Avaliação neuropsicológica e medidas biológicas em mulheres usuárias de crack

Abstract

O uso de crack tem aumentado significativamente nos últimos anos, em especial, entre a população feminina. A presente tese teve como objetivo investigar o efeito uso de crack em mulheres, em abstinência, internadas em Comunidades Terapêuticas. A escolha deste tema teve o propósito de investigar uma população ainda pouco estudada na área dos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos, visto que a maioria dos estudos é realizada com a população masculina. Foram avaliadas 98 mulheres, divididas em dois grupos: grupo controle, composto por 52 mulheres, com média de idade de 32,83 anos (DP=9,54) e grupo de usuárias de crack, composto por 46 mulheres, em abstinência de crack, em ambiente protegido, com média de idade de 31,02 anos (DP=7,73). O protocolo de pesquisa incluiu testes psicológicos e neuropsicológicos, bem como coleta de medidas biológicas. Os principais resultados deste estudo sugerem um déficit nas funções executivas e um pior controle inibitório das usuárias de crack, mesmo em abstinência, quando comparados ao grupo controle. Os dados apontam, ainda, níveis mais elevados de impulsividade e de interlecucina-6 nas usuárias de crack, quando comparadas ao controle. Os dados convergem para uma diminuição cognitiva remanescente mesmo após a cessação do uso da droga.

The crack use has increased significantly in recent years, particularly, among women. This thesis aimed to investigate the effect of crack use in women, abstinence, enrolled in Therapeutic Communities. The choice of this theme aimed to investigate a poorly studied population in the area of substance-related disorders and addictive disorders, as most studies are carried out with the male population. 98 women were evaluated, divided into two groups: control group, composed of 52 women, with a mean age of 32.83 years (SD = 9.54) and group of crack users, composed of 46 women in crack withdrawal in a protected environment, with a mean age of 31.02 years (SD = 7.73). The research protocol included psychological and neuropsychological testing and collection of biological measures. The main results of this study suggest a deficit in executive functions and a poor inhibitory control of crack users, even in abstinence, when compared to the control group. The data point also higher levels of impulsivity and interlecucina-6 in crack users compared to the control. The data converge to a remaining cognitive impairment even after the cessation of drug use.