A construção do vínculo mãe-bebê no ambiente hospitalar
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Data
2021Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: As primeiras relações afetivas sedimentam as bases da saúde mental do bebê e têm impacto duradouro ao longo da vida. A formação do vínculo mãe-bebê em um contexto situacional atípico e adverso, como o adoecimento da criança e a consequente permanência prolongada em ambiente hospitalar, exige uma série de adaptações por parte da família e, potencialmente, adiciona uma sobrecarga de dificuldades, sofrimentos e restrições ao cuidado oferecido pela mãe. O objetivo deste trabalho é anali ...
Introdução: As primeiras relações afetivas sedimentam as bases da saúde mental do bebê e têm impacto duradouro ao longo da vida. A formação do vínculo mãe-bebê em um contexto situacional atípico e adverso, como o adoecimento da criança e a consequente permanência prolongada em ambiente hospitalar, exige uma série de adaptações por parte da família e, potencialmente, adiciona uma sobrecarga de dificuldades, sofrimentos e restrições ao cuidado oferecido pela mãe. O objetivo deste trabalho é analisar o vínculo mãe-bebê no contexto de lactentes hospitalizados de forma prolongada nos primeiros meses de vida e avaliar a influência dos fatores saúde mental materna e sobrecarga do cuidador sobre o vínculo. Metodologia: Estudo transversal observacional, realizado na Unidade de Internação Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no período entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, incluindo pares de mães e bebês com idade cronológica de até seis meses. Após a inclusão, os pares foram classificados como internação prolongada (grupo exposto) ou breve. Dados clínicos foram coletados através do prontuário eletrônico do paciente e complementados por entrevista com as mães, que também responderam a questionários de avaliação socioeconômica, vínculo mãe-bebê (Postpartum Bonding Questionnaire, PBQ), saúde mental materna (Self-Reported Questionnaire, SRQ-20) e sobrecarga do cuidador (Caregiver Burden Scale, CBS). Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial. Para mensurar a relação do desfecho vínculo mãe-bebê com as variáveis de exposição foi realizada uma análise de regressão logística multivariada com cálculo de risco relativo (RR) e intervalo de confiança de 95%, utilizando o modelo de regressão de Poisson com variância robusta. Para todas as análises, considerou-se um nível de significância de 5% (p<0,05) e um intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foi incluído um total de 113 pares mãe-bebê. As mães eram, em sua maioria, jovens (25,3 ±4,8 anos), de classe média baixa (70,8%) e com até 12 anos de escolaridade (55,6%); metade dos bebês havia nascido por cesariana. A mediana de idade dos bebês foi de 67 dias de vida (IQR: 44-119). Não houve diferença no escore global de vínculo, medido pelo PBQ, entre pares hospitalizados de forma breve ou prolongada; porém, mães de bebês com hospitalizações longas apresentaram escores significativamente mais altos de ansiedade na prestação de cuidados (p=0,019). Na regressão logística, a sobrecarga do cuidador [β = 4,6 (IC95%: 3,1-6,1), p < 0,001)] e o planejamento da gestação [β = 1,2 (IC95%: 0,2-2,3), p = 0,026] mostraram-se associados ao vínculo mãe-bebê (r2 = .29, F(2,101) = 22,4, p < 0,001), explicando cerca de 30% da variação nos escores do PBQ. Conclusões: A permanência prolongada do par em ambiente hospitalar no primeiro semestre de vida não compromete o vínculo mãe-bebê, ainda que aumente a ansiedade materna na prestação de cuidados. Estratégias para aliviar a sobrecarga do cuidador, ampliando o apoio às mães que enfrentam a hospitalização, podem ser essenciais para fortalecer o vínculo e o bem-estar dessas díades. ...
Abstract
Introduction: The first affective relationships are foundational to infant’s mental health and have a lasting impact throughout life. The development of mother-infant bonding in an atypical and adverse context, such as prolonged hospital stay due to a child's illness, requires a series of adaptations by the family and potentially adds an overload of difficulties, suffering and restrictions on the care offered by the mother. The objective of this study is to analyze maternal-infant bonding in th ...
Introduction: The first affective relationships are foundational to infant’s mental health and have a lasting impact throughout life. The development of mother-infant bonding in an atypical and adverse context, such as prolonged hospital stay due to a child's illness, requires a series of adaptations by the family and potentially adds an overload of difficulties, suffering and restrictions on the care offered by the mother. The objective of this study is to analyze maternal-infant bonding in the context of babies facing long-term hospitalization in the first six months of life and to assess the influence of maternal mental health and caregiver burden on bonding. Methods: This was an observational cross-sectional study carried out at the Pediatric Inpatient Unit of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), in the period between August 2019 and February 2020, including mothers and babies aged up to six months. After inclusion, the pairs were classified as long-term (exposed group) or brief hospitalization. Clinical data were collected through the patient's electronic medical record and complemented by interviews with the mothers, who also responded to socioeconomic questionnaires, mother-infant bonding (Postpartum Bonding Questionnaire, PBQ), mental health (Self-Reported Questionnaire, SRQ-20) and caregiver burden (Caregiver Burden Scale, CBS). Data were analyzed in a descriptive and inferential manner. To measure the relationship between the outcome and the exposure variables, a multivariate logistic regression analysis was performed with calculation of relative risk (RR), using the Poisson regression model with robust variance. For all analyzes, a significance level of 5% (p <0.05) and a 95% confidence interval were considered. Results: A total of 113 mother-baby pairs were included. Most mothers were young (25.3 ± 4.8 years old), of lower middle class (70.8%) and with up to 12 years of schooling (55.6%); half of the babies had been born by caesarean section. The mean rage of the babies was 67 days old (IQR: 44-119). There was no difference in the overall PBQ score between briefly or prolonged hospitalized pairs; however, mothers of babies with long-term hospitalizations had significantly higher scores for anxiety in the provision of care (p = 0.019). In the logistic regression, caregiver burden [β = 4.6 (95% CI: 3.1-6.1), p <0.001)] and pregnancy planning [β = 1.2 (95% CI: 0.2-2.3), p = 0.026] were associated with the mother-baby bond (r2 = .29, F (2.101) = 22.4, p <0.001), explaining about 30% of the variation in PBQ scores. Conclusions: Long-term hospital stay does not affect the development of maternal-infant bonding, although it increases anxiety in the provision of care. Strategies to alleviate caregiver burden, increasing support for mothers who face the baby's hospitalization, may be critical to promote bonding and well-being of these dyads. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente.
Coleções
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