Senhores da rede : as estratégias de Estados Unidos, Rússia, e China para emprego da tecnologia de informação em conflitos regionais (2007-2022)

Abstract

A partir do exame das estratégias empregadas pelos Estados Unidos da América, a Federação Russa e a República Popular da China em conflitos desencadeados contra seus respectivos adversários regionais, a República Islâmica do Irã (2007-2010), a República Popular da Ucrânia (2014-2015) e a República Democrática da Índia (2020-2022), esta pesquisa demonstra como e porque o ciberespaço se tornou um domínio significativo para projeção de poder nacional nesse início de século. Com base na identificação do mecanismo que conecta as mudanças pela qual passaram as instituições responsáveis pela segurança e defesa nacional das grandes potências nas últimas décadas à complexidade das operações e sofisticação das principais ameaças cibernéticas utilizadas por agentes estatais e não-estatais a serviço destes Estados para atingir seus adversários, propomos a construção de uma teoria indutiva que exprime as razões pelas quais as potências recorreram a este novo engenho de força para consecução de objetivos estratégicos. Para tanto, aplicamos as técnicas qualitativas de rastreamento de processos e análise comparativa histórica com intuito de responder ao seguinte questionamento: Por que as grandes potências utilizaram o ciberespaço para conquistarem seus objetivos estratégicos?

From the examination of the strategies employed by the United States of America, the Russian Federation and the People's Republic of China in conflicts unleashed against their respective regional adversaries, the Islamic Republic of Iran (2007-2010), the People's Republic of Ukraine (2014- 2015) and the Democratic Republic of India (2020-2022), this research demonstrates how and why cyberspace became a significant domain for projecting national power at the beginning of this century. We propose the construction of an inductive theory that expresses the rationale behind the powers' use of this new power tool to achieve strategic objectives, based on the identification of the mechanism that links the changes that the great powers' institutions responsible for national security and defense have undergone in recent decades to the complexity of operations and sophistication of the main cyber threats used by state and non-state agents in these States' service to access their adversaries' critical infrastructure sectors and information systems. In order to do this, we used qualitative historical comparison analysis and process tracing to address the following query: Why did great powers utilize cyberspace to accomplish their geopolitical goals?