A palmeira como legitimadora de espaços : do colonialismo ao excesso imagético, da política até a frente da sua casa

Abstract

O presente trabalho é consequência da observação e estudo do espaço urbano, do ponto de vista da ruidosa visualidade da cidade e das imagens que nela sobrepõem-se copiosamente. A partir de registros fotográficos realizados em errâncias pela urbe, entendo algumas imagens como capazes de caracterizar ou até legitimar diferentes espaços e que isto seria também possível através dos modos de inserção de algumas plantas, principalmente indivíduos da família das palmeiras em sua ubíqua presença física e digital em nossa cultura. Como artista visual, através de minha produção poética abordo estas e outras latentes questões imanentes das palmeiras, apropriando-me deste conceito de legitimação para discorrer sobre noções de lastro vestigial de práticas coloniais, associação da imagem da palmeira a poder econômico, político e proselitista, por meio de seu múltiplo imagético e inserções as quais espelhariam às massificações imagéticas da comunicação hodierna, sobretudo nos grandes centros. Uma pesquisa atravessada e arrebatada pela pandemia do SARS-COV-2 a partir de 2020, a qual reforça às premissas de manutenção de um estado hegemônico com ecos colonialistas desumanizadores e da tóxica atmosfera da cultura do excesso, lugar esse de onde emanam os meus trabalhos objetais, fotográficos e digitais deste período, assim como o processo de escrita apresentados no corpo desta dissertação.

The present work is a consequence of the observation and study of urban spaces, from the point of view of the city’s ‘noisy’ visuality and the copious overlap of images in it. Based on photographic records made in wanderings around the city, I understand some images as capable of characterizing or even legitimizing different spaces and that this would also be possible through the ways of inserting some plants, mainly individuals of the palm family, in their ubiquitous physical and digital presence in our culture. As a visual artist, through my poetic production, I approach these and other latent issues immanent of palm trees, appropriating this concept of legitimation to discuss notions of vestigial ballast of colonial practices, association of the palm image with economic, political, and proselytizing power through its multiple imagery and insertions which would mirror the mass imagery of today's communication, especially in big cities. A research crossed and enraptured by the SARS-COV-2 pandemic from 2020 on, which reinforces the premises of maintaining a hegemonic state with dehumanizing colonialist echoes and the toxic atmosphere of the culture of excess, the place from which object, photographic and digital works emanate, as well as the writing process presented in the body of this dissertation.