Anormalidades metabólicas relacionadas aos níveis de adiponectina e à gordura da dieta
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Data
2015Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Resumo
O diabetes tipo 2 está atingindo proporções epidêmicas em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde estima que 9% dos adultos com mais de 18 anos têm diabetes, sendo a maioria classificada como tendo diabetes tipo 2. A elevada produção de glicose hepática, a redução da secreção de insulina, a resistência à insulina e as alterações do metabolismo da glicose normalmente encontrados em indivíduos com obesidade, são os principais fatores relacionados à patogênese do diabetes tipo 2 e da síndrome ...
O diabetes tipo 2 está atingindo proporções epidêmicas em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde estima que 9% dos adultos com mais de 18 anos têm diabetes, sendo a maioria classificada como tendo diabetes tipo 2. A elevada produção de glicose hepática, a redução da secreção de insulina, a resistência à insulina e as alterações do metabolismo da glicose normalmente encontrados em indivíduos com obesidade, são os principais fatores relacionados à patogênese do diabetes tipo 2 e da síndrome metabólica. A adiponectina é um hormônio regulador da homeostase da glicose e dos lipídios ao sensibilizar a ação da insulina. Uma vez que a redução da sensibilidade à insulina está relacionada ao diabetes tipo 2 e à síndrome metabólica, a diminuição dos níveis de adiponectina pode estar relacionada ao desenvolvimento dessas anormalidades metabólicas. Menores concentrações de adiponectina estão relacionadas com maior massa de gordura intraabdominal. Portanto, a adiponectina pode estabelecer um elo entre gordura intra-abdominal, resistência à insulina e desenvolvimento da síndrome metabólica. Dessa forma, o objetivo do primeiro estudo foi investigar a relação entre os níveis de adiponectina e a síndrome metabólica em uma análise transversal com duas populações distintas. Primeiramente, foram analisados indivíduos encaminhados para triagem e avaliação de anormalidades do metabolismo da glicose e síndrome metabólica, submetidos a um teste de tolerância oral à glicose, na unidade de diabetes do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e analisados pela presença da síndrome metabólica. Uma replicação da análise foi realizada em indivíduos submetidos à angiografia cardíaca no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. Neste estudo, também foi de nosso interesse determinar quais os componentes da síndrome metabólica estavam relacionadas aos níveis de adiponectina. Além disso, analisamos como a resistência e a sensibilidade à insulina e a inflamação subclínica estavam relacionadas com os níveis de adiponectina. Os níveis de adiponectina total e de alto peso molecular estão mais baixos na presença da síndrome metabólica e reduzem com o aumento do número de critérios para síndrome metabólica. Os níveis de adiponectina são, em parte, determinados por sua relação com o colesterol HDL, os triglicerídeos e a adiposidade abdominal. Além disso, a inflamação subclínica e a resistência à insulina podem explicar parcialmente por que os níveis de adiponectina são menores em indivíduos com síndrome metabólica em comparação com indivíduos sem síndrome metabólica. Estratégias terapêuticas de modificação de estilo de vida, que envolvem atividade física de intensidade moderada ou alta e perda de peso, com enfoque na redução da síndrome metabólica e seus componentes, mostraram-se efetivas para aumentar as concentrações de adiponectina. Diferentes intervenções dietéticas também foram identificadas como potenciais modificadores das concentrações de adiponectina e da sensibilidade à insulina, que podem ser moduladas pela ingestão de lipídios. O efeito das dietas que contém baixa ou elevada quantidade de gordura ou de tipos diferentes de gorduras nos níveis de adiponectina foi analisado em diversos estudos que mostraram resultados heterogêneos. De fato, maior adesão à dieta mediterrânea tem sido associada com concentrações mais elevadas de adiponectina, que pode ser explicado pela composição da dieta que é rica em nozes, óleo de oliva e peixes, que são fontes alimentares de ácidos graxos insaturados. Outros lipídios dietéticos, tais como, o ácido linoléico conjugado, o colesterol e o ácido graxo poli-insaturado ômega-3 têm sido associados com diferentes respostas nas concentrações de adiponectina. A fim de esclarecer o efeito dos lipídios da dieta sobre os níveis de adiponectina, o segundo estudo teve como objetivo revisar e analisar sistematicamente ensaios clínicos randomizados que investigaram os efeitos de lipídios da dieta nas concentrações circulantes de adiponectina em adultos. A revisão sistemática com meta-análise mostrou que nos estudos de intervenção que compararam as dietas com baixo e elevado teor de gordura não houve associação entre a quantidade total de gordura com diferenças nos níveis circulantes de adiponectina. Observou-se que a suplementação de ômega-3 aumentou modestamente as concentrações circulantes de adiponectina. Por outro lado, a suplementação de ácido linoléico conjugado reduziu as concentrações de adiponectina quando comparada com a suplementação de ácido graxo insaturado utilizado como placebo ativo. As dietas contendo baixas ou elevadas quantidades de gordura podem também afetar os fatores determinantes da tolerância à glicose, especialmente a sensibilidade à insulina. Entretanto, este achado aparentemente não pode ser explicado pelo efeito da gordura dietética total sobre os níveis de adiponectina. Estudos de intervenção de médio e longo prazo têm avaliado se as dietas isocalóricas hiperlipídicas podem modificar a sensibilidade à insulina. No entanto, os dados apresentados na literatura atual são contrários à crença de que dietas ricas em gordura levam à resistência à insulina. Em contraste, dieta com baixo teor de gordura, com menos de 10% de energia proveniente de gordura saturada, parece melhorar a sensibilidade à insulina. O terceiro estudo buscou determinar, em indivíduos com excesso de peso/obesidade e peso estável, o efeito de dietas com baixo ou elevado teor de gordura total e gordura saturada na sensibilidade à insulina, através da avaliação da supressão da produção de glicose endógena e da captação de glicose promovidas pela insulina. Quatro semanas em uma dieta rica em gordura total e gordura saturada diminuiu significativamente a sensibilidade à insulina em indivíduos com sobrepeso/obesidade, apesar da ausência de ganho de peso. No entanto, a dieta com baixo teor de gorduras não melhorou a sensibilidade à insulina. A diminuição na sensibilidade à insulina na dieta rica em gordura não pôde ser explicada por alterações na gordura intra-abdominal e hepática ou pela alteração das adipocinas. No entanto, foram observadas correlações positivas entre alterações de sensibilidade à insulina e gordura subcutânea. ...
