Triagem auditiva neonatal dos recém-nascidos de mães com covid-19

Abstract

No ano de 2019, foi identificado um novo vírus que causa a doença COVID-19, responsável por iniciar uma pandemia em 2020. Recentemente, tem-se observado um aumento no número de gestantes acometidas pela COVID-19, o que trouxe algumas considerações acerca do desconhecimento do potencial de risco da COVID-19 para a saúde auditiva dos neonatos. O estudo tem como objetivo geral analisar os resultados da triagem auditiva neonatal dos recém-nascidos de mães que apresentaram diagnóstico de COVID-19 durante a internação obstétrica, atendidos na triagem auditiva neonatal. Trata-se de um estudo observacional, transversal e retrospectivo, com abordagem quantitativa-descritiva, na qual utiliza-se dados obtidos por meio de busca aos prontuários eletrônicos. O estudo foi realizado no Serviço de Fonoaudiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, vinculado à Residência Integrada Multiprofissional em Área de Saúde do programa de Atenção Materno Infantil. Os resultados mostraram que 93% dos neonatos apresentaram triagem auditiva neonatal normal; que 50% dos bebês com COVID-19 apresentaram alteração bilateral no procedimento por emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente; que os indicadores de risco para deficiência auditiva mais observados foram a permanência por mais de 5 dias na unidade de internação intensiva neonatal e uso de medicação ototóxica; que o índice de comparecimento na triagem auditiva neonatal foi alcançado em apenas três meses; e que a idade mediana de realização da triagem auditiva foi de 30 dias de vida. Sendo assim, o estudo mostrou que mesmo durante a pandemia da COVID-19 os bebês realizaram a triagem auditiva neonatal dentro da idade preconizada, entretanto, o índice de cobertura foi atingido em apenas três meses. Ainda, aponta que os bebês com COVID-19 apresentaram mais alteração no procedimento por emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente do que os bebês sem COVID-19, os quais verificou-se integridade da função coclear na maioria dos recém nascidos.

In 2019 a new virus was identified as causing COVID-19, being responsible for a pandemic in 2020. Recently, an increase in the number of pregnant women affected by COVID-19 have been observed, which brought up some considerations about the lack of knowledge around the potential risk of COVID-19 for the neonatal hearing health. The study aims to analyze the results of neonatal hearing screening of newborns whose mothers were diagnosed with COVID-19 during the obstetric hospitalization. This is an observational, transversal and retrospective study, with quantitative-descriptive approach and data obtained through electronic medical records searches. The study was carried out in the Speech Therapy Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, linked to the Integrated Multiprofessional Health Care Residency in the Maternal-Child Program. The results showed that 93% of newborns had normal neonatal hearing screening; 50% of newborns with COVID-19 had bilateral alteration in the procedure of otoacoustic emissions evoked by transient stimulus; the main risk indicators for hearing loss were neonatal intensive care hospitalization for more than five days and use of ototoxic medication; the attendance rate in newborn hearing screening was achieved only three months after the birth; and mean age in hearing screening was 30 days old. Therefore, the study showed that even during the COVID-19 pandemic, newborns were submitted to neonatal hearing screening within the recommended age, however, the coverage rate was achieved only in three months. It also points out that newborns with COVID-19 presented more alterations in the procedure by emissions transient-evoked otoacoustic than infants without COVID-19, whose integrity of cochlear function was assessed in most cases.