Desenvolvimento motor nos primeiros cinco anos de vida : um estudo comparativo e associativo em fatores de risco perinatais e contextuais

Abstract

Introdução: As crianças aprendem e se desenvolvem a partir das interações entre as experiências motoras com o ambiente e os diferentes estímulos ofertados durante os primeiros anos de vida. Fatores perinatais como a prematuridade, peso e o comprimento ao nascer, assim como fatores contextuais, por exemplo as condições socioeconômicas, a frequência em escolas e a região de moradia, podem influenciar no desenvolvimento integral das crianças. Essas interações são responsáveis por progressões importantes no comportamento motor, ou na falta deles, por prejudicar as aquisições motoras. Com a intenção de minimizar possíveis riscos ao desenvolvimento infantil, identificar a prevalência de atrasos motores em crianças de diferentes faixas etárias, nascidas prematuras e a termo, afetadas por diferentes condições de desenvolvimento é fundamental. Objetivos: artigo (1) Comparar o desenvolvimento motor de crianças entre zero e cinco anos em relação a riscos perinatais (prematuridade, peso e comprimento ao nascer) e contextuais (níveis socioeconômicos, frequentar escolas infantis e residir em região urbana e rural) e artigo (2) Examinar os fatores de risco perinatais (idade gestacional, peso e comprimento ao nascer) e contextuais (nível socioeconômico, frequentar escolas infantis, residir em região urbana e rural) associados com o desempenho motor de crianças nascidas prematuras e a termo nos primeiros cinco anos de vida. Método: Estudo de caráter observacional com delineamento transversal. O desempenho motor das crianças foi avaliado com a Peabody Developmental Motor Scales - Second Edition (PDMS-2) e dois questionários foram respondidos pelos responsáveis, os quais contavam com questões referentes às variáveis biológicas e ambientais das crianças. Em relação à amostra, para o artigo (1) Participaram do estudo 626 crianças (50,6% meninas) nascidas prematuras e a termo, com idade entre 0 e 71 meses (M= 21,64 DP= 18,58). A análise estatística está apresentada em média e desvio padrão, frequência absoluta e relativa. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste de ANOVA fatorial simples; no artigo (2), participaram 618 crianças de 0 a 71 meses, 521 nascidos à termo e 97 prematuros. Análises de regressão linear múltipla univariada foram utilizadas para verificar o efeito dos fatores perinatais e contextuais. Resultados: artigo (1) Em referência aos domínios motores, no escore padrão total diferenças foram observadas para: crianças nascidas prematuras e a termo, frequentar escolas e região de moradia. No domínio motricidade grossa houve 5 diferença entre os grupos de níveis socioeconômicos. O domínio motricidade fina apresentou diferença entre frequentar escolas e região de moradia. Diferenças nas subescalas motoras também foram observadas em todos os grupos; em relação ao artigo (2), foi observado que ser do sexo masculino e morar na região urbana foi significativa e positivamente associado ao desempenho motor das crianças nascidas prematuras e à termo. A escola teve associação positiva e significativa com o desempenho motor das crianças nascidas prematuras. Considerações finais: O estudo permite identificar aonde se concentram as crianças com maior risco de atrasos motores, demonstra a relevância da avaliação motora e a importância do acompanhamento do desenvolvimento. Os resultados evidenciam a necessidade de programas e projetos de acompanhamento do desenvolvimento infantil, para que quando necessário a criança possa receber o suporte adequado para prevenir atrasos motores ao longo da vida.

Introduction: Children learn and develop from interactions between motor experiences with the environment and the different stimuli offered during the first years of life. Perinatal factors such as prematurity, weight and length at birth, as well as contextual factors, such as socioeconomic conditions, attendance at schools and region of residence, can influence the integral development of children. In order to minimize possible risks to development, motor assessments are essential, as they aim to monitor motor development and early identify possible motor delays in children born at term and preterm. Objectives: article (1) Objective: This study aimed to compare the motor development of children between zero and five years old in relation to perinatal risks (prematurity, weight and length at birth) and context (socioeconomic levels, attending kindergarten and living in urban and rural areas); and article (2) To examine the perinatal (gestational age, weight and length at birth) and contextual (socioeconomic status, attending kindergarten, living in urban and rural areas) risk factors associated with the motor performance of children born prematurely and at term in the first five years of life. Method: This study is observational in nature with a crosssectional design. The children's motor performance was assessed using the Peabody Developmental Motor Scales - Second Edition (PDMS-2) and two questionnaires were answered by those responsible for them, which had questions regarding the children's biological and environmental variables. Regarding the sample, for articles 1: The study included 626 preterm and full-term children (50.6% girls), aged between 0 and 71 months (M= 21.64 SD= 18.58). Statistical analysis included presentation of mean and standard deviation, absolute and relative frequency. For comparison between groups, the simple factorial ANOVA test was used; for article (2) 618 children aged 0 to 71 months participated, 521 born at term (84.3%) and 97 premature (15.7%). Univariate multiple linear regression analyzes were used to verify the effect of biological and environmental factors. Results: article (1) In reference to the motor domains, in the total standard score, differences were observed for: premature and full-term children, attending schools and region of residence. In the gross motor domain, there was difference between groups of socioeconomic levels. The fine motor domain showed a difference between attending schools and living region. Differences in the motor subscales were also observed in all groups; in relation to article (2) it was observed that being male and living in the urban area was significantly and positively associated 7 with the motor performance of children born prematurely and at term. The school had a positive and significant association with the motor performance of children born prematurely. Final considerations: The study makes it possible to identify where children with a higher risk of motor delays are concentrated, to demonstrate the safety of motor assessment and the importance of monitoring their development. The results show the need for programs and projects to monitor child development, so that, when necessary, the child can receive adequate support to prevent motor delays throughout life.