O cuidado como prática e como valor: uma proposta de ética jornalística feminista
Visualizar/abrir
Data
2021Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Diante do cenário de hiperconcorrência e das múltiplas crises que o jornalismo atravessa, este trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, observa uma dissonância entre os ideais democráticos, os valores sustentados pelo discurso de legitimação do jornalismo e a prática da atividade. Partindo de um reconhecimento da aceleração como traço definidor da Modernidade Tardia, e do esgotamento coletivo como sua maior consequência, introduzo a perspectiva feminista da ética do cuidado — ...
Diante do cenário de hiperconcorrência e das múltiplas crises que o jornalismo atravessa, este trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, observa uma dissonância entre os ideais democráticos, os valores sustentados pelo discurso de legitimação do jornalismo e a prática da atividade. Partindo de um reconhecimento da aceleração como traço definidor da Modernidade Tardia, e do esgotamento coletivo como sua maior consequência, introduzo a perspectiva feminista da ética do cuidado — até então pouco explorada no campo do jornalismo. Apresento as teóricas pioneiras da ética do cuidado, delimito uma definição de cuidado e descrevo elementos centrais da ética do cuidado pertinentes a este trabalho: a compreensão do cuidado como essencial à existência, as noções de interdependência, autonomia relacional e responsabilidade. A partir daí, proponho três aproximações entre a ética do cuidado e o jornalismo: (1) o slow journalism como proposição que causa incômodo ao desnaturalizar a velocidade como valor central do jornalismo, permitindo uma maior atenção a relações de interdependência menos visíveis a quem "não tem tempo para pensar"; (2) um potencial de ensejar a igualdade da palavra — elemento importante para a prática democrática — através de uma escuta atenta que questiona quais grupos são escutados e como essa escuta acontece, permitindo assim a emergência de vozes e mundos que têm sido mantidos escondidos e (3) a revelação das histórias e redes de interdependência das quais os jornalistas participam e que os constituem. ...
Abstract
In the context of hypercompetition and the multiple crises that journalism is currently undergoing, this thesis uses bibliographic and documentary research to point out a dissonance between democratic ideals, values sustained by the discourse in defense of journalism and its professional practice. I start out recognizing acceleration as the defining trait of Late Modernity and collective exhaustion as its most pressing consequence, then go on to introduce care ethics in its feminist perspective ...
In the context of hypercompetition and the multiple crises that journalism is currently undergoing, this thesis uses bibliographic and documentary research to point out a dissonance between democratic ideals, values sustained by the discourse in defense of journalism and its professional practice. I start out recognizing acceleration as the defining trait of Late Modernity and collective exhaustion as its most pressing consequence, then go on to introduce care ethics in its feminist perspective — hardly explored in the field of journalism up until this point. I highlight the pioneer theorists of care ethics, feature a definition of care and describe the core elements of care ethics pertaining to this thesis: an understanding of care as essential to existence and the notions of interdependence, relational autonomy and responsibility. Upon this foundation, I propose three approximations between care ethics and journalism: (1) slow journalism as a proposal that generates discomfort by denormalizing speed as the core value of journalism, thus enabling attention to interdependence relationships otherwise invisible to people who "have no time to think"; (2) the potential to achieve equality of speech — a fundamental of democratic practice — by actively listening to and questioning which groups are listened to and how such listening takes place, which allows for the emergence of voices and worlds that had been kept hidden; and (3) the revelation of the stories and networks of interdependence which journalists participate in and which constitute them. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação.
Coleções
-
Ciências Sociais Aplicadas (6071)Comunicação e Informação (598)
Este item está licenciado na Creative Commons License