Estudo de coorte de nascimentos em gestantes adolescentes e adultas jovens de Passo Fundo : fatores de risco para obesidade e hipertensão arterial em crianças aos oito anos de idade
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Data
2013Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
O aumento global da prevalência de obesidade ocorrido nas últimas décadas representa um desafio para as politicas de saúde, pois o aumento da taxa de morbidade e mortalidade associadas a ela só serão detectadas futuramente. A hipótese de Barker sugeriu a associação de características nutricionais do binômio mãefeto durante a gestação com a susceptibilidade do indivíduo para o desenvolvimento de doença cardiovascular na vida adulta. Os estudos de coorte de nascimentos permitem testar hipóteses q ...
O aumento global da prevalência de obesidade ocorrido nas últimas décadas representa um desafio para as politicas de saúde, pois o aumento da taxa de morbidade e mortalidade associadas a ela só serão detectadas futuramente. A hipótese de Barker sugeriu a associação de características nutricionais do binômio mãefeto durante a gestação com a susceptibilidade do indivíduo para o desenvolvimento de doença cardiovascular na vida adulta. Os estudos de coorte de nascimentos permitem testar hipóteses quanto ao efeito da vida intrauterina sobre desfechos clínicos intermediários em longo prazo, e fatores de risco para a morbidade e mortalidade na vida adulta. A temporalidade dessas associações indica inferências de causalidade. Nesse contexto, o estado nutricional da mãe durante a gestação e o peso ao nascer do recém-nascido adquirem uma perspectiva ampla. A gravidez na adolescência é uma oportunidade para avaliar essa relação no período neonatal, bem como suas repercussões na infância, através de fatores de risco para a obesidade e pressão arterial elevada. Nesse estudo de coorte de nascimentos, de filhos de mães adolescentes e adultas jovens, avaliaram-se associações do estado nutricional materno sobre os estado nutricional dos recém-nascidos, e destes com índices de obesidade e pressão arterial na infância Métodos: Um estudo de coorte foi realizado em Passo Fundo, sul do Brasil, de 2001 a 2009. No estudo perinatal, adolescentes e mulheres com menos de 25 anos foram identificadas por ocasião do parto nos quatro hospitais da cidade, e aquelas que aceitaram participar foram entrevistadas. Mães, juntamente com seus recém-nascidos, fizeram avaliação antropométrica. Em 2008-2009, as crianças e suas mães, que viviam em Passo Fundo no estudo perinatal, foram localizadas e entrevistadas, e foi feita novamente a antropometria e aferição da pressão arterial. Esta foi medida quatro vezes de forma padronizada, utilizandose um monitor oscilométrico (Omron, modelo CP-705) e manguitos apropriados. Em uma subamostra, foram colocados sensores de aceleração e movimento (acelerômetro RT3) para determinar o nível de atividade física. Assistentes de pesquisa treinados e sob supervisão realizaram a coleta de dados no ambulatório do Hospital São Vicente de Paulo, por meio de questionários padronizados, que eram semelhantes aos utilizados anteriormente, com perguntas adicionais para determinar fatores de risco cardiovascular Os comitês de ética em pesquisa das instituições participantes aprovaram esse estudo de coorte de nascimentos. Todos os participantes e seus representantes legais assinaram termo de consentimento nos dois seguimentos. Resultados: No estudo perinatal, de 661 mulheres, 47,5 % eram adolescentes, sendo avaliados 644 recém-nascidos vivos, 53,8% do sexo masculino, 14,2% prematuros, 14,2% tinham baixo peso, 5,3% eram pequenos e 12,3% grandes para idade gestacional. No seguimento, foram encontradas 529 participantes que moravam em Passo Fundo no momento do nascimento. Em função disso, 451 crianças foram entrevistadas e avaliadas com antropometria. As comparações entre as crianças identificadas no estudo perinatal e no seguimento mostrou que a maioria dos que permaneceram na coorte nasceram a termo, pesavam mais de três quilos, e foram amamentados exclusivamente por até quatro meses. A idade materna durante a gravidez não se associou significativamente, com as características das crianças ao nascimento e no seguimento. Mães adolescentes tiveram menor prevalência de recémnascidos grandes para a idade gestacional do que as mulheres mais velhas Verificou-se que o índice de massa corporal (IMC) antes da gravidez foi, fortemente, associado com o peso ao nascer. Mulheres adolescentes e adultas jovens magras antes da gravidez tinham, em média, crianças com baixo peso ao nascimento, enquanto as mulheres com sobrepeso ou obesidade tiveram recém-nascidos mais pesados. O peso ao nascer associou-se com adiposidade em crianças, independentemente de sexo, idade gestacional, duração do aleitamento materno, idade materna, escolaridade, tabagismo durante a gravidez e IMC prégestacional. No acompanhamento, 12% das crianças tinham obesidade e 17% tinham sobrepeso, mas não houve associação com a idade materna. Além disso, o IMC materno pré-gestacional não foi associado com o IMC criança aos oito anos de idade. Aferições da pressão arterial variaram com o número de medidas e a média da primeira medida da PA sistólica foi, significativamente, mais elevada do que a média das aferições seguintes. Nas crianças, a pressão arterial sistólica diminuiu com medidas repetidas. Regressão à média e reação de alerta são explicações possíveis para esses achados. O peso ao nascer não foi associado com pressão arterial na infância Conclusões: Em mulheres jovens, o IMC materno pré-gestacional associa-se com o peso de nascimento e a com adequação do peso de nascimento para a idade gestacional do recém-nascido, independentemente da idade materna. Por sua vez, o peso ao nascer e a adequação do peso para idade gestacional do recém-nascido associam-se com o IMC e outros índices de adiposidade na infância. Contudo, essas características neonatais não se associam com pressão arterial nessa faixa etária. ...
