Rochas andesíticas e lamprofíricas neoproterozoicas da região do Tupanci, RS : petrologia e mineralizações associadas

Abstract

Mineralizações de Au e sulfetos ocorrem no Escudo Sul-Rio-Grandense, sendo que importantes ocorrências destes metais são reportadas e atribuídas a Associação Shoshonítica de Lavras do Sul (ASLS). Vários autores apontam para uma significativa participação de rochas andesíticas e lamprofíricas na formação destes depósitos. A região do Tupanci conta com a presença de andesitos e lamprófiros, estratigraficamente correlacionados a rochas vulcânicas da ASLS (Formação Hilário), representando a exposições mais setentrionais deste magmatismo. A ASLS configura-se como uma das mais completas associações shoshonítica neoproterozoicas (ca. 590-592 Ma) do sul do Brasil, contendo rochas plutônicas, vulcânicas e hipabissais, relacionadas ao estágio pós-colisional da orogenia Brasiliana/Pan-Africana. As rochas andesíticas da região do Tupanci ocorrem na forma de derrames, sendo sobrepostos por depósitos vulcanoclásticos de composição andesíticas, produto do retrabalhamento da unidade vulcânica. Os lamprófiros ocorrem na forma de diques, com direção N-NW, intrusivos em rochas do embasamento metamórfico e nos derrames andesíticos, sendo texturalmente separados e classificados como espessartito e lápili tufo lamprofírico. Destaca-se a forma singular de ocorrência do lápili tufo lamprofírico, análogo a intrusões kimberlíticas piroclásticas do tipo Kimberley, retratando manifestações explosivas vinculadas aos lamprófiros da ASLS. Ambas as ocorrências apresentam características de rochas calcioalcalinas de alto-K ou shoshonítica, evidenciada pelo enriquecimento em LILE e ETRL, anomalias negativas de Ti e Nb, somado a anomalias positivas de Pb e a ausência de anomalias de Eu. Estes atributos reforçam a relação das rochas andesíticas e lamprofíricas com as rochas correlatas da ASLS. A presença de Au e platina na matriz do lápili tufo lamprofírico, destaca a importância econômica destas rochas para as ocorrências minerais da região, onde futuros estudos podem melhor definir o potencial metalogenético para as rochas da região do Tupanci.

Au and sulfide mineralization occur in the Sul-Rio-Grandense Shield, and important occurrences of these metals are reported and attributed to the Lavras do Sul Shoshonitic Association (LSSA). Several authors point to a significant participation of andesitic and lamprophyric rocks in the formation of these deposits. The Tupanci area has the presence of andesites and lamprophyres, stratigraphically correlated to LSSA volcanic rocks (Hilário Formation), representing the northernmost exposures of this magmatism. The LSSA is one of the most complete Neoproterozoic Shoshonitic associations (ca. 592-590- Ma) in southern Brazil, containing plutonic, volcanic and hypabyssal rocks, related to the post-collisional stage of the Brasiliano/Pan-African orogeny. The andesitic rocks of the Tupanci area occur in the form of flows, being superimposed by volcanoclastic deposits of andesitic composition, product of the reworking of the volcanic unit. Lamprophyres occur in the form of dykes, with N-NW direction, intrusive in rocks of the metamorphic basement and in andesitic flows, being texturally separated and classified as spessartite and lamprophyric lapilli-tuff. The singular form of occurrence of the lamprophyric lapilli-tuff stands out, analogous to Kimberley-type pyroclastic kimberlitic intrusions, depicting explosive manifestations linked to LSSA lamprophyres. Both occurrences show characteristics of high-K calc-alkaline or shoshonitic rocks, evidenced by LILE and LREE enrichment, negative Ti and Nb anomalies, plus positive Pb anomalies and the absence of Eu anomalies. These attributes reinforce the relationship of andesitic and lamprophyric rocks with related LSSA rocks. The presence of Au and platinum in the groundmass of lamprophyric lapilli-tuff, highlights the economic importance of these rocks for the mineral occurrences in the region, where future studies can better define the metallogenetic potential for the rocks of the Tupanci area.