Função endotelial, arquitetura e qualidade muscular e mobilidade de pacientes com insuficiência cardíaca hospitalizados

Abstract

INTRODUÇÃO: Pacientes com insuficiência cardíaca (IC) apresentam diversas alterações neuromusculares e fisiopatológicas, como remodelação miocárdica e disfunção endotelial, prejudicando sua condição física. Ainda há poucos estudos que avaliam a função endotelial e a condição física, através de parâmetros de ultrassom muscular, e mobilidade em pacientes com IC na fase de hospitalização, bem como suas relações com a gravidade da doença. OBJETIVOS: Avaliar e caracterizar os pacientes com IC quanto a função endotelial, a arquitetura muscular e a mobilidade, bem como correlacionar esses desfechos com a gravidade da IC através da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) e classificação funcional segundo a New York Heart Association (NYHA). MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal, correlacional. Foram incluídos pacientes hospitalizados com IC com FEVE reduzida independente da etiologia, de ambos os sexos, com idade entre 30 e 80 anos, internados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Os pacientes foram recrutados e avaliados com até 7 dias de internação. Os desfechos avaliados foram: (1) função endotelial: avaliada por ultrassonografia de alta resolução da artéria braquial através da técnica de dilatação mediada pelo fluxo (DMF); (2) arquitetura muscular (espessura, área de secção transversa, ângulo de penação): avaliada por ultrassonografia do músculo quadríceps; (3) qualidade muscular: avaliada por ultrassonografia do músculo reto femoral e (4) mobilidade: avaliada pela PERME. Análise Estatística: Os dados foram expressos como média e desvio padrão e mediana e amplitude interquartil. Para correlação das variáveis foi utilizado o teste de correlação tauKendall (τ) e o teste de correlação de Pearson (r). O poder estatístico foi verificado, sendo considerado 0,8, e o nível de significância adotado de 0,05. RESULTADOS: Onze pacientes foram avaliados. A média de idade foi 60±13 anos, sendo a maioria do gênero masculino (82%). Em relação a FEVE e classificação funcional NYHA, a média da FEVE foi 22±6% e a maioria dos pacientes foram classificados como NYHA III. A função endotelial avaliada pela DMF apresentou mediana 2,5(0–6,75)%. Em relação à arquitetura e qualidade muscular, a média da espessura muscular do reto femoral (EMRF) do vasto lateral (EMVL) e do vasto medial (EMVM) foi 8,6±2,3mm, 14±2,9mm e 10,1±3mm respectivamente. A média da área de secção transversa do reto femoral (ASTRF) foi 2±0,9cm2 , o ângulo de penação do vasto lateral (APVL) foi 14,2±2,1° e a qualidade muscular de 21,4±5. Em relação a mobilidade a média foi 17±10. Não foram encontradas correlações significativas entre as variáveis analisadas. CONCLUSÃO: Todos os pacientes apresentaram disfunção endotelial, as análises da arquitetura e qualidade muscular indicam alta qualidade muscular, porém os valores de EM, AST e AP contribuem para o diagnóstico de sarcopenia. Os pacientes apresentam poucas barreiras de mobilidade com baixa necessidade de assistência. Não houve correlação entre as variáveis analisadas, sendo necessária uma amostra maior para melhor interpretação dos dados.

INTRODUCTION: Patients with heart failure (HF) have several neuromuscular and pathophysiological changes, such as myocardial remodeling and endothelial dysfunction, impairing their physical condition. There are still few studies that assess endothelial function and physical condition, through muscle ultrasound parameters, and mobility in patients with HF during hospitalization, as well as their relationships with the severity disease. OBJECTIVES: To evaluate and characterize patients with HF in terms of endothelial function, muscle architecture and mobility, as well as to correlate these outcomes with the severity of HF through left ventricular ejection fraction (LVEF) and functional classification according to the New York Heart Association (NYHA). MATERIALS AND METHODS: Cross-sectional, correlational study. Patients hospitalized with HF with reduced LVEF regardless of the etiology, of both sexes, aged between 30 and 80 years, admitted to Hospital de Clínicas de Porto Alegre were included. (HCPA). Patients were recruited and evaluated within 7 days of hospitalization. Outcomes evaluated were: (1) endothelial function: high-resolution ultrasonography assessments of the brachial artery using the flow-mediated dilation (MFD) technique; (2) muscle architecture (thickness, cross-sectional area, pennation angle): ultrasound evaluation of the quadriceps muscle; (3) muscle quality: ultrasonography evaluations of the rectus femoris muscle and (4) mobility: evaluations by PERME.Statistical Analysis: Data were expressed as mean and standard deviation and median and interquartile range. To correlate the variables, the tau-Kendall correlation test (τ) and the Pearson correlation test (r) were used. Statistical power was verified, considering 0.8, and the adopted significance level of 0.05. RESULTS: Eleven patients were evaluated. The mean age was 60±13 years, with the majority being male (82%). Regarding LVEF and NYHA functional classification, the mean LVEF was 22±6% and most patients were classified as NYHA III. Endothelial function assessed by FMD had a median of 2.5(0–6.75)%. Regarding the architecture and muscle quality, the mean muscle thickness of the rectus femoris (MTRF) of the vastus lateralis (MTVL) and vastus medialis (MTVM) was 8.6±2.3mm, 14±2.9mm and 10.1 ±3mm respectively. The mean cross-sectional area of the rectus femoris (CSARF) was 2±0.9cm2, the vastus lateralis pennation angle (PAVL) was 14.2±2.1° and the muscle quality was 21.4±5. Regarding mobility, the mean was 17±10. No significant correlations were found between the analyzed variables. CONCLUSION: All patients had endothelial dysfunction, architecture and muscle quality analyzes indicate high muscle quality, however EM, AST and AP values contribute to the