Avaliação da ureterneocistostomia sem mecanismo antirrefluxivo pela técnica de full-thickness na função do enxerto renal

Abstract

Introdução: A técnica cirúrgica do transplante renal tem grande variabilidade na ureterneocistostomia. Os transplantes renais em nossa instituição utilizam a técnica de espessura total (full thickness – FT), em contraste com a maioria dos centros. Ureterneocistostomia sem o mecanismo antirrefluxivo pode aumentar as taxas de pielonefrite aguda renal (PNAE) e comprometer a sobrevida do enxerto renal. Objetivo: Verificar se a técnica de FT pode influenciar a função e sobrevida do enxerto em longo prazo, comparado com desfechos da literatura. Metodologia: Estudo tipo coorte retrospectiva, baseado em prontuários de 1275 pacientes transplantados renais entre 2007 e 2018. Desfechos e Análise Estatística: os desfechos foram a sobrevida do enxerto renal, complicações ureterais e ocorrência de PNAE. Análise de Kaplan-Meier foi utilizada para descrever as médias de tempo estimadas e a variabilidade por meio do teste Log-Rank. O modelo de regressão Poisson foi utilizado para estimar razões de prevalência multivariada. Resultados e Limitações: Sobrevida do enxerto renal foi similar a da literatura. A taxa de PNAE na nossa série foi de 12,53 episódios por 100 pacientes-ano, semelhante a outras séries. A taxa de complicações ureterais também foi similar. Nossas limitações foram a impossibilidade de comparar com um grupo controle e os dados limitados sobre a patologia nefrológica de base, ocorrência de rejeição e tipo de imunossupressão. Conclusões: A técnica de FT possui desfechos de sobrevida e complicações similares à técnica mais utilizada de Lich-Gregoir, sendo tecnicamente mais simples e rápida de realizar, sendo assim, uma alterativa para ureterneocistostomia em transplantes renais. Informações ao Paciente: Nos avaliamos uma técnica de reimplante ureteral para transplante renal diferente da relatada na maioria dos estudos. É uma técnica mais simples e rápida, com resultados semelhantes às demais relatadas.

Background: The surgical technique of kidney transplantation has greater variability in the ureteroneocystostomy. Kidney transplants performed at our institution use the full thickness (FT) technique, in contrast to most centers. Ureteroneocystostomy without an anti-reflux mechanism may increase the risk of acute renal graft pyelonephritis (AGPN) and compromise graft survival. Objective: To verify if the FT technique for kidney transplant can influence the function and graft survival in long term, in comparison with the outcomes available in literature. Design: Retrospective cohort study, based on 1275 medical records of kidney transplanted patients between 2007 and 2018. Outcomes and Statistical Analysis: Outcomes were renal graft survival, ureteral complications and occurrence of AGPN. Kaplan-Meier's analysis was used to describe estimated time averages and variability through the Log-Rank test. Poisson regression model was used to estimate multivariable prevalence ratios. Results and Limitations: Renal graft survival rates were similar to the literature. The AGPN rate in our series was 12.53 episodes per 100 patient-years, similar to other series. The ureteral complications rates are also similar. Our limitations were the impossibility to compare with a controlled group and the limited data underlying pathologies, rejection and type of immunosuppression. Conclusions: The FT technique has survival outcomes and complications similar to the most used technique of Lich-Gregoir, being technically simpler and faster to perform, thus constituting an alternative for ureteroneocystostomy in kidney transplants. Patient Summary: We evaluated a ureteral reimplantation technique for kidney transplantation different from that reported in most studies. It is a simpler and faster technique, with similar results to those reported.