A experiência de um “lugar de mulher” através do diálogo jornalista-fonte

Abstract

O objetivo do presente estudo é analisar o contexto de produção do programa Lugar de Mulher, produzido pela UFRGS TV, e o estabelecimento de um diálogo jornalista-fonte entre as mulheres presentes. O programa entrevista mulheres cientistas, que falam sobre suas trajetórias e a desigualdade de gênero existente no mercado de trabalho. Através da realização de entrevistas com as mulheres participantes e da Análise de Conteúdo (AC), baseada na teoria de Laurence Bardin (2011), busca-se entender de que maneira a presença das mulheres – nas diferentes etapas de produção do programa – pode resultar ou não em discursos mais reflexivos sobre a presença das mesmas em ambientes historicamente considerados masculinos. Desenvolveu-se amparado nas teorias construcionistas do jornalismo (TRAQUINA, 2005), nos estudos culturais (HALL, 1993; ESCOSTEGUY, 1998) e nos estudos feministas pós-estruturalistas (LOURO, 2011) e de interseccionalidade (COLLINS, 2017; DAVIS, 2017; CARNEIRO, 2003). A pesquisa revelou que a presença de mulheres na produção do programa, à frente e atrás das câmeras, resultou em uma possibilidade de troca, escuta e entendimento sobre elas mesmas e suas trajetórias.

The purpose of the present study is to analyze the context of production behind “Lugar de Mulher”, a product of UFRGS TV television, and the occurrence of a meaningful dialogue between journalism students and news sources, when both sides are composed by women. This television program interviews women scientists who talks about their paths and the gender inequality they faced in working market. Through interviews and Content Analysis (CA), based on the ideas of Laurence Bardin (2011), we seek to understand the ways that women's presence may result or not in thoughtful speeches about women journeys in historically masculine environments. The research was based on the journalism constructivism theories (TRAQUINA, 2005), the cultural studies (HALL, 1993; ESCOSTEGUY, 1998), post-structuralism feminist studies (LOURO, 2011) and the intersectionality studies (COLLINS, 2017; DAVIS, 2017; CARNEIRO, 2003). This research reveals that women journalist presence may result in a possibility of exchanging ideas and views about gender inequality in a more supportive way.