Abstract
The increasing rate of obesity worldwide represents a major challenge to the public health policy, due to its consequences on increase of morbidity and mortality associated with cardiovascular diseases The Barker hypothesis suggested that characteristics of mother-fetal diad during pregnancy were determinants of fetal nutrition, which may increase the susceptibility to developing cardiovascular disease in the adulthood. The birth cohort studies tested the hypothesis that intrauterine life is a ...
The increasing rate of obesity worldwide represents a major challenge to the public health policy, due to its consequences on increase of morbidity and mortality associated with cardiovascular diseases The Barker hypothesis suggested that characteristics of mother-fetal diad during pregnancy were determinants of fetal nutrition, which may increase the susceptibility to developing cardiovascular disease in the adulthood. The birth cohort studies tested the hypothesis that intrauterine life is a determinant of risk factors for morbidity and mortality in adulthood, and that these relationships are causal. In this context, nutritional condition of the mother during pregnancy and weight at birth of the newborn acquired a broader perspective. Adolescent pregnancy offers an opportunity to evaluate this relationship over the neonatal period, as well as the consequences in the childhood, by evaluating risk factors for obesity and high blood pressure. Therefore, we conducted a cohort study aiming to describe the birth cohort of children from adolescent and young adult mothers; evaluate the association of maternal nutritional status on nutritional outcomes of newborns, and these characteristics with indexes of obesity and blood pressure in the childhood Methods: A cohort study was conducted in Passo Fundo, southern Brazil, from 2001 to 2009. In the perinatal study, adolescents and women under 25 years were identified at delivery, in four hospitals of the city, and those who accepted to participate were interviewed. Mothers along with their newborns have been undergone to anthropometric assessment. In 2008-2009, children and their mothers, who lived in Passo Fundo at the perinatal study, were located and interviewed, and anthropometric data and blood pressure were measured. Blood pressure was measured four times in a standardized way, using an oscillometric monitor (Omron, model CP-705) and appropriate cuffs. In a sub-sample, accelerometer sensors (RT3 accelerometer) were placed to determine physical activity. Certified research assistants, under supervision, conducted the data collection in the outpatient clinic of Hospital São Vicente de Paulo, using standardized questionnaires, which were similar to those previously used, with additional questions to ascertain cardiovascular risk factors. Research ethics committees at the participating institutions approved the birth cohort study. All participants and their legal representatives provided written informed consent Results: In the perinatal study, 661 women, 47.5 % adolescents, and 644 live births were enrolled, 53.8% of newborns were boys, 14.2% preterms, 14.2% had low birth weight, 5.3 % were small-for-gestational age and 12.3% large. In the follow-up, 451 children, out of 529, who lived in Passo Fundo at birth, were interviewed and had anthropometric data evaluated. Comparisons between children identified in the perinatal study and in the follow-up showed that most of those who remain in the study were born, on average, at term, weighed more than three kilograms, and were exclusively breastfed for up to four months. The age of the mother during pregnancy was not associated significantly with characteristics of children at birth and in the follow-up. Adolescent mothers had lower prevalence of largefor-gestational age newborns than older women. It was found that body mass index (BMI) before pregnancy was strongly associated with birth weight. Adolescent and young adult women with thinness prior to pregnancy had, on average, infants with lower birth weight, while overweight or obese women had heavier newborns. Birth weight was associated with adiposity in children, regardless of gender, gestational age, duration of breastfeeding, and maternal age, education, smoking during pregnancy, and prepregnancy BMI In the follow-up visit, 12% of the children had obesity and 17% overweight, but there was no association with maternal age. In addition, prepregnancy BMI was not associated with the child BMI around the age of eight. Measurements of blood pressure (BP) varied by number of measurements and the first systolic BP measurement was significantly higher than the average of the following measurements. Systolic blood pressure decreases with repeated measurements in children. Regression to the mean and the alert reaction are likely explanations for these findings. Birth weight was not associated with blood pressure in childhood. Conclusions In conclusion, maternal pre-pregnancy BMI is associated with birth weight and with birth weight to gestational age of the newborn, independently of maternal age. In turn, birth weight and birth weight to gestational age of the newborn are associated with BMI and other adiposity indexes in childhood. These neonatal characteristics are not associated with blood pressure in this age group. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares.
Coleções
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Ciências da Saúde (9085)
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