermédio da ficcionalização do presente, o artista é capaz de fugir de uma realidade distópica, em um mundo cuja estrutura vê as pessoas pretas como inimigas. Dessa forma, percebe-se a importância dessas pinturas quando estamos em busca de experiências nas quais a violência deixe de ser a protagonista em uma história diaspórica, por si só, tão trágica e cruel. Portanto, ao olharmos para as imagens apresentadas na pesquisa a partir desse afrotempo espiralar, compreendemos que o futuro pode ser recriado com base em um passado permeado pela ancestralidade dos povos advindos do continente africano.

The main objective of the present study is to present the works of artist Sidney Amaral through the idea of spiral time, theorized by playwright and academic Leda Maria Martins. Through this artist's paintings, it is possible to see how much the remnants of the enslavement of black men and women still reverberate in our present, with racism. Thus, in search of an “uncapture”, that is, in an attempt to escape the ills of racial violence, Sidney Amaral's works, with their powerful images of denunciation, bring to light the memory of a colonial trauma, whilst demonstrating that it is possible to create new realities, through Afrofuturism. Through the fictionalization of the present, the artist is able to escape a dystopian reality, in a world in which the very structure sees black people as enemies. Therefore, the importance of these paintings becomes evident, in the search of experiences in which violence stops being the protagonist of a diasporic history which, in itself, is so tragic and cruel. Thus, when we look at the images presented in this research from the perspective of this spiraling Afrotime, we understand that the future can be recreated based on a past permeated by the ancestry of the people from the African continent.