Cirurgia bariátrica : alterações do metabolismo ósseo e escalas psicométricas no pós-operatório tardio
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Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (CB) estão em risco de desenvolver alterações no metabolismo do cálcio, da vitamina D e das paratireoides no período pós-operatório, que, conjuntamente com os outros fatores, podem contribuir para o estabelecimento da doença osteometabólica. Além das mudanças no metabolismo ósseo, pacientes pós-bariátricos são frequentemente acometidos por distúrbios psiquiátricos e comportamentos disruptivos, como impulsividade, compulsão alimentar e sintomas negativo ...
Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (CB) estão em risco de desenvolver alterações no metabolismo do cálcio, da vitamina D e das paratireoides no período pós-operatório, que, conjuntamente com os outros fatores, podem contribuir para o estabelecimento da doença osteometabólica. Além das mudanças no metabolismo ósseo, pacientes pós-bariátricos são frequentemente acometidos por distúrbios psiquiátricos e comportamentos disruptivos, como impulsividade, compulsão alimentar e sintomas negativos de humor. Embora muitos estudos ressaltem a perda de peso e melhorias metabólicas após a cirurgia, a avaliação da saúde mental anos após o procedimento continua sendo um tema pouco explorado. De acordo com o exposto, nesta tese foram avaliadas as alterações do metabolismo ósseo, do comportamento e da qualidade de vida no pós-operatório tardio de CB em pacientes do Sul do Brasil. O primeiro estudo analisou uma coorte retrospectiva de pacientes submetidos à CB no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) que foram acompanhados ambulatorialmente por cinco anos. Foram analisados os níveis séricos de vitamina D, paratormônio, cálcio e creatinina, e alterações da densidade mineral óssea (DMO) por densitometria. Dos 127 participantes incluídos, a prevalência de hipovitaminose D foi maior no segundo ano de acompanhamento (41,5%) e menor (21,2%) no terceiro ano (p<0,05). A prevalência de hiperparatireoidismo secundário foi de 65,4% no segundo ano e aumentou para 83,7% no sexto ano (p<0,05). Indivíduos baixa DMO na coluna lombar, colo do fêmur e fêmur total apresentaram idade maior e estavam mais frequentemente na menopausa que indivíduos com DMO normal (p<0,05). Idade avançada foi marcador de risco para DMO alterada no colo do fêmur (OR=1,185; IC 95% 1,118-1,256) e no fêmur total (OR=1,158; IC 95% 1,066-1,258), ambos após ajuste para tempo de seguimento pós-CB e excesso de peso perdido. Já o segundo estudo avaliou impulsividade, compulsão alimentar, sintomas negativos de humor, e mudanças na qualidade de vida em pacientes após pelo menos 18 meses de CB e os comparou com outro grupo pós-cirúrgico de procedimento abdominal eletivo (colecistectomia – CCT). Quatro escalas (BIS-11, BES, DASS-21 e BAROS) foram aplicadas em ambos os grupos. Participantes foram incluídos na razão 2:1 e pareados pela idade, pelo sexo, e pelo tempo pós-cirúrgico. Um total de 58 participantes pós-CB e 29 pós-CCT foram entrevistados – 90,8% mulheres; três anos desde o procedimento. O grupo 8 pós-CB apresentou menor impulsividade e maior melhora na qualidade de vida que o grupo pós-CCT. Impulsividade esteve mais presente no grupo pós-CCT e os grupos não diferiram nas demais avaliações. Indivíduos pós-CB que apresentaram excesso de perda de peso <50% do excesso de peso tiveram maiores escores de impulsividade, menor melhoria na qualidade de vida, e índice de massa corporal pré-operatório superior aos que apresentaram maior perda de peso. Os estudos concluem que pacientes bariátricos apresentam alta prevalência de distúrbios osteometabólicos no pós-operatório tardio, bem como a impulsividade parece ser um marcador de gravidade para os desfechos da CB. Além disso, de maneira geral, os pacientes pós-CB se apresentam menos impulsivos e com maior melhoria na qualidade de vida que indivíduos controle submetidos à CCT. ...
Abstract
Individuals submitted to bariatric surgery (BS) are at risk in developing calcium-vitamin D-PTH axis disturbance in late postoperative period, what could contribute to the establishment of osteometabolic disease. Besides bone metabolism changes, post-bariatric patients frequently present psychiatric disorders and disruptive behaviors, such as impulsiveness, binge eating, and negative mood symptoms. Although studies emphasize weight loss and metabolic improvements after surgery, mental health as ...
Individuals submitted to bariatric surgery (BS) are at risk in developing calcium-vitamin D-PTH axis disturbance in late postoperative period, what could contribute to the establishment of osteometabolic disease. Besides bone metabolism changes, post-bariatric patients frequently present psychiatric disorders and disruptive behaviors, such as impulsiveness, binge eating, and negative mood symptoms. Although studies emphasize weight loss and metabolic improvements after surgery, mental health assessments after BS still remain a less explored subject. Under these circumstances, changes in bone metabolism, behavior and quality of life (QoL) in the late postoperative period were evaluated in this thesis. The first study analized a retrospective cohort of individuals submitted to BS at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) who were followed as outpatients for five years. Serum vitamin D, PTH, calcium, and creatinine as well as changes in bone mineral density (BMD) by densitometry were evaluated. From 127 included participants, vitamin D prevalence was the highest (41.5%) in the second year and the lowest (21.2%) in the third year (p<0.05). Secondary hyperparathyroidism prevalence was 65.4% in the second year and increased to 83.7% in the sixth year (p<0,05). Patients with low BMD in lumbar, femoral neck, and total proximal femur were older and presented menopausal status more frequently than normal BMD group (p<0,05). Older age was a risk marker for altered BMD in femoral neck (OR=1.185; 95% CI 1.118-1.256) and in total proximal femur (OR=1.158; 95% IC 1.066-1.258), both after adjusting for follow-up and excess weigh loss. The second study evaluated impulsiveness, binge eating, negative mood symptoms, and QoL in post-BS patients and compared them to another post-abdominal surgical group (cholecystectomy). Barratt Impulsiveness Scale (BIS-11), Binge Eating Scale (BES), Depression Anxiety Stress Scale (DASS-21) and Bariatric Analysis and Reporting Outcome System (BAROS) were applied to study and control groups, that were enrolled in a 2:1 manner and paired by age, sex, and time since surgery. A total of 58 post-BS and 29 post-cholecystectomy participants were included – 90.8% female; three-year follow-up. Bariatric group presented less impulsiveness and better QoL than their post-cholecystectomy controls. Impulsiveness was more present in the post-cholecystectomy group, and groups did not differ in other evaluations. Bariatric individuals with suboptimal weight loss had higher impulsiveness, worse QoL, and 10 higher preoperative body mass index than those with successful weight loss. The studies conclude that bariatric patients present high prevalence of ostemetabolic disorders in late postoperative period, and impulsiveness was found as red flag for worse outcomes after BS. In addition, post-BS group presented less impulsiveness and better QoL that their control group submitted to cholecystectomy. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia.
Coleções
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Ciências da Saúde (9127)Endocrinologia (392)
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