Pacientes HIV positivas com neoplasia intraepitelial vulvar de alto grau multifocal : taxa de progressão para doença invasiva de vulva e fatores de risco

Abstract

Introdução: Mulheres soropositivas para o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) apresentam risco aumentado de infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e lesões sobre o trato genital inferior. Sabe-se que a infecção por HPV pode determinar alterações no epitélio cervical, vulvar, vaginal e perianal. Na vulva, essas modificações constituem a neoplasia intraepitelial vulvar (NIV) de alto grau, considerada precursora do câncer de vulva relacionado ao HPV. A imunossupressão, verificada nessas mulheres, contribui para taxas elevadas de persistência ou recorrência da doença intraepitelial e, também, relaciona-se à progressão para doença invasora. Objetivo: avaliar a taxa de progressão para carcinoma invasor e fatores de risco em pacientes HIV positivas com NIV multifocal, além da taxa de persistência e recorrência, características clínicas das lesões epidemiológicas das pacientes. Método: Será realizado um estudo de corte. O primeiro tratamento com laser CO2 será considerado o tempo zero. O seguimento será realizado durante o período do estudo (julho/2015 a dezembro/2019) ou até a morte da paciente. O desfecho principal é progressão de doença. As informações foram obtidas por meio da revisão de prontuários. Resultados: Das 20 pacientes analisadas, 5 tiveram progressão da doença. Destas, 4 apresentaram lesões multifocais acometendo 4 ou mais áreas da vulva, além de lesões multicêntricas. Conclusão: Pacientes que são imunossuprimidas, devido ao HIV, e que apresentam NIV de alto grau, o fazem de uma forma mais preocupante, como lesões pré-neoplásicas, e exibem maior índice de resistência. Esse fato, portanto, sugere um nível de vigilância maior em frequência e tempo, visando evitar a evolução para doença invasiva.

Introduction: Women positive for the Human Immunodeficiency Virus (HIV) have an increased risk of infection with Human Papillomavirus (HPV) and lesions on the lower genital tract. It is known that HPV infection can determine changes in the cervical, vulvar, vaginal and perianal epithelium. In the vulva, they constitute the high-grade vulvar intraepithelial neoplasia (VIN), considered a precursor of vulva cancer. Immunosuppression, seen in these women, contributes to high rates of persistence or recurrence of intraepithelial disease and is also related to progression to invasive disease. Objective: evaluate the rate of progression to invasive carcinoma and risk factors in HIV positive patients with multifocal VIN, in addition to persistence, recurrence rate, clinical characteristics of the lesions and epidemiological characteristics of the patients. Methods: A cohort study. The first treatment with CO2 laser was considered time zero. Follow-up was done during the study period (July 2015 to December 2019) or until the patient's death. The main outcome is the disease progression. Information was obtained from the medical record. Results: Of the 20 patients analyzed, 5 had disease progression. Of these, 4 had multifocal lesions affecting 4 or more areas of the vulva, in addition to multicentric lesions. Conclusion: Patients who are immunosuppressed, due to HIV infection, and who have an intraepithelial vulvar lesion, do it in a more concerning form, as pre-neoplastic lesions, they exhibit higher persistence index. That fact, therefore, suggests the need of a deeper surveillance in frequency and time gap, aiming to avoid a possible clinical evolution toward an invading neoplasia.