Prevalência de tabagismo e os efeitos nos desfechos do tratamento de pacientes com tuberculose

Abstract

Introdução: Estima-se que em todo o mundo mais de 20% dos casos de tuberculose (TB) são atribuíveis ao tabagismo. O tabagismo está associado a um aumento significativo do risco de TB latente, TB ativa, recorrência de TB e mortalidade por TB. O objetivo desse estudo é avaliar a prevalência de tabagismo e os efeitos nos desfechos do tratamento de pacientes com TB. Métodos: Estudo de coorte prospectivo. Pacientes com diagnóstico recente de TB pulmonar foram incluídos no estudo. Foi definido o status tabágico além dos conhecimentos e atitudes dos pacientes com relação ao tabagismo. Os pacientes foram acompanhados até o final do tratamento e foi registrado o desfecho do tratamento (cura, abandono, falência e óbito). Resultados: Foram incluídos no estudo 92 pacientes. A prevalência de tabagismo ativo foi de 31,5%. Os pacientes tabagistas ativos tiveram menos cura (62,1% vs 82,5%; p=0,032) e mais abandono de tratamento (31,0% vs 12,7%; p=0,035) do que os pacientes não tabagistas ativos. Em geral, os pacientes demonstraram ter bons conhecimentos sobre tabagismo e atitudes positivas contra o uso do tabaco. Conclusões: Mais de 30% dos pacientes com TB era tabagista ativo nesse estudo. Ainda, os pacientes tabagistas ativos tiveram menos cura e mais abandono de tratamento do que os pacientes não tabagistas ativos. Esses resultados podem ser úteis para o adequado planejamento de ações que tenham um impacto no controle da TB, especialmente nos desfechos do tratamento, como abordagens cognitivo-comportamentais para a cessação do tabagismo.

Introduction: It is estimated that more than 20% of tuberculosis (TB) cases worldwide are attributable to smoking. Smoking is associated with a significant increase in the risk of latent TB, active TB, TB recurrence and TB mortality. The aim of this study is to assess the prevalence of smoking and the effects on treatment outcomes for patients with TB. Methods: Prospective cohort study. Patients with a recent diagnosis of pulmonary TB were included in the study. Smoking status was defined in addition to patients' knowledge and attitudes towards smoking. Patients were followed up until the end of treatment and the treatment outcome was recorded (cure, abandonment, bankruptcy and death). Results: 92 patients were included in the study. The prevalence of active smoking was 31.5%. Active smoking patients had less cure (62.1% vs 82.5%; p = 0.032) and more treatment dropout (31.0% vs 12.7%; p = 0.035) than active non-smoking patients. In general, patients have demonstrated good knowledge about smoking and positive attitudes against tobacco use. Conclusions: More than 30% of TB patients were active smokers in this study. In addition, active smoking patients had less cure and more treatment dropout than active non-smoking patients. These results can be useful for the proper planning of actions that have an impact on TB control, especially in the treatment outcomes, such as cognitive-behavioral approaches to smoking cessation.