Determinantes sociais de saúde e anomalias congênitas em municípios do estado do Rio Grande do Sul
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Data
2019Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Outro título
Social determinants of health and congenital anomalies in municipalities in the state of Rio Grande do Sul
Assunto
Resumo
Introdução: Importante causa de morte na infância, as anomalias congênitas tem etiologia multifatorial, entretanto, sabe-se que fatores genéticos, socioeconômicos e ambientais podem aumentar o risco de sua ocorrência. Os determinantes sociais da saúde estão associados às vulnerabilidades desses fatores, e demonstram que as iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais também o sejam. Objetivo: analisar a influência dos determinantes sociais da saúde maternos nos c ...
Introdução: Importante causa de morte na infância, as anomalias congênitas tem etiologia multifatorial, entretanto, sabe-se que fatores genéticos, socioeconômicos e ambientais podem aumentar o risco de sua ocorrência. Os determinantes sociais da saúde estão associados às vulnerabilidades desses fatores, e demonstram que as iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais também o sejam. Objetivo: analisar a influência dos determinantes sociais da saúde maternos nos casos de anomalias congênitas em municípios do estado do Rio Grande do Sul, e descrever os municípios com maior número de casos de anomalias congênitas com relação aos dados socioeconômicos e ambientais. Métodos: estudo misto, com dois tipos concomitantes: caso-controle e ecológico, com dados obtidos por meio do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos do Estado do Rio Grande do Sul, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Fundação de Economia e Estatística e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul. A população do estudo foram todas as duplas mães e nascidos vivos no período de 2012 a 2015. Foram estudados todos os casos com anomalia congênita cuja residência materna fosse no estado do Rio Grande do Sul, totalizando 5.250 nascidos vivos com anomalia congênita, e sorteada amostra aleatória dos controles, totalizando 21.000 nascidos vivos sem anomalia congênita, respeitando a proporção de 1:4 casos e controles. Também foram caracterizados os dez municípios com maior número de casos de anomalias congênitas, em relação aos dados socioeconômicos e ambientais, e feita a relação da exposição a agrotóxicos pela quantidade de litros por habitante, dividindo o total de agrotóxicos utilizado pelo município em 2018 pelo número total da população. Este estudo baseou-se no modelo de Dahlgren e Whitehead para agrupar e descrever as variáveis maternas. Os dados foram analiados no Programa estatístico SPSS, versão 18.0, sendo considerado um nível de significância de 5% (p<0,05). Para as variáveis categóricas, foi utilizado o teste Qui Quadrado, e para as variáveis numéricas, foi realizado o teste t Student. A medida de efeito utilizada foi o Odds Ratio complementado pelo intervalo de 80% de confiança. Para o georeferenciamento, foi utilizado o software ArcGIS 10®. Resultados: Os casos de anomalias congênitas representaram 0,93% do total de nascimentos, e o tipo de anomalia congênita mais prevalente foram as malformações e deformidades congênitas do sistema osteomuscular, que representaram 45,4% do total de anomalias. Os fatores associados à ocorrência das anomalias congênitas foram a raça/cor, faixa etária, escolaridade, número de consultas de pré-natal, número de filhos prévios, abortos/perdas fetais prévios, tipo de parto, sexo do recém-nascido, prematuridade, peso ao nascer e índice de APGAR nos 1º e 5º minutos de vida. Destacaram-se na análise multivariada a cor preta como Determinante Individual, tendo aumentado em 20% a chance de ocorrência de anomalias congênitas quando comparada à cor branca (OR 1,20; p-valor 0,013), o fato de ter sofrido abortos/perdas fetais previamente como Determinante Proximal, tendo aumentado em 17% a chance de anomalias congênitas quando comparado a nunca ter tido abortos/perdas fetais prévios (OR 1,17; p-valor 0,001), a escolaridade e o número de consultas de pré-natal como Determinantes Distais, onde ter menos de quatro anos de estudo aumentou em 50% a chance de anomalias congênitas quando comparado a ter 12 anos ou mais de estudo (OR 1,50; p-valor <0,001), e o fato de não ter realizado nenhuma consulta de pré-natal aumentou em 97% a chance de anomalias congênitas quando comparado a ter realizado sete ou mais consultas (OR 1,97; p-valor 0,001). Quanto à determinação biológica e a Saúde do Recém-Nascido, ser do sexo masculino aumentou em 34% a chance de anomalias congênitas quando comparado ao sexo feminino (OR 1,34; p-valor <0,001), e em relação à Determinação Socioeconômica e Ambiental, destacaram-se os dez municípios com maior número de casos de anomalias congênitas, dentre eles, Alvorada e Viamão, com os menores índices de IDH, e Porto Alegre e Pelotas, com os maiores índices de GINI. Referente ao consumo de agrotóxicos, destacaram-se os municípios de Santa Maria, Rio Grande e Pelotas, com 1,440 litros de agrotóxicos/habitante em Santa Maria, 0,935 litros de agrotóxicos/habitante em Rio Grande e 0,604 litros de agrotóxicos/habitante em Pelotas. Considerações finais: A presente dissertação colaborou para a geração de conhecimento e fomentou a discussão da influência dos determinantes sociais de saúde na ocorrência de anomalias congênitas no estado do RS, demonstrando a necessidade de um acesso ao pré-natal mais inclusivo, capaz de acompanhar mulheres que vivam em situações de vida desfavorável, bem como o enfrentamento ao racismo institucional presente nos serviços de saúde, que por vezes afastam as mulheres de cor preta do acompanhamento do pré-natal. Por fim, espera-se que este estudo possa auxiliar na garantia de políticas de ações afirmativas que propiciem mais oportunidades e melhorem as condições de vida, renda e saúde das mulheres, e recomenda-se a realização de estudos futuros que investiguem a influência dos fatores ambientais sobre as anomalias congênitas. ...
Abstract
Introduction: An important cause of death in childhood, congenital anomalies have a multifactorial etiology, however it is known that genetic, socioeconomic and environmental factors may increase the risk of their occurrence. Health social determinants are associated with the vulnerabilities of these factors, and prove that health inequities cannot be fought without fighting social inequities as well. Objective: To analyze the influence of social determinants of maternal health on cases of cong ...
Introduction: An important cause of death in childhood, congenital anomalies have a multifactorial etiology, however it is known that genetic, socioeconomic and environmental factors may increase the risk of their occurrence. Health social determinants are associated with the vulnerabilities of these factors, and prove that health inequities cannot be fought without fighting social inequities as well. Objective: To analyze the influence of social determinants of maternal health on cases of congenital anomalies in cities of the state of Rio Grande do Sul, and report the cities with the highest number of cases of congenital anomalies in relation to socioeconomic and environmental data. Methodology: a mixed study with two associated types: control case and ecological, with data obtained from the Rio Grande do Sul State Live Birth Information System, Brazilian Institute of Geography and Statistics, Foundation for Economics and Statistics and Agriculture, Livestock and Rural Development Department of Rio Grande do Sul. The study population were all double mothers and live births from 2012 to 2015. We studied all cases with congenital anomaly whose maternal residence was in the state of Rio Grande do Sul, there was a total of 5,250 live births with congenital anomaly, and random sample of controls, with a total of 21,000 live births without congenital anomaly, respecting the proportion of 1 to each 4 cases and controls. The ten cities with the highest number of cases of congenital anomalies in relation to socioeconomic and environmental data were also featured and the ratio of exposure to pesticides by the number of liters per inhabitant was made, dividing the total pesticides used by the city in 2018 by the total number of population. This study used Dahlgren and Whitehead’s model to group and describe maternal variables. Data were analyzed using the SPSS statistical program, version 18.0, and a significance level of 5% (p <0.05) was considered. For categorical variables, the Chi Square test was used, and for numerical variables, the t Student test was performed. The effect measure used was the Odds Ratio complemented by the 80% confidence interval. For georeferencing, the ArcGIS 10® software was used. Results: The congenital anomaly cases represente 0.93% of the total births, and the most prevalent kinds of congenital anomaly were the malformations and congenital deformities of the musculoskeletal system, which represented 45.4% of the total anomalies. The factors associated with the occurrence of congenital anomalies were race/color, age, educational level, number of prenatal appointments, number of previous children, previous miscarriages/fetal losses, kinds of delivery, gender of the newborn, prematurity, birth weight and APGAR index at 1 and 5 minutes of life. The multivariate analysis highlighted the black color as the Individual Determinant, increasing the chance of congenital anomalies in 20% when compared to the white color (OR 1.20; p-value 0.013), previous miscarriages/fetal losses as proximal determinants increased the chance of congenital anomalies by 17% compared with never having had previous miscarriages/fetal losses (OR 1.17; p-value 0.001), educational level and the number of prenatal appointments as Distal Determinants, where studying less than four years increased the chance of congenital anomalies by 50% compared to studying 12 years or more (OR 1.50; p-value <0.001), and the fact that no prenatal appointments increased the chance of congenital anomalies by 97% compared with having seven or more appointments (OR 1.97; p-value 0.001). Regarding Biological Determination and Newborn Health, being male increased by 34% the chance of congenital anomalies when compared to females (OR 1.34; p-value <0.001), and related to Environmental and Socioeconomic Determination, the ten cities with the highest number of congenital anomalies were highlighted, among them, Alvorada and Viamão, with the lowest HDI indexes, and Porto Alegre and Pelotas, with the highest GINI indexes. Regarding the consumption of pesticides, we highlight the cities of Santa Maria, Rio Grande and Pelotas, with 1.440 liters of pesticides/inhabitant in Santa Maria, 0.935 liters of pesticides/inhabitant in Rio Grande and 0.604 liters of pesticides/inhabitant in Pelotas. Final considerations: This essay contributed to the generation of knowledge and fostered the discussion of the influence of health social determinants on the occurrence of congenital anomalies in the state of Rio Grande do Sul, demonstrating the need for more inclusive prenatal access, able to follow women living in adverse life situations, as well as facing the institutional racism that happens in health services, which sometimes alienate black women from prenatal care. Finally, it is hoped that this study can help in granting affirmative action policies that provide real opportunities and improve women's living conditions, as well as their income and health, and we recommend future studies to investigate the influence of environmental factors on congenital anomalies. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.
Coleções
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