Campos textuais em dois processos colaborativos de criação na música contemporânea

Abstract

Esta dissertação é um estudo de dois processos de criação na música contemporânea, nos quais atuei junto com dois colegas: Dario Rodrigues Silva (pianista) e Lauro Pecktor (compositor). O primeiro processo foi a preparação da estreia da peça Doppelgänger, e o segundo foi a construção e apresentação da peça espaços submersos entre prédios. Em ambos os processos investiguei a função e os significados da partitura, avaliando a atuação dos músicos e suas ideias. As análises foram realizadas tendo como referencial teórico o Conceito de Obra Musical (GOEHR, 1992), o questionamento sobre a ênfase demasiada que a cultura ocidental de concerto coloca na escrita, um conjunto de investigações sobre colaborações entre performers e compositores e o conceito de Campo da Obra Musical (ÖSTERSJÖ, 2008). Como métodos, considerei os princípios da Pesquisa Artística (BORGDORFF, 2012; COESSENS, CRISPIN, DOUGLAS, 2009) da Autoetnografia Analítica (ANDERSON, 2006) e dos Estudos de Caso. Os dois processos foram descritos para em seguida serem analisados. Os principais recursos utilizados nas análises foram as gravações dos ensaios, a minha memória de pesquisador participante e as entrevistas realizadas com meus colegas. Como conclusão, observei que as partituras foram consideradas pontos de partida, textos em torno do quais foram criados campos textuais que emergiram da interação e do trabalho em grupo, confirmando que a atuação dos músicos (performers e compositor) é mais bem entendida como ciclos de criação e interpretação, conforme é proposto no conceito de Campo da Obra Musical.

This dissertation is a study of two creative processes in contemporary music in which I have worked with two colleagues: Dario Rodrigues Silva (pianist) and Lauro Pecktor (composer). The first process was the preparation of the premiere of Doppelgänger, and the second was the construction and presentation of the piece espaços submersos entre prédios. In both processes I have investigated the function and meaning of the score, evaluating the musicians’ agency and ideas. The analyses were conducted under theoretical references of the Musical Work Concept (GOEHR, 1992), the questioning of super estimated role of score in the Western Concert Culture, a set of investigations about collaborations between composers and performers and the concept of The Field of the Musical Work (ÖSTERSJÖ, 2008). As methods, I have considered the principles of Artistic Research (BORGDORFF, 2012; COESSENS, CRISPIN, DOUGLAS, 2009), Analytic Autoethnography (ANDERSON, 2006) and Case Studies. Both processes have been described and then analyzed. Rehearsals recordings, my memory as participant researcher and interviews with my colleagues were the main resources used in the analysis. In conclusion, I observed that the score was considered a starting point, texts around which were created text fields through interaction and group work, confirming that the work of musicians (performers and composer) is best understood as creation and interpretation cycles, as proposed in The Field of the Musical Work.