Modernas e gaúchas : residências unifamiliares em Porto Alegre 1949-1970

Abstract

Este trabalho investiga manifestações da Arquitetura Moderna Brasileira produzidas na cidade de Porto Alegre, através do filtro tipológico da residência unifamiliar. Para tanto, a investigação se vale de um “n” expressivo de oitenta casas, entre existentes e desaparecidas, projetadas e construídas na cidade em um período de pouco mais de duas décadas, de 1949 até 1970, por cerca de quarenta diferentes profissionais. Aos pioneiros Edgar Albuquerque Graeff e Carlos Alberto de Holanda Mendonça, formados no Rio de Janeiro no final da década de 1940, juntaram-se arquitetos e arquitetas graduados em Porto Alegre nas primeiras turmas do Instituto de Belas Artes e, a seguir, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Quase todos obtiveram destaque profissional, majoritariamente, pela produção de obras excepcionais e/ou de maior escala no contexto gaúcho. Paralelamente a essa produção, mas menos conhecidas, encontram-se diversas encomendas residenciais unifamiliares, contratadas por clientes de classe média e alta, em busca de novas formas de habitar dotadas de praticidade, simplicidade e conforto. A investigação sustenta que esta produção corriqueira, que constitui tecido urbano, além de ser mais vasta e consistente do que a bibliografia consagrada registra, também consubstancia um modo particular de produzir arquitetura residencial a partir da apropriação e interpretação dos paradigmas modernos, irradiados desde o centro do país e matizados por influências platinas e californianas. Os oitenta exemplares foram submetidos a análises quantitativas que permitiram comparar e relacionar variáveis ligadas a atributos formais, programáticos e estruturais, subsidiando a crítica qualitativa. Os resultados advindos dessas análises podem ser encarados como um retrato real da produção de casas modernas na cidade de Porto Alegre no período em tela, contribuindo para o mapeamento e registro desse acervo.

This work investigates manifestations of Modern Brazilian Architecture produced in the city of Porto Alegre, through the typological filter of the single-family residence. To this end, the investigation uses an expressive “n” of eighty houses, among existing and missing, designed and built in the city over a period of two decades, from 1949 to 1970, by forty different professionals. Pioneers Edgar Albuquerque Graeff and Carlos Alberto de Holanda Mendonça, trained in Rio de Janeiro at the end of the 1940s, were joined by male and female architects who graduated in Porto Alegre in the first classes at the Institute of Fine Arts and, later, at the Faculty of Architecture at the Federal University of Rio Grande do Sul. Almost all of them achieved professional prominence, mostly due to the production of exceptional and/or larger-scale works in the Rio Grande do Sul context. Parallel to this production, but less known, there are several single-family residential orders, contracted by middle and upper class clients, in search of new ways of living with practicality, simplicity and comfort. The investigation argues that this commonplace production, which constitutes the urban fabric, in addition to being broader and more consistent than the established bibliography records, also embodies a particular way of producing residential architecture from the appropriation and interpretation of modern paradigms, radiated from the center of the country and nuanced by “platinas” and Californian influences. The eighty houses were submitted to quantitative analyzes that allowed comparing and relating variables linked to formal, programmatic and structural attributes, subsidizing the qualitative critique. The results from these analyzes can be seen as a real portrait of the production of modern houses in the city of Porto Alegre in the period in question, contributing to the mapping and registration of this collection.