Abstract
Type 2 diabetes is reaching worldwide epidemic proportions with the World Health Organization estimating that 9% of adults older than age 18 have diabetes, with the vast majority having type 2 diabetes. Elevated hepatic glucose production, impaired insulin secretion, and insulin resistance, abnormalities of glucose metabolism typically found in subjects with obesity, are major factors underlying the pathogenesis of type 2 diabetes and metabolic syndrome. Adiponectin is a major regulator of gluc ...
Type 2 diabetes is reaching worldwide epidemic proportions with the World Health Organization estimating that 9% of adults older than age 18 have diabetes, with the vast majority having type 2 diabetes. Elevated hepatic glucose production, impaired insulin secretion, and insulin resistance, abnormalities of glucose metabolism typically found in subjects with obesity, are major factors underlying the pathogenesis of type 2 diabetes and metabolic syndrome. Adiponectin is a major regulator of glucose and lipid homeostasis by its insulin sensitizer properties. Since decreased insulin sensitivity is linked to type 2 diabetes and metabolic syndrome, decreased adiponectin levels may be related to its development. Lower adiponectin concentrations are related with higher intra-abdominal fat mass. Therefore, adiponectin could link intraabdominal fat with insulin resistance and the development of metabolic syndrome. Therefore, the purpose of the first study was to investigate the relationship between adiponectin levels with metabolic syndrome in two different cohorts. Firstly, screened and evaluated for abnormalities of glucose metabolism and metabolic syndrome were submitted to an oral glucose tolerance test at the diabetes unit of the Endocrine Department of Hospital de Clínicas de Porto Alegre and were cross-sectionally examined according to the presence of metabolic syndrome. A replication analysis was performed in subjects undergoing cardiac angiography at Hospital São Paulo, from Federal University of São Paulo. We were also interested in finding out which metabolic syndrome components are mostly related to adiponectin levels. Additionally, we analyzed how insulin resistance, sensitivity and subchronic inflammation were related to adiponectin levels. Our results have shown that total and highmolecular weight adiponectin levels not only are lower in the presence of metabolic syndrome, but it also decreases by increasing number of metabolic syndrome criteria. These levels are partly determined by their relationship with HDL cholesterol, triglycerides and abdominal adiposity. Furthermore, chronic inflammation and insulin resistance may partially explain why adiponectin levels are lower in subjects with metabolic syndrome compared to subjects without metabolic syndrome. Therapeutic strategies that target the metabolic syndrome and its components have been shown to increase adiponectin concentrations, such as lifestyle modification involving moderate- or high intensity physical activities and weight loss. Different dietary interventions have also been identified as potential modifiers of adiponectin concentrations and insulin sensitivity, and they may be influenced by lipid intake. The relationship of the effect of diets containing either low or high amounts of fat or different type of fat have been analyzed in different studies and has shown heterogeneous results. Indeed, close adherence to a Mediterranean diet has been associated with higher adiponectin concentrations which can be also explained by its composition that is rich in nuts, olive oil and fish, all of which are dietary sources of unsaturated fatty acids. Other dietary lipids such as conjugated linoleic acid, dietary cholesterol and long-chain n-3 polyunsaturated fatty acids have been associated with a variable response to adiponectin concentrations. In order to clarify the effect of dietary lipids on adiponectin levels, the second study aimed to systematically review and analyze randomised controlled trials investigating the effects of dietary lipids on circulating adiponectin concentrations in adults. The meta-analysis has shown that intervention studies that compared diets with low and high fat content were not associated with differences in adiponectin concentrations. However, it was observed that n-3 polyunsaturated fatty acids supplementation modestly increased the circulating concentrations of adiponectin, whereas conjugated linoleic acid supplementation reduced the concentrations when compared with unsaturated fatty acid supplementation used as an active placebo. Diets containing either low or high amounts of fat can also affect the determinants of glucose tolerance, specifically insulin sensitivity. These findings apparently cannot be explained by the effect of total dietary fat on adiponectin levels. Medium to long-term diet intervention studies have examined whether isocaloric high-fat diets modify insulin sensitivity. However, the data presented in the current literature are at odds with the preconception that high fat diets lead to insulin resistance. In contrast, a low-fat diet with less than 10% of energy from saturated fat seems to improve insulin sensitivity. The third study sought to determine the effect of diets containing either low or high amounts of fat and saturated fat on insulin sensitivity, both in insulin‟s ability to suppress endogenous glucose production and to promote glucose uptake, and insulin secretion in weight-stable overweight/obese subjects. Four weeks on a diet high in fat and saturated fat significantly decreased insulin sensitivity in overweight/obese subjects despite the absence of weight gain. However, a diet low in fat and saturated fat did not improve insulin sensitivity. The decrease in insulin sensitivity on the high-fat diet could not be explained by changes in intraabdominal fat, liver fat, or adipokines. However, positive correlations between changes in subcutaneous fat and insulin sensitivity were observed. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia.
Coleções
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Ciências da Saúde (9148)Endocrinologia (396)
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