Avaliação das atividades de ectonucleotidases em sinaptossomas de sistema nervoso central na condição de deprivação de hormônios esteróides e na comparação entre machos e fêmeas submetidos à tarefa de esquiva inibitória

Abstract

Os hormônios esteróides possuem potentes efeitos na estrutura e funcionamento do cérebro adulto. Nas últimas décadas, surgiram evidências que suportam um possível papel neuroprotetor do estrogênio, mas por outro lado, estão surgindo dados conflitantes questionando esses possíveis efeitos protetores. Recentemente, demonstrou-se uma perda de proteção e/ou o aumento de riscos para a saúde com a terapia de reposição hormonal. Nucleotídeos extracelulares são envolvidos em diversos processos patofisiológicos no sistema nervoso central. O ATP é conhecido por exercer potentes efeitos, podendo agir como neurotransmissor ou neuromodulador, enquanto a adenosina é conhecida como um nucleosídeo com propriedades neuroprotetoras e efeitos modulatórios. Considerando que flutuações nos níveis de estrogênio podem interferir na atividade de enzimas de membrana, além de modular eventos fisiológicos como a memória, resolvemos investigar as atividades de ectonucleotidases em sinaptossomas de sistema nervososo central na condição de deprivação de hormônios esteróides e na comparação entre machos e fêmeas submetidos à tarefa de esquiva inibitória. Nossos resultados demonstraram um aumento na atividade da 5'-nucleotidase em sinaptossoma de córtex de ratas ovariectomizadas e os resultados do RT-PCR sugerem que o aumento ocorra por uma maior expressão da enzima. Já a terapia de reposição hormonal reverteu o efeito, fazendo com que a hidrólise retomasse aos níveis do controle. Os hormônios 17 β-estradiol, sulfato de dehidroepiandrosterona e sulfato de pregnenolona foram testados in vitro, porém não foram observadas mudanças na hidrólise dos nucleotídeos. Este trabalho mostra que pode haver uma relação entre os hormônios esteróides e a 5'-nucleotidase e que as alterações nos níveis de adenosina podem prover algum entendimento a respeito dos efeitos discutíveis que os últimos trabalhos têm demonstrado a respeito da reposição hormonal. Estudos anteriores do nosso laboratório demonstraram que a tarefa de esquiva inibitória está associada com uma diminuição tempo-dependente na atividade de ectonucleotidases de hipocampo em ratos machos adultos. Para avaliarmos se a via das ectonucleotidases é modulada durante o processo de formação da memória em fêmeas, assim como observado em machos, avaliamos o efeito do treino de esquiva inibitória sobre a atividade sinaptossomal da NTPDase e da 5'-nucleotidase de hipocampo de ratos de ambos os sexos. No entanto, nosso estudo demonstrou não haver mudanças nas atividades das ectonucleotidases hipocampais de ratas treinadas e mortas imediatamente ou 30 minutos após o treino de esquiva inibitória. As diferenças bioquímicas entre os gêneros na tarefa de esquiva inibitória nos levam a sugerir que esta distinção provavelmente exista mais por diferenças naturais e mecanismos sexo-específicos do que por diferenças em habilidades cognitivas.