Acolhimento à demanda espontânea no município de Novo Hamburgo/RS : descrição de uma tecnologia leve na gestão em saúde

Abstract

Este estudo teve como objetivo descrever como ocorre o acolhimento à demanda espontânea, uma tecnologia leve para a gestão em saúde, nos serviços de atenção básica do Município de Novo Hamburgo/RS. Tratou-se de um estudo descritivo e retrospectivo, com coleta de dados secundários do portal do Departamento de Atenção Básica/Ministério da Saúde (DAB/MS), onde foram utilizados elementos extraídos da avaliação externa do 2º ciclo do PMAQ-AB. Esta, finalizada em 2014, entrevistou 18 profissionais de saúde e 72 pacientes em 10 unidades de saúde do município. Resultados: 100% das unidades avaliadas realizavam o acolhimento à demanda espontânea, porém apenas em dias de semana e não em todos os horários do dia. Além disso, o acolhimento mostrou-se ser feito principalmente em locais específicos (72,2%), como salas e consultórios bem definidos, assim como realizado essencialmente por enfermeiros (30,6%) ou médicos (19,4%). Poucos profissionais (38,9%) relataram terem sido capacitados para realização da avaliação e classificação de riscos e vulnerabilidades. A maioria dos usuários que responderam relataram terem sido bem (36,1%) ou muito bem (12,5%) recebidos quando procuraram consulta sem hora marcada. E muitos pacientes (43,1%) relataram que as unidades não realizavam ou que não sabiam (22,2%) que as unidades realizavam atendimentos de urgência. Os achados deste trabalho apontaram para a necessidade de aprimorar o acolhimento no município, através da educação permanente dos profissionais de saúde acerca do mesmo, assim como da ampliação deste como conceito, para que seja praticado em diferentes locais das unidades, por diferentes profissionais e em diferentes momentos, além da necessidade de fortalecimento do controle social por parte dos usuários, que apresentaram baixo entendimento em relação aos serviços de demanda espontânea ofertados. Considera-se importante incentivar o uso de tecnologias leves, como o acolhimento, na gestão em saúde, sendo um importante instrumento para a consolidação dos princípios do SUS, principalmente em relação à universalidade e à ampliação do acesso na atenção básica.

This study aimed to describe how the user embracement, a light technology for health management, occurs in the primary health care services of the municipality of Novo Hamburgo/RS. This was a descriptive and retrospective study, with secondary data collected from the portal of the Department of Basic Attention/Ministry of Health (DAB/MS), where elements extracted from the external evaluation of the PMAQ-AB 2nd cycle were used. This, completed in 2014, interviewed 18 health professionals and 72 patients in 10 health units in the city. Results: 100% of the units evaluated practiced the embracement, but only on weekdays and not at all times of the day. In addition, reception was shown to be done mainly in specific places (72.2%), as well as welldefined rooms and clinics, as well as essentially performed by nurses (30.6%) or doctors (19.4%). Few professionals (38.9%) reported being trained to carry out risk and vulnerability assessment and classification. The majority of respondents reported being either well (36.1%) or very well (12.5%) received when they sought consultation without an appointment. Many patients (43.1%) reported that the units did not or did not know (22.2%) that the units performed emergency care. The findings of this study pointed to the need to improve the user embracement in the city, through the permanent education of health professionals about it, as well as the expansion of this as a concept, to be practiced in different places of the units, by different professionals and in different moments, besides the need to strengthen social control by the users, who presented low understanding regarding the spontaneous demand services offered. It is considered important to encourage the use of light technologies, such as user embracement, in health management, being an important instrument for the consolidation of SUS principles, especially in relation to the universality and broadening of access in primary care.