O estágio curricular em odontologia na atenção primária à saúde e a relação com o processo de trabalho da equipe multiprofissional

Abstract

Introdução: Para atender à demanda da formação de um profissional da saúde crítico, humanístico e reflexivo, prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reestruturou seu currículo a partir de 2005, instituindo os estágios curriculares supervisionados nos serviços do Sistema Único de Saúde. Objetivo: Analisar como o estagiário, estudante de graduação em Odontologia pode afetar o processo de trabalho das equipes de saúde na Atenção Primária à Saúde (APS) (percepção dos estudantes de graduação em Odontologia da UFRGS e dos cirurgiões-dentistas preceptores do estágio curricular na APS desta Universidade). Metodologia: Estudo de abordagem qualitativa (estudo de caso), cuja coleta de dados aconteceu por meio de entrevistas individuais semiestruturadas (10 estudantes e 10 preceptores). Os dados foram interpretados por meio da análise de conteúdo de Bardin. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS e do Grupo Hospitalar Conceição. Resultados: A presença dos estagiários com conhecimento de ponta, trazidos da universidade, propicia uma atualização permanente dos trabalhadores da saúde que convivem com eles, visto que estão em transição do mundo acadêmico para o mundo do trabalho. O perfil questionador do estudante que vem de fora do serviço instiga a equipe a refletir sobre o fazer saúde e a buscar a melhoria dos serviços. O aluno engajado à equipe potencializa tecnicamente o atendimento às demandas de saúde bucal da UBS. As vivências anteriores na graduação e a maneira de se relacionar com a equipe vão influir no processo de aceitação ou integração deste estagiário, tanto pelos colegas como pela comunidade que usufrui de seus serviços. Considerações Finais: O estagiário pode afetar o processo de trabalho das equipes de saúde por trazer conhecimentos atualizados, propiciando uma atualização permanente dos trabalhadores do SUS; por instigar a equipe a repensar sobre o fazer saúde e pela busca da melhoria dos serviços para seus usuários (perfil observador e problematizador do estagiário); por potencializar a resolutividade da atenção à saúde bucal oferecida aos usuários do SUS, além de fortalecer o processo de trabalho ao conseguir estabelecer vínculos com a equipe e com os usuários.