Migrações na comunidade campesina de Phinaya, Cordilheira Vilcanota, Peru : contexto das mudanças climáticas e socioambientais

Abstract

Diante das projeções de mudanças climáticas para o século XXI, há um cenário de aumento de migrações motivadas por alterações ambientais e eventos climáticos extremos. Esta dissertação investigou a ocorrência de migrações ambientais na comunidade de Phinaya, cordilheira Vilcanota, Peru, nas últimas décadas. A investigação foi estruturada em três momentos: primeiramente, foi realizada a investigação das características socioambientais, a partir da identificação de mudanças na estrutura etária e em parâmetros populacionais do distrito onde se encontra a comunidade (Pitumarca) e do mapeamento dos ecossistemas e dos recursos hídricos. Posteriormente, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e observação em campo com o objetivo de reconhecer diferentes percepções sobre migrações, mudanças ambientais e estratégias de adaptação. Por fim, através da determinação e aplicação de critérios para definir migração ambiental, foi verificada a hipótese central deste estudo, de que as mudanças no ambiente, muitas relacionadas ao impacto das mudanças climáticas, atuam como forçantes para a migração de pessoas de Phinaya nas últimas décadas. A análise censitária indicou as características populacionais de Pitumarca (1981-2017): diminuição da taxa de crescimento; maior parcela da População em Idade para Trabalhar (maiores de 14 anos) está empregada (48,24%), sendo que destes 73% se dedicam às atividades de agricultura, pecuária, silvicultura e pesca. Os mapeamentos foram relevantes para apoiar as discussões sobre como os entrevistados percebem o ambiente e suas mudanças recentes. Os entrevistados apontaram que os deslocamentos populacionais são um problema atual da comunidade, intensificado há aproximadamente 10 anos, sendo que as principais cidades de destino dos migrantes são Sicuani, Cusco, Arequipa e Puno. As principais forçantes das recentes migrações citadas foram: condições climáticas extremas, diminuição no rendimento da produção alpaqueira, educação que não prepara para a vida campesina e a falta de acesso aos meios de comunicação e à energia elétrica. As mudanças ambientais, muitas relacionadas ao impacto das mudanças climáticas, atuam como forçantes para a migração de pessoas de Phinaya nas recentes décadas. As questões políticas, econômicas e/ou sociais também foram identificadas como responsáveis por causar os deslocamentos. O menor aumento da população jovem (15 a 29) e jovens adultos (30 a 44) entre 1981 e 2017 (observado nas pirâmides etárias) pode ser uma das consequências dos deslocamentos. As migrações são apontadas como um problema para a comunidade, e relacionadas a descontinuidade do modo de vida, envelhecimento da população e perda da capacidade produtiva das famílias. O despovoamento causa preocupação por vários aspectos, principalmente porque pode significar a entrada de atividades de mineração e, consequentemente, aumento dos conflitos, das violências, do empobrecimento e da degradação ambiental.

Based on the projections of climate change to the 21st century, there is a scenario of increasing migrations motivated by environmental changes and extreme climate events. This work investigates the occurrence of environmental migrations in the community of Phinaya, in the Vilcanota cordillera, Peru, in recent decades. Our investigation has been structured into three moments: firstly, the investigation of social and environmental characteristics was conducted, from the identification of changes in age pyramid and in population parameters of the district where the community (Pitumarca) is located. The ecosystems and water resources maps were analyzed. Afterwards, we conducted semi -structured interviews and fieldwork observation with the objective of recognizing different population perceptions of: migrations, environmental changes and adaptation strategies. Finally, through the determination and application of criteria to define environmental migration, we have been able to verify the central hypothesis of this study, that many environment changes, some related to the impact of climate change, have been drivers of migration in the last decades. The census data indicated the demographic characteristics of Pitumarca (1981-2017): a decrease in growth rate; the largest portion of the economically active population (over 14 years) is employed (48.24%), and 73% of them dedicate to agriculture, livestock, forestry and fishing activities. Mapping was relevant to support discussions about how respondents perceive the environment and its recent changes. Interviewees pointed out that migration is a current community problem, intensified approximately 10 years ago, and the main cities of destination of migrants are Sicuani, Cusco, Arequipa, and Puno. Their main forces for recent migrations were: extreme climate conditions, difficulty in raising and selling camel products, education that does not prepare for peasant life and poor access to means of communication and electricity. Environmental changes, many related to the impact of climate change, play a role in the migration process for the people of C.C. of Phinaya in recent decades. Political, economic and social issues were also identified as migration reasons. The lower increase in the young population (15 to 29) and young adults (30 to 44) between 1981 and 2017 (observed in age pyramids) is one of the consequences of migrations. Migrations are taken as problems generators for the community, such as: discontinuity of way of life, population aging and decrease in economic productive capacity. Depopulation causes concern for several reasons, mainly because it can mean mining activities are getting in and, consequently, increased conflicts, violence, impoverishment, and environmental degradation as well.

