Uso de varfarina em nível ambulatorial : uma coorte de pacientes do sistema público de saúde
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Data
2016Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: A varfarina é um dos anticoagulantes orais (ACO) mais utilizados na atenção primária a saúde. Com janela terapêutica estreita, exibe grande variabilidade de resposta farmacológica, e maior suscetibilidade de eventos adversos, como sangramentos e tromboembolismo venoso. Entre os fatores que influenciam na variabilidade de dose destaca-se as interações tanto com medicamentos, como com a dieta e o polimorfismo genético. Objetivos: Estimar a incidência de eventos adversos relacionados a ...
Introdução: A varfarina é um dos anticoagulantes orais (ACO) mais utilizados na atenção primária a saúde. Com janela terapêutica estreita, exibe grande variabilidade de resposta farmacológica, e maior suscetibilidade de eventos adversos, como sangramentos e tromboembolismo venoso. Entre os fatores que influenciam na variabilidade de dose destaca-se as interações tanto com medicamentos, como com a dieta e o polimorfismo genético. Objetivos: Estimar a incidência de eventos adversos relacionados ao uso de varfarina e descrever o itinerário do usuário pelo sistema público de saúde para resolução dos problemas. Métodos: trata-se de uma coorte prospectiva realizada por um período de 18 meses com usuários do serviço público de saúde, em uso de varfarina, do município de Ijuí/RS. Os dados foram coletados por entrevistas mensais nas residências e complementados com informações médicas obtidas na atenção primária e terciária. As interações medicamentosas foram checadas em bases de dados e os hábitos alimentares conforme metodologia validada. A estatística utilizada para associar sangramento e Time in Therapeutic Range (TTR) e os fatores de risco foi teste de Poison. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS, com parecer número 336.259/2013. Resultados: Foram entrevistados e acompanhados 69 pacientes, sendo que 64 concluíram o acompanhamento e 5 faleceram durante o estudo, 55,1% eram do sexo feminino, com idade média de 64,3 ±13,7 anos. O tempo médio de uso de varfarina foi de 5,5 anos, a dose média semanal foi de 30,69±15,19mg e o principal motivo para uso de varfarina foi prótese valvular (39,7%). A média de medicamentos utilizados por usuário foi de 9,6±4,5. Quanto aos eventos, os sangramentos tiveram incidência de 37,7/100 pacientes/ano, o tromboembolismo de 4,8/100 pacientes/ano e de óbitos de 4,8/100 pacientes/ano. Os sangramentos apresentaram associação com possuir mais que três interações medicamentosas com a varfarina (p=0,048) e com uso de medicamentos por automedicação (p=0,030). Já para o TTR houve associação com a idade inferior a 65 anos (p=0,032). E 67 usuários estavam suscetíveis a interações medicamentosasas com varfarina, com predomínio das moderadas, sendo a média de interações com este medicamento de 2,91±1,52. A maioria das interações agiam sobre o efeito anticoagulante da varfarina, aumentando a probabilidade de sangramento. Entre as interações que os usuários apresentavam, no momento do sangramento, as mais frequentes foram com: omeprazol, sinvastatina e paracetamol. A maioria dos entrevistados apresentou consumo baixo de vitamina K. Verificou-se que sangramentos e tromboembolismos venosos foram mais frequentes nos pacientes em início de tratamento. E todos os pacientes que foram a óbito durante o acompanhamento (5) eram pacientes com mais de um ano de uso de varfarina. Para a resolução de eventos adversos na maioria dos casos o paciente realizou cuidado domiciliar (53,4%), seguido por busca pela Unidades Básicas de Saúde, 7 pacientes buscaram o serviço de emergência e 5 realizaram internação hospitalar. Observou-se que aproximadamente metade dos pacientes não mostrou seus exames de INR (Razão Normalizada Internacional) ao médico. E na falta de varfarina na rede pública de saúde do município, que ocorreu entre os meses 13 e 16, entre 24,9 a 43,5%, deixaram de usar o medicamento. Os resultados do polimorfismo demonstram que 47 (71,2%) não apresentam polimorfismo ao genótipo CYP2C9, e 24 (36,4%) ao genótipo VKORC1. Avaliando os dois genótipos associados, verifica-se que 17 (25,8%) não apresentam polimorfismo a nenhum destes. Não foi observada associação estatística do polimorfismo com sexo e raça. Observou-se diferença significativa entre a dose utilizada para os diferentes polimorfismos (p=0,013). Da mesma forma, para o VKORC1, houve diferença significativa entre a dose e o genótipo (p=0,018). Conclusão: Estes resultados demonstram a necessidade de uma maior assistência a estes pacientes, buscando melhores resultados clínicos, com menos eventos adversos. ...
