Apreensões digitais : a fixação da crença em ambiente de desinformação

Abstract

O advento da internet e das redes sociais há muito vem transformando a forma como as informações são disseminadas e consumidas. Esse trabalho de conclusão aborda o impacto da desinformação nas redes digitais de comunicação. Ele atravessa o período do COVID-19, analisando estratégias cognitivas à luz dos métodos de crença da Teoria dos Signos de Peirce - tenacidade, autoridade, à priori e científico - na formação de convicções no ambiente digital fora e dentro do contexto da pandemia. O estudo destaca a importância da semiose da desinformação, e os resultados revelam uma interconexão complexa dos métodos de Peirce, desafiando a classificação isolada de cada um deles. Por meio de análise quantitativa e qualitativa, o estudo revela nuances complexas nos processos cognitivos, desafiando a definição clara de prevalência de uma categoria sobre as outras. Ainda assim o método à priori destaca-se, sugerindo que os participantes frequentemente ancoram suas crenças em predisposições pré-existentes. Por outro lado, embora parte significativa do público não acredite em informações oriundas de autoridades simplesmente pelo fato do status de autoridade, o contexto político, notadamente com mudanças constantes das lideranças e a má gestão durante a pandemia, influenciou a confiança nas figuras de autoridade. A tenacidade, ligada ao negacionismo e a uma estrutura tecnicista externa (“câmaras de eco" ou "filtro bolha”), pode servir como refúgio cognitivo, especialmente quando associada ao método à priori. A ciência, embora considerada, pode ser interpretada como uma forma de autoridade ou ideologia, destacando a necessidade de compreender melhor as inter-relações entre as categorias de crença de Peirce.

The advent of the internet and social media has long been transforming the way information is disseminated and consumed. This bachelor thesis addresses the impact of desinformation on digital communication networks. It cross the period of COVID-19, analyzing cognitive strategies in light of Peirce's Theory of Signs belief methods - tenacity, authority, a priori, and scientific - in the formation of convictions in the digital environment both within and outside the pandemic context. The study highlights the importance of the semiosis of desinformation, and the results reveal a complex interconnection of Peirce's methods, challenging the isolated classification of each. Through quantitative and qualitative analysis, the study unveils intricate nuances in cognitive processes, challenging a clear definition of the prevalence of one category over the others. Nevertheless, the a priori method stands out, suggesting that participants often anchor their beliefs in pre-existing predispositions. On the other hand, although a significant part of the public does not believe information coming from authorities simply because of their authority status, the political context, notably with constant changes in leadership and mismanagement during the pandemic, has influenced trust in authority figures. Tenacity, linked to denialism and an external technicist structure (“echo chambers" or "bubble filters”), can serve as a cognitive refuge, especially when associated with the a priori method. Science, while considered, may be interpreted as a form of authority or ideology, emphasizing the need to better understand the interrelationships between Peirce's belief categories.