Um Método eficiente para determinar a densidade de venação nas Glossopteris e suas aplicações

Abstract

Folhas do tipo Glossopteris correspondem ao elemento florístico mais abundante da flora do Gondwana, sendo registradas durante todo o Permiano. Esse foi um período de extremas mudanças climáticas globais, as quais foram capazes de afetar as formas de vida existentes, incluindo as plantas. Nesse contexto, algumas feições foliares são notavelmente sensíveis a variações como essas, sendo, portanto, úteis na reconstrução de paleoambientes. Por esse motivo, os traços funcionais das folhas Glossopteris têm potencial em identificar mudanças ambientais em uma ampla área geográfica por um longo intervalo de tempo. A vascularização foliar possui características especialmente adaptáveis, porém ainda pouco exploradas, principalmente em se tratando de fósseis. Pode-se destacar a densidade de venação, que é calculável e altamente variável, mas muitas vezes considerada uma feição demorada em se quantificar. Uma forma de tornar esse processo mais rápido é através de uma estimativa precisa, embora, até então, nenhum modelo tenha sido formalmente selecionado ou validado para esse tipo de folha. Sendo assim, um modelo linear composto por três preditores foi selecionado e validado por técnicas estatísticas rigorosas, o qual foi treinado com base em 228 dados de folhas fósseis provenientes de diversas bacias e intervalos do Gondwana. Esse modelo permitiu a obtenção de densidades de venação médias para as associações fitofossilíferas compostas por Glossopteris, e teve um erro-padrão de 1,87 cm-1. Além disso, os dados adquiridos distinguiram significativamente as folhas produzidas em ecossistemas úmidos daquelas encontradas nos mais áridos, seguindo um padrão semelhante ao das plantas modernas. Entretanto, dados que contemplem mais sítios fitofossilíferos e intervalos de tempo mais precisos devem ser acrescentados, analisados e comparados, para determinar exatamente como os parâmetros ambientais afetaram a arquitetura vascular foliar das glossopterídeas.

Glossopteris-type leaves are the most abundant floristic element of the Gondwana flora, being recorded throughout the Permian. This was a period of extreme global climate changes, which was able to affect existing living forms, including plants. In this context, leaf traces are remarkably sensitive to variations like this, and are therefore useful in the reconstruction of paleoenvironments. For this reason, the functional traits of Glossopteris leaves have the potential to identify environmental changes over a wide geographic area in a long period of time. Leaf vascularization has especially adaptable characteristics, but still underutilized, especially when dealing with fossils. The venation density can be highlighted, since it is calculable and highly variable, but often considered time-consuming to quantify. A way to make this process faster is through an accurate estimation, although no model has been formally selected or validated for this type of leaf so far. Therefore, a linear model composed of three predictors was selected and validated by rigorous statistical techniques, which was trained with 228 data of leaf fossils from different Gondwanan basins and time intervals. This model allowed obtaining mean venation densities for phytofossiliferous associations composed of Glossopteris, and had a standard error of 1.87 cm-1. Furthermore, the data acquired significantly distinguished between leaves produced in wet and dry ecosystems, following a pattern similar to modern plants. However, data covering more phytofossiliferous sites and shorter time spans must be added, analyzed and compared to determine exactly how the environmental parameters affected the leaf vascular architecture of glossopterids.