Abstract
Introduction: Warfarin is an oral anticoagulant (OAC) most used in primary health care. With narrow therapeutic window, shows great variability in drug response, and greater susceptibility to adverse events such as bleeding and venous thromboembolism. Among the factors that influence the amount of variability highlights the interactions with both drugs, as with diet and genetic polymorphism. Objectives: To estimate the incidence of adverse events related to warfarin use and describe the user jo ...
Introduction: Warfarin is an oral anticoagulant (OAC) most used in primary health care. With narrow therapeutic window, shows great variability in drug response, and greater susceptibility to adverse events such as bleeding and venous thromboembolism. Among the factors that influence the amount of variability highlights the interactions with both drugs, as with diet and genetic polymorphism. Objectives: To estimate the incidence of adverse events related to warfarin use and describe the user journey through the public health system to the problems. Methods: This is a prospective cohort study conducted over a period of 18 months with users of the public health service in the use of warfarin, the city of Ijuí/RS. The data were collected monthly interviews in homes and complemented with medical information obtained in primary and tertiary care. Drug interactions were checked in databases and eating habits as validated methodology. The statistics used to associate bleeding and Time in Therapeutic Range (TTR) and the risk factors was Poison test. The project was approved by the Research Ethics Committee of UFRGS, with opinion number 336259/2013. Results: We interviewed and followed 69 patients, 64 completed the follow-up and 5 died during the study, 55.1% were female, mean age 64.3 ± 13.7 years. The mean duration of warfarin use was 5.5 years, the average weekly dose was 30.69 ± 15,19mg and the main reason for warfarin use was valvular prosthesis (39.7%). The average per user used medications was 9.6 ± 4.5. As for events, the bleeding had incidence of 37.7 / 100 patients / year, thromboembolism of 4.8 / 100 patients / year and deaths of 4.8 / 100 patients / year. Bleeds were associated with having more than three drug interactions with warfarin (p = 0.048) and use of self-medication by drugs (p = 0.030). As for the TTR was no association with age less than 65 years (p = 0.032). And 67 users were susceptible to medicamentosasas interactions with warfarin, with a predominance of moderate, with an average of interactions with this drug of 2.91 ± 1.52. Most interactions acting on the anticoagulant effect of warfarin, increasing the probability of bleeding. Among the interactions that users had, at the time of bleeding, the most common were with: omeprazole, simvastatin and acetaminophen. Most respondents showed low consumption of vitamin K. It was found that bleeding and venous thromboembolism were more frequent in patients starting treatment. And all patients who died during follow-up (5) were patients with more than one year of warfarin use. For adverse event resolution in most cases the patient underwent home care (53.4%), followed by search for the Basic Health Units, 7 patients sought emergency services and 5 held hospitalization. It was observed that approximately half of the patients showed their INR test (International Normalized Ratio) to the doctor. And in the absence of warfarin in public municipal health, which occurred between the months 13:16, from 24.9 to 43.5% stopped using the drug. The polymorphism results demonstrate that 47 (71.2%) did not have the polymorphism CYP2C9 genotype, and 24 (36.4%) the VKORC1 genotype. Evaluating the two genotypes associated, it is found that 17 (25.8%) did not show any polymorphism thereof. There was no statistical association of the polymorphism with gender and race. A significant difference between the dose for different polymorphisms (p = 0.013). Likewise, for the VKORC1, a significant difference between the dose and genotype (p = 0.018). Conclusion: These results demonstrate the need for further assistance to these patients, looking for better clinical outcomes, with fewer adverse events. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.
Coleções
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Ciências da Saúde (9085)Ciências Farmacêuticas (738)
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