Inibição da motilidade espermática do coral endêmico Mussismilia harttii por meio do controle da osmolalidade : estratégia para preservação seminal

Abstract

Sabendo que a osmolalidade é um fator importante na iniciação da motilidade em espermatozoides de peixes, e considerando a ausência de conhecimento nesse campo para os corais brasileiros, esse trabalho objetivou avaliar se alterações na osmolalidade da água do mar poderiam influenciar na motilidade e viabilidade espermática do coral-couve-flor (Mussismilia harttii). A espécie foi escolhida por ser endêmica do Brasil e já estar ameaçada de extinção. No primeiro experimento, os espermatozoides foram expostos a quatro osmolalidades: 1035, 905, 776 e 646 mOsmol/kg, e em seguida avaliados quanto a motilidade e integridade de membrana. Após identificarmos 776 mOsmol/kg como a osmolalidade mais eficiente em suprimir a motilidade, os espermatozoides foram estocados em temperatura ambiente e avaliados por 24 horas (experimento 2). Quando mantidos em 776 mOsmol/kg, 45% dos espermatozoides ainda estavam móveis 19h após a desova. Esse achado pode ser útil em estratégias para conservação da espécie. A manipulação na osmolalidade da água marinha permitiu que os espermatozoides ficassem imóveis e viáveis por mais tempo, tornando possível seu transporte por grandes distancias sem a necessidade de uso de qualquer técnica de resfriamento ou criopreservação.

Knowing that osmolality is an important factor in the initiation of motility in fish sperm, and considering the lack of knowledge in this field for Brazilian corals, this study aimed to evaluate whether changes in seawater osmolality could influence sperm motility and viability in the cauliflower coral (Mussismilia harttii). The species was chosen because it is endemic to Brazil and is already threatened with extinction. In the first experiment, sperm were exposed to four osmolalities: 1035, 905, 776 and 646 mOsmol/kg, and then evaluated for motility and membrane integrity. After identifying 776 mOsmol/kg as the most efficient osmolality in suppressing motility, sperm were stored at room temperature and evaluated for 24 hours (experiment 2). When maintained at 776 mOsmol/kg, 45% of the spermatozoa were still motile 19 h after spawning. This finding may be useful in strategies for the conservation of the species. Manipulating the osmolality of seawater allowed the sperm to remain immobile and viable for longer period, making it possible to transport them over great distances without the need to use any cooling or cryopreservation technique.