As ressurreições do pretérito : a poética do si mesmo em À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust
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Data
2019Autor
Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
O romance de Marcel Proust, À la recherche du temps perdu (Em busca do tempo perdido), é analisado a partir da filosofia de Paul Ricoeur, com ênfase nos conceitos de identidade narrativa e si mesmo. A identidade narrativa é constituída pela mesmidade e a ipseidade, sendo que o romance examinado tem a ipseidade como critério fundador. O estudo investiga os modos como a narrativa escrita em primeira pessoa constrói a identidade do narrador por meio da memória e do tempo. A enunciação em primeira ...
O romance de Marcel Proust, À la recherche du temps perdu (Em busca do tempo perdido), é analisado a partir da filosofia de Paul Ricoeur, com ênfase nos conceitos de identidade narrativa e si mesmo. A identidade narrativa é constituída pela mesmidade e a ipseidade, sendo que o romance examinado tem a ipseidade como critério fundador. O estudo investiga os modos como a narrativa escrita em primeira pessoa constrói a identidade do narrador por meio da memória e do tempo. A enunciação em primeira pessoa revela o mundo subjetivo do protagonista do romance, e, por meio da percepção baseada nos sentidos, erige um universo de significação que possibilita a compreensão do si e do texto. O narrador-personagem enquadra-se na teoria do cogito ferido, de Ricoeur, que rompe com a tradição cartesiana, ao descrever o sujeito como sujeito da dúvida, e procura responder quem é por meio de uma narrativa, ao reorganizar os eventos da sua vida em enredo. A leitura do texto de Marcel Proust, vinculada à teoria de Paul Ricoeur, evidenciou que o narrador procura compreender quem é, na interseção dos discursos de narrador e protagonista. Conforme a memória involuntária reconstrói os acontecimentos anteriormente entendidos como fidedignos, pela atividade intencional do lembrar, o narrador propõe que o entendimento do passado e da realidade é maleável conforme a maneira como cada indivíduo lembra. A questão de quem sou eu, nesta lógica de reconstrução do passado por meio do discurso individual, portanto, é discutida pelo que Ricoeur chamou de hermenêutica do si mesmo, em que o sujeito narra sua história e se autoanalisa. Na obra de Proust, conceito semelhante aparece: o narrador nomeia este ato de ler a si mesmo como interpretação do eu. ...
Abstract
Marcel Proust's novel, À la recherche du temps perdu (In search of lost time), is analyzed within the philosophy of Paul Ricoeur, with emphasis on the concepts of narrative identity and oneself. The narrative identity is constituted by the sameness and selfhood, and the novel has the selfhood as founding criterion. The study investigates the ways in which the written narrative in first person builds the identity of the narrator through memory and time. The first person enunciation reveals the s ...
Marcel Proust's novel, À la recherche du temps perdu (In search of lost time), is analyzed within the philosophy of Paul Ricoeur, with emphasis on the concepts of narrative identity and oneself. The narrative identity is constituted by the sameness and selfhood, and the novel has the selfhood as founding criterion. The study investigates the ways in which the written narrative in first person builds the identity of the narrator through memory and time. The first person enunciation reveals the subjective world of the novel's protagonist, and through perception based in the senses, it creates a universe of meaning that enables the comprehension of the self and of the text. The character-narrator fits in with Ricoeur's theory of the wounded cogito, which breaks with the Cartesian tradition, when describing the subject as a subject of doubt, and seeks to answer who he is by means of a narrative, by reorganizing the events of his life in a plot. The reading of Marcel Proust's text entailed to Paul Ricoeur's theory demonstrates that the narrator seeks to understand who he is, in the intersection of the narrator and the protagonist discourses. As the involuntary memory reconstructs the events previously understood as reliable by the intentional activity of remembering, the narrator propose that the understanding of the past and of reality is malleable, accordingly to the manners as each individual remembers it. The question of who I am, in this logic of reconstruction of the past through individual discourse is, therefore, discussed by what Ricoeur named hermeneutics of oneself, in which the subject narrates their history and self-analyzes. In Proust's work, a similar concept arises: the narrator names this act of reading himself as interpretation of the self. ...
Résumé
Le roman, À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust, est analysé à partir de la philosophie de Paul Ricoeur, en mettant l'accent sur les concepts d'identité narrative et de soi-même. L'identité narrative est constituée par la mêmeté et l'ipseité, étant donné que le roman examiné a l'ipseité comme critère fondateur. L'étude examine les manières dont le récit écrit à la première personne construit l'identité du narrateur à travers la mémoire et le temps. L'énonciation à la première personne ...
Le roman, À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust, est analysé à partir de la philosophie de Paul Ricoeur, en mettant l'accent sur les concepts d'identité narrative et de soi-même. L'identité narrative est constituée par la mêmeté et l'ipseité, étant donné que le roman examiné a l'ipseité comme critère fondateur. L'étude examine les manières dont le récit écrit à la première personne construit l'identité du narrateur à travers la mémoire et le temps. L'énonciation à la première personne révèle le monde subjectif du protagoniste du roman et, à travers une perception basée sur le sens, se construit un univers de signification qui permet la compréhension de soi et du texte. Le narrateur-personnage s'inscrit dans la théorie de Ricoeur sur le cogito blessé, qui rompt avec la tradition cartésienne en décrivant le sujet comme sujet de doute et en cherchant à déterminer qui il est par une narration, en réorganisant les événements de sa vie dans le récit. La lecture du texte de Marcel Proust, liée à la théorie de Paul Ricoeur, a montré que le narrateur cherche à comprendre qui il est, à l'intersection des discours du narrateur et du protagoniste. Alors que la mémoire involontaire reconstruit les événements précédemment compris comme fidèles, par l’activité intentionnelle de la mémoire, le narrateur propose que la compréhension du passé et de la réalité soit malléable selon la façon dont chaque individu se souvient. La question de qui je suis dans cette logique de reconstruction du passé à travers le discours individuel est donc abordée dans ce que Ricoeur a appelé l'herméneutique du soi, dans laquelle le sujet raconte son histoire et fait son auto-analyse. Dans l'oeuvre de Proust, un concept similaire apparaît: le narrateur nomme cet acte de se lire soi-même comme une interprétation de soi. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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