Avaliação da simetria bilateral do número de canais da raiz mesiovestibular e da frequência de lesão periapical em molares superiores obturados : um estudo retrospectivo

Abstract

Introdução: A presença de dois canais na raiz mesiovestibular (MV) dos primeiros molares superiores (1MSs) é um achado bastante comum, sendo a negligência na desinfecção e obturação deste canal uma das causas de insucesso no tratamento endodôntico de 1MSs. Especialmente em casos de retratamento endodôntico, a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) apresenta-se como um instrumento auxiliar de grande valor na pesquisa do canal mesiopalatino (MP), embora apresente limitações quando da presença de materiais hiperdensos próximos à estrutura que se deseja avaliar. Objetivos: Comparar a similaridade do número de canais da raiz MV dos 1MSs em dois grupos, um com ambos 1MSs não obturados (G1) e outro com um 1MS obturado e seu homólogo não obturado (G2), por meio de TCFC. E, avaliar a presença de lesões periapicais em 1MSs com condutos obturados endodonticamente e a relação destas com a visualização do canal MP na raiz MV, a partir de seus homólogos não obturados. Metodologia: Para o estudo, utilizou-se um banco de dados de uma clínica de radiologia, a partir do qual foram selecionados exames tomográficos de 553 pacientes que apresentavam os dois 1MSs, 289 com um deles endodonticamente obturado. Os exames foram avaliados para a presença do canal MP, sendo divididos em simétricos (presença/ausência do canal nos 1MSs direito e esquerdo) e assimétricos, e para o diagnóstico de lesão periapical nos dentes com material obturador de canal. Resultados: No G1, a simetria foi de 78,79% sendo que em 178 (67,42%) casos verificou-se a presença do canal MP bilateralmente. No G2, a simetria foi observada em 198 (68,5%) dos exames analisados e em 153 (52,9%) o canal MP foi visualizado em ambos os molares. Encontrou-se diferença estatisticamente significante entre os dois grupos, com maior probabilidade de casos assimétricos no G2. Quanto a presença de lesões periapicais, foram observadas imagens sugestivas de lesão periapical em 63,7%, sendo que a presença de material obturador nos condutos radiculares pode ter dificultado a visualização do canal MP, assim, a avaliação do homólogo, quando possível, pôde auxiliar no diagnóstico.

Introduction: The presence of two canals in the mesiobuccal root (MB) of maxillary first molars (1MMs) is a very common finding, the negligence in the disinfection and filling of this canal is one of the causes of endodontic treatment failure. Especially in cases of endodontic retreatment, Cone-Beam Computed Tomography (CBCT) is a valuable auxiliary tool in the investigation of the second mesiobuccal canal (MB2), although it presents limitations when the evaluated structure is close to hyperdense materials. Objectives: To compare the similarity of the number of MB root canals of 1MM in two groups, one with both 1MM untreated (G1) and the other with one obturated 1MM and its homologous untreated (G2) by CBCT. And evaluate the presence of periapical lesions in obturated 1MMs and their relationship with MB2 canal visualization in their untreated homologous. Methods: A radiology clinic database was used for the study, 553 patients scans with the two 1MMs were selected, 289 with one of them obturated. The exams were evaluated for the presence of MB2 canal and were divided into symmetrical (presence/absence of the canal in the right and left 1MMs) and asymmetrical. The diagnosis of periapical lesion was made in obturated teeth. Results: In G1, symmetry was 78.79% and in 178 (67.42%) cases the presence of the MP canal was found bilaterally. In G2, symmetry was observed in 198 (68.5%) of the exams analyzed and in 153 (52.9%) the MB2 canal was visualized in both molars. A statistically significant difference was found between the two groups, with a higher probability of asymmetric cases in G2. As for the presence of periapical lesions, in 63.7% of the cases, images suggestive of periapical lesions were observed, and the presence of filling material in the root canal may have made it harder to visualize MB2 canal, thus, the evaluation of the homologous, when possible, could help in the diagnosis.