"Dear aunt Jane" : memory and representation in A memoir of Jane Austen

Abstract

A Memoir of Jane Austen, publicada em 1870 pelo sobrinho da autora, James Edward Austen-Leigh, é a primeira biografia escrita sobre Jane Austen. Considerando a posição do biógrafo enquanto parente da autora, sendo um cavalheiro, e um homem de seu tempo, não há menção, em sua obra, a assuntos inapropriados ou delicados. Seu livro foi muito bem recebido e contribuiu para forjar a imagem de Austen como uma senhora simpática, gentil e agradável que escreve obras leves e inofensivas. Por quase duzentos anos essa foi a ideia que se teve (e que muitos ainda mantêm) sobre Jane Austen e seus romances. Desde então, outros biógrafos, críticos literários, escritores e pesquisadores se dedicaram ao estudo da obra e da vida da autora, apresentando novos fatos e novas perspectivas a seu respeito. O objetivo da presente monografia é analisar os motivos e as intenções que levaram James Edward Austen-Leigh a escrever esta biografia, considerando a relevância do texto para a criação da imagem pública de Jane Austen e para a recepção de seus romances. O trabalho se divide em duas partes. A primeira trata sobre o gênero biográfico e os diferentes fatores levados em consideração no processo de ficcionalização da vida de uma pessoa. A segunda examina como se dá esse processo no corpus escolhido, A Memoir of Jane Austen. Como apoio teórico, lanço mão de ideias e conceitos sobre o gênero biográfico apresentados por Benito Bisso Schmidt (2014) e Nigel Hamilton (2007); de duas biografias mais recentes, a de Deirdre Le Faye (2002) e a de Janet Todd (2006); e do arsenal teórico-crítico com que contamos hoje sobre estudos de gênero e sobre Jane Austen. Com esta pesquisa, espero contribuir para os estudos da vida e imagem de Jane Austen, especialmente aqueles que exploram as relações entre autor e representação do sujeito e que consideram o contexto de produção e as motivações do autor.

A Memoir of Jane Austen is the first biography of that famous author. It was published in 1870 by her nephew James Edward Austen-Leigh. Due to his position as her relative, as a gentleman and as a man of his time, there is nothing inappropriate or indelicate in his book, which was very well received at the time. This book forged the image of Jane Austen as a pleasant, calm and affable lady who writes light and innocuous novels. This idea persisted for almost two hundred years, and even today there are those who subscribe that. Since then, other biographers, literary critics, writers and researchers have studied Austen’s life and work, and new facts and perspectives been opened on the subject. The aim of this monograph is to investigate the intentions and the motivations that led James Edward Austen-Leigh to write this first biography; the role played by this book in the creation of the public image of the author; and the way it influenced the course of Austen’s critical fortune. The work is divided in two sections. The first, about biography as a genre, considers the different aspects of the process of turning a person’s life into fiction. The second examines the way this process is triggered in A Memoir of Jane Austen. I rely on Benito Bisso Schmidt (2014) and Nigel Hamilton for the theoretical support about biographies. For the contrast with recent biographies I go to Deirdre Le Faye (2002) and Janet Todd (2006). And I count on the qualified critical material we have about the author, especially in the area of gender studies. This research is meant as my contribution to the studies regarding Jane Austen's life and image, especially the ones that explore the connections between author and subject and consider the context of production and the writer's motivations.