Frente las proyecciones de cambio climático para el siglo XXI, se presenta un escenario de aumento de las migraciones motivadas por cambios ambientales y eventos climáticos extremos. Esta tesis investigó la ocurrencia de migraciones ambientales en la comunidad de Phinaya, cordillera del Vilcanota, Perú, en las últimas décadas. La investigación se estructuró en tres etapas: primeramente, se realizó la investigación de características socioambientales, a partir de la identificación de cambios en la estructura etaria y en parámetros poblacionales del distrito donde esta ubicada la comunidad (Pitumarca) y el mapeo de ecosistemas y de recursos hídricos. Posteriormente, se realizaron entrevistas semiestructuradas y observación en campo con el objetivo de reconocer distintas percepciones sobre la migración, los cambios ambientales y las estrategias de adaptación. Finalmente, a través de la determinación y aplicación de criterios para definir la migración ambiental, se verificó la hipótesis central de este estudio, que los cambios en el medio ambiente, muchos relacionados con el impacto del cambio climático, actúan como forzantes de la migración de personas de Phinaya en las últimas décadas. El análisis de los censos indicó las características de la población de Pitumarca (1981-2017): disminución en la tasa de crecimiento; la mayor parte de la Población en Edad de Trabajar (mayores de 14 años) se encuentra ocupada (48,24%), y de esta 73% se dedica a actividades agrícolas, ganaderas, forestales y pesqueras. Los mapeos fueron relevantes para apoyar las discusiones sobre cómo los encuestados perciben el medio ambiente y sus cambios recientes. Los entrevistados señalaron que el desplazamiento poblacional es un problema actual de la comunidad, intensificado desde hace aproximadamente 10 años, donde las principales ciudades de destino de los migrantes son Sicuani, Cusco, Arequipa y Puno. Los principales impulsores de las migraciones recientes mencionados fueron: condiciones climáticas extremas, disminución en los rendimientos de producción de alpaqueira, educación que no prepara para la vida campesina y falta de acceso a los medios de comunicación y electricidad. Los cambios ambientales, muchos relacionados con el impacto del cambio climático, actúan como impulsores de la migración de personas de Phinaya en las últimas décadas. Los problemas políticos, económicos y/o sociales también fueron identificados como responsables de causar el desplazamiento. La población joven (15 a 29 años) y adultos jóvenes (30 a 44 años) en 2017 (no refleja la población de la clase al comparar las pirámides de edad de 1981 y 2017) que ocupaba este grupo en 1981 y es uno de las consecuencias de las migraciones. Las migraciones son identificadas como un problema para la comunidad, y se relacionan con la discontinuidad del modo de vida, el envejecimiento de la población y la pérdida de la capacidad productiva de las familias. La despoblación genera preocupación por varios aspectos, principalmente porque puede significar el ingreso de minerias y, en consecuencia, un aumento de los conflictos, la violencia, el empobrecimiento y la degradación ambiental.