O ensino superior : as Antígonas de nosso tempo pandêmico e o agravo das desigualdades sociais

Abstract

A pandemia que vivemos escancarou e, ao mesmo tempo, provocou um agravo nas desigualdades sociais históricas do Brasil. Essa condição é consequência de processos de colonização que são vividos até hoje, pois não conseguimos enfrentar o racismo, a violência de gênero, a exploração do trabalho e outras mazelas sociais. Todas estas questões, em um tempo de profunda fragilidade sanitária, nos mostram que os que mais sofrem continuam sendo os mais pobres. A COVID-19 nos apresenta a face mais violenta desta desigualdade. O campo da educação também é afetado por este cenário, e neste texto discutimos o caso da educação superior em um uma universidade pública, para problematizar a permanência de processos de exclusão. Com a suspensão das aulas, busca-se compensar o ensino presencial através de propostas de atividades remotas (ERE). A implementação da proposta poderá aprofundar as desigualdades, dadas as condições precárias com que está se dando essa discussão, na qual aparecem invisibilizadas as dificuldades daquele público que tem sido trazido para a universidade nos últimos anos através de políticas afirmativas.

Brazilian historical social inequalities have been highlighted in the present COVID-19 pandemic. As consequences of colonization processes that shaped our society, such inequalities make possible to remain present amongst us, without proper confrontation, the racism, gender violence and the exploitation of work. All of these issues, in a time of profound health weakness, show us that those who suffer the most remain the poorest. COVID-19 shows us the most violent face of this inequality. The field of Education is also affected by this scenario. Once presential classes have been suspended, Emergency Remote Teaching (ERT) is shown as the best solution, but the case of Federal University of Rio Grande do Sul, here described, allows us to stand that this solution may probably deepen the mentioned inequalities.

La pandemia que estamos experimentando ha agravado las desigualdades sociales históricas en Brasil. Las desigualdades que presenciamos son consecuencias de los procesos de colonización experimentados hasta el presente, una vez que no podemos enfrentar el racismo, la violencia de género y la explotación del trabajo. Todos estos problemas, en un momento de profunda debilidad de la salud, nos muestran que quienes más sufren en crisis como estas, siguen siendo los más pobres. La COVID-19 nos muestra la cara más violenta de esta desigualdad. El campo de la educación también se ve afectado por este escenario. Con la suspensión de las clases presenciales, se buscó compensar la enseñanza a través de propuestas de actividades remotas (ERE), pero nuestras reflexiones preliminares permiten sostener que tales estrategias pueden agravar aún más las desigualdades referidas. Para ejemplificar, el presente artículo discute el caso de la Universidad de Rio Grande do Sul, y los riesgos implicados en este proceso.