Efeitos do treinamento físico sobre desfechos físicos e psicológicos de mulheres em tratamento primário para o câncer de mama
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Data
2021Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
O exercício físico tem sido reconhecido por combater diversos efeitos adversos relacionados ao tratamento do câncer de mama (CM). No entanto, evidências a respeito da dose-resposta ideal, assim como a melhor organização das variáveis do treinamento (i.e., intensidade, volume, frequência semanal, modalidade, entre outros), a viabilidade e tipo de atividade que deva ser prescrita para todos pacientes oncológicos visando atingir diferentes desfechos de interesse ainda não foram estabelecidas. Assi ...
O exercício físico tem sido reconhecido por combater diversos efeitos adversos relacionados ao tratamento do câncer de mama (CM). No entanto, evidências a respeito da dose-resposta ideal, assim como a melhor organização das variáveis do treinamento (i.e., intensidade, volume, frequência semanal, modalidade, entre outros), a viabilidade e tipo de atividade que deva ser prescrita para todos pacientes oncológicos visando atingir diferentes desfechos de interesse ainda não foram estabelecidas. Assim, a adoção de diferentes estratégias de treinamento (i.e., menor volume; e/ou supervisão telehealth) poderia contribuir de forma viável e eficaz para abrandar consequências físicas e psicológicas da doença em pacientes de CM. Desta forma, os objetivos dos dois ensaios clínicos randomizados que compõem este estudo foram: I) determinar os efeitos de dois programas de treinamento utilizando diferentes volumes de exercícios de força combinados com exercício aeróbio (i.e., treino concorrente), comparando-os aos de um grupo de controle (sem exercício), sobre desfechos físicos e psicológicos de pacientes diagnosticadas com CM recebendo tratamento quimioterápico; e II) determinar os efeitos de um programa de treinamento físico multicomponente (i.e. exercícios de força, aeróbico, equilíbrio e flexibilidade) associado a um programa de educação em saúde supervisionado de maneira remota, comparando-os aos de um programa somente de educação em saúde, sobre desfechos psicológicos e físicos de mulheres em tratamento primário para o CM. Em ambos os estudos, as participantes realizaram as intervenções duas vezes por semana durante 12 semanas. O primeiro estudo incluiu 28 mulheres, com idade ≥18 anos, diagnosticadas com CM entre os estágios I-III, iniciando quimioterapia adjuvante/neoadjuvante que foram randomizadas para um grupo de treinamento de força realizando séries múltiplas (i.e., 3 séries) mais treinamento aeróbio (SM; n = 9), ou treinamento de força utilizando séries simples (i.e., 1 série) mais treinamento aeróbio (SS; n = 9), ou um grupo controle (GC; n = 10), sem exercício. Os resultados para a fadiga total relacionada ao câncer mostraram que todos os grupos diminuíram significativamente do pré para o pósintervenção (SS: -22,7%; SM: -24,4%; GC: -4,9; p = 0,015), sem diferença entre os grupos (p = 0,491). Interessantemente, para esse desfecho, foi observado um tamanho de efeito (TE) moderado nos grupos SS e SM (d = -0,61 e -0,68, respectivamente), e, insignificante para o grupo GC. Em relação à fadiga neuromuscular, avaliada pelo índice de fadiga em dinamômetro isocinético, o grupo SM apresentou redução significativa após a intervenção (-31,4%; p = 0,045), enquanto o GC aumentou significativamente (+32,7%; p = 0,024). O grupo SS não apresentou modificações significativas desta variável (p = 0,093). Adicionalmente, foram encontrados prejuízos com TE moderado para o GC (d = 0,76), pequeno para o SS (d = 0,28), e benefícios de TE pequeno para o SM (d = -0,28) em relação a esta variável. A força máxima de extensão de joelhos (1-RM) não modificou após as 12 semanas de duração do estudo em todos os grupos (p = 0,326). Todavia, foi encontrado TE moderado para o grupo SS (d = 0,79), pequeno para o grupo SM (d = 0,30), enquanto um TE insignificante encontrou-se para o GC. O consumo de oxigênio de pico não modificou após as 12 semanas de intervenção nos 3 grupos (p = 0,230). A qualidade de vida (QoL) relacionada com o status de saúde global melhorou significativamente do período pré para o pós-intervenção em todos os grupos (SS: 25,6%; SM: 15,3%; GC: 5,1%; p = 0,005), sem diferença entre eles (p = 0,361). No entanto, foi identificado grande TE 6 para o SS (d = 1,02), moderado para o SM (d = 0,59) e insignificante para o GC nesta variável. Conclui-se então que o treinamento de força realizado com baixo volume, combinado com exercício aeróbio, apresenta-se como uma terapia complementar eficaz e suficiente para redução de efeitos adversos relacionados ao tratamento primário de CM. Em relação ao segundo estudo, 19 mulheres diagnosticadas com CM nos estágios I-III que estavam realizando tratamento primário foram randomizadas para realizar um programa de treinamento físico multicomponente telehealth mais educação em saúde (TMES; n=9), ou participar de um programa de educação em saúde isolado (ES; n=10). Os principais achados deste trabalho foram que ambos os grupos reduziram significativamente a fadiga relacionada ao câncer do período pré para o pós intervenção (TMES: -10%; ES: -32%; p = 0,001) sem diferença entre os grupos (p = 0,928). Ainda, melhoraram a QoL em diversas subescalas dos domínios de funcionalidade, de sintomas, e em sua extensão específica para pacientes com CM, contudo, maiores TE favoreceram o grupo TMES na maior parte das subescalas de QoL. Ainda, somente o grupo TMES apresentou benefícios na QoL para os desfechos de função física (TMES: +22%; ES: +4%; p = 0,044) e redução do sintoma de náusea e vômitos (TMES: -100%; ES: -72%%; p = 0,030). Não foi encontrada significância estatística para os desfechos de sintomas de ansiedade-traço (p = 0,505), ansiedade estado (p = 0,235), sintomas depressivos (p = 0,183), capacidade funcional (p = 0,842) e nível de atividade física (p = 0,686). Os resultados do presente estudo demonstram bons níveis de adesão e satisfação para esta população, independentemente do protocolo de intervenção realizado. Dessa forma, a utilização da tecnologia (i.e., chamada de vídeo) para dar suporte às intervenções demonstrou ser uma estratégia viável e eficaz no cuidado de pacientes oncológicos. ...
