Geontologias e geontopoder : a psicologia entre o vivo e o não vivo
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Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Graduação
Resumo
No contexto de crise ecológica e ambiental evocada pelo Antropoceno, deflagra-se também uma crise de pensamento e do sensível, que nos convoca a repensar a epistemologia, a ontologia e a ética com as quais narramos a nós mesmos e nossas relações com os entes mais-que-humanos. O presente trabalho se insere nesse esforço de reposicionamento frente aos desafios colocados pelo tempo das catástrofes e pela Intrusão de Gaia (Stengers, 2015). Constituído como um ensaio de inspiração cartográfica, o tr ...
No contexto de crise ecológica e ambiental evocada pelo Antropoceno, deflagra-se também uma crise de pensamento e do sensível, que nos convoca a repensar a epistemologia, a ontologia e a ética com as quais narramos a nós mesmos e nossas relações com os entes mais-que-humanos. O presente trabalho se insere nesse esforço de reposicionamento frente aos desafios colocados pelo tempo das catástrofes e pela Intrusão de Gaia (Stengