Investigação dos efeitos de oligômeros β-amiloide no metabolismo energético cerebral e potencial efeito neuroprotetor da guanosina em camundongos
Fecha
2020Nivel académico
Doctorado
Tipo
Materia
Resumo
A Doença de Alzheimer (DA) tem grande impacto na qualidade de vida das pessoas com a doença e na vida dos familiares por ser uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes, de curso crônico e com prejuízo cognitivo progressivo. Ainda não há tratamento capaz de impedir ou reverter a progressão da DA e a severidade dos sintomas vai aumentando com o tempo, causando importante perda cognitiva, funcional e comportamental nas fases mais avançadas. Nesses estágios mais críticos da doença, há gran ...
A Doença de Alzheimer (DA) tem grande impacto na qualidade de vida das pessoas com a doença e na vida dos familiares por ser uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes, de curso crônico e com prejuízo cognitivo progressivo. Ainda não há tratamento capaz de impedir ou reverter a progressão da DA e a severidade dos sintomas vai aumentando com o tempo, causando importante perda cognitiva, funcional e comportamental nas fases mais avançadas. Nesses estágios mais críticos da doença, há grande necessidade de auxílio de outras pessoas para as atividades da vida diária, maior risco de acidentes e maior frequência de internações hospitalares. Os oligômeros β-amiloide (AβOs) têm grande potencial tóxico e estão envolvidos no dano e morte neuronal em fase que precede a formação das placas amiloide, uma vez que os oligômeros se difundem facilmente pelo cérebro e são capazes de se ligar a receptores e a membranas lipídicas alterando suas funções. Além disso, estudos vem indicando que ocorre falha energética no cérebro de pessoas com DA e essa também pode ser uma das vias pelas quais a doença se inicia e progride. Nesse contexto, ocorre produção ineficiente de ATP e alterações mitocondriais que culminam em um ciclo de deterioração celular: aumento da fosforilação oxidativa para suprir a necessidade energética, com consequente formação de mais espécies reativas, e dano a moléculas e estruturas celulares que agravam intensamente a capacidade de produzir ATP. Por esse ciclo, ocorre disfunção sináptica, redução das espinhas dendríticas e morte neuronal. Neste trabalho, utilizamos um modelo de DA, induzido com AβOs, e avaliamos a memória de curto prazo. Como estratégia terapêutica, utilizamos a Guanosina, um nucleosídeo purinérgico que interage com o sistema glutamatérgico, evitando a excitotoxicidade presente em situações patológicas. A hipótese deste estudo é verificar: i) a contribuição da administração in vivo (via injeção ICV) de oligômeros beta-amiloide nas alterações energéticas, por meio de avaliação mitocondrial e ii) se a administração in vivo (via gavagem) da Guanosina tem efeito neuroprotetor nesse contexto. Os resultados mostram que os AβOs causam déficit de memória de curto prazo na tarefa de reconhecimento de objetos após 24 horas da administração e a GUO recupera o déficit causado pelos AβOs. Em 48h, os AβOs reduziram a captação e oxidação de glutamato em fatias de hipocampo, e reduziram as defesas antioxidantes, sem aumentar o dano oxidativo. Não houve alterações significativas de expressão de genes e de conteúdo de proteínas relacionadas a metabolismo bioenergético cerebral, dinâmica mitocondrial, e membrana sináptica. A GUO recuperou a captação de glutamato, sem alterar a oxidação e apresentou proteção antioxidante. Na avaliação das funções mitocondriais na pré-sinapse (utilizando sinaptossoma e/ou mitocôndria sinaptossomal isolada), os AβOs reduziram a capacidade respiratória reserva e os níveis de ATP, aumentaram a produção de peróxido de hidrogênio, desregularam o tamponamento de Ca2+ e modificaram a morfologia mitocondrial. Enquanto isso, a GUO recuperou a homeostase do Ca2+ e reduziu a proporção de mitocôndrias danificadas. Assim, compreendemos que a GUO apresenta efeito protetor no metabolismo do hipocampo e na atividade mitocondrial, impedindo a deterioração induzida pelos AβOs em funções essenciais para o funcionamento da pré-sinapse hipocampal, incluindo processos de aprendizado e memória. ...
Abstract
Alzheimer's disease (AD) has a significant impact on people’s quality of life of with the disease and on the lives of family members as it is one of the most prevalent neurodegenerative diseases, with a chronic course and with progressive cognitive impairment. There is still no treatment able to prevent or reverse the AD’s progression, and the severity of symptoms increases over time, causing a critical cognitive, functional, and behavioral loss in the most advanced stages. In these more critic ...
Alzheimer's disease (AD) has a significant impact on people’s quality of life of with the disease and on the lives of family members as it is one of the most prevalent neurodegenerative diseases, with a chronic course and with progressive cognitive impairment. There is still no treatment able to prevent or reverse the AD’s progression, and the severity of symptoms increases over time, causing a critical cognitive, functional, and behavioral loss in the most advanced stages. In these more critical phases of the disease, there is an increased demand for help from others for the daily living activities, increased risk of accidents, and higher frequency of hospital admissions. Amyloid-β oligomers (AβOs) have high toxic potential and are involved in neuronal damage and death in the phase that precedes the formation of amyloid plaques since oligomers easily diffuse through the brain and can bind to receptors and lipid membranes, changing their functions. Also, studies have indicated that energy failure occurs in the brain of people with AD and this can also be one of the mechanisms through which the disease starts and progresses. In this context, there is inefficient production of ATP and mitochondrial changes that culminate in a cycle of cellular deterioration: increased phosphorylative activity to supply the energy need, with the consequent formation of more reactive species, and damage to molecules and cellular structures that aggravate more intensely the ability to produce ATP. Through this cycle, synaptic dysfunction, reduction of dendritic spines and neuronal death occur. In this work, we used an AD model, induced with AβOs, and evaluated short-term memory. As a therapeutic strategy, we used Guanosine, a purinergic nucleoside that interacts with the glutamatergic system, avoiding the excitotoxicity present in pathological situations. The hypothesis in this study is to verify: i) the contribution of in vivo administration of β-amyloid oligomers (via ICV injection) in energy changes, through mitochondrial evaluation and ii) if the in vivo administration of Guanosine (via gavage) has a neuroprotective effect in this context. The results show that AβOs cause short-term memory deficits in the object recognition task in 24 h, and GUO recovers the deficit caused by AβOs. After 48 h AβOs reduced glutamate uptake and oxidation in hippocampus slices, and reduced antioxidant defenses, without increasing oxidative damage. There were no significant changes in gene expression, protein content to brain bioenergetic metabolism, mitochondrial dynamics, and synaptic membrane. GUO recovered glutamate uptake without changing oxidation and provided antioxidant protection. In the assessment of mitochondrial functions in the pre-synapse (using synaptosome preparation or isolated mitochondria from synaptosome), AβOs reduced the spare respiratory capacity and ATP levels, increased hydrogen peroxide production, deregulated Ca2+ buffering, and led to changes in mitochondrial morphology. Meanwhile, GUO recovered Ca2+ homeostasis and reduced the ratio of damaged mitochondria. Thus, we understand that GUO has a protective effect on the hippocampus metabolism and mitochondrial activity, preventing the deterioration of essential functions for the functioning of the hippocampal pre-synapse, including learning and memory processes. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Ciências Básicas da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica.
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