Abstract
Physical exercise has been recognized to counteract several adverse effects related to breast cancer (BC) treatment. However, evidence regarding the optimal dose-response and the best training variables organization (i.e., intensity, volume, frequency, and modality), the feasibility and type of activity that should be prescribed to all oncology patients aiming to reach different outcomes are not established in the literature. In this way, the adoption of different training strategies (i.e., low ...
Physical exercise has been recognized to counteract several adverse effects related to breast cancer (BC) treatment. However, evidence regarding the optimal dose-response and the best training variables organization (i.e., intensity, volume, frequency, and modality), the feasibility and type of activity that should be prescribed to all oncology patients aiming to reach different outcomes are not established in the literature. In this way, the adoption of different training strategies (i.e., lower volume and/or telehealth supervision) could contribute to mitigating the physical and psychological consequences of the disease in patients with BC. So, the aims of the two randomized clinical trials which compose this study were: I) to determine the effects of two training programs using different resistance training volumes combined with aerobic exercise (i.e., concurrent training), comparing them to a control group (without exercise), on physical and psychological outcomes in BC patients undertaken chemotherapy treatment; and II) to determine the effects of a multicomponent training program (i.e., resistance, aerobic, balance and flexibility exercises) associated to a health education program remotely supervised, in psychological and physical outcomes in women receiving primary treatment to BC. In both studies, the participants performed the interventions twice a week for 12 weeks. The first study included 28 women, with ≥18 years old, diagnosed with BC in I-III stage, initiating adjuvant/neoadjuvant chemotherapy that were randomized to a multiple set (i.e., 3 sets) resistance training group plus aerobic training (MS; n = 9), or a single set (i.e., 1 set) resistance training group plus aerobic training (SS; n = 9), or to a control group (CG; n = 10), without exercise. The cancer-related fatigue results showed that all group significantly reduced from pre to post-intervention (SS: -22.7%; SM: -24.4%; GC: -4.9; p = 0.015), without difference between groups (p = 0.491). Interestingly, to this outcome, a moderate effect size (ES) was observed in SS and MS groups (d = -0.61 e -0.68, respectively), and, insignificant to CG. Regarding the neuromuscular fatigue, evaluated by isokinetic dynamometer, the MS group presented significant reduction after the intervention (- 31.4%; p = 0.045), while the CG significantly increased (+32.7%; p = 0.024). The SS group did not present any significant change in this variable (p = 0.093). Additionally, impairments were found with moderate ES to CG (d = 0.76), small ES to SS (d = 0.28), and benefits of small ES to MS group (d = -0.28) in this variable. The maximal extension knee strength (1-RM) did not change after 12 weeks in all groups (p = 0.326). However, a moderate ES was found in SS group (d= 0.79), a small ES in MS group (d = 0.30), and an insignificant ES was found in CG. The peak oxygen consumption did not change after 12 weeks in the 3 groups (p = 0.230). The quality of life (QoL) concerning the health global status improved significantly after the intervention in all groups (SS: 25.6%; SM: 15.3%; GC: 5.1%; p = 0.005), without difference between them (p = 0.361). Nonetheless, a big ES to SS (d = 1.02) was identified, a moderate to MS (d = 0.59) and insignificant to CG in this variable. To conclude, the resistance training performed with low volume, combined with aerobic exercise, presents itself as an efficient and enough complementary therapy to reduce adverse effects related to the primary treatment of BC. Regarding the second study, 19 women with BC diagnosis between I-III stage undertaken primary treatment were randomized to a telehealth multicomponent training program plus health education (MTHE; n = 9), or to a health education program alone (HE; n=10). The main results were that both groups significantly reduced the cancer-related fatigue after the intervention period (TMES: - 10%; ES: -32%; p = 0.001), without difference between groups (p = 0,928). Moreover, improved several QoL subscales in the functionality and symptoms domains, and in the specific extension to BC patients, however, higher ES favored TMES in most QoL subscales. Furthermore, only the TMES group presented QoL benefits to physical function (TMES: +22%; ES: +4%; p = 0.044) and reduction in the nausea and vomiting symptoms (TMES: -100%; ES: -72%%; p = 0.030). Statistical significance was not found to trait-anxiety (p = 0.505), state-anxiety (p = 0.235), depressive symptoms (p = 0.183), functional capacity (p = 0.842) and physical activity level (p= 0.686). The results of the present study show high adherence and satisfaction levels to this population, regardless of the intervention protocol performed. Thus, the use of technology (i.e., videocall supervision) to support the intervention programs seems to be a viable and effective strategy in cancer care to reduce treatment adverse effects in BC patients. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança. Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano.
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Ciências da Saúde (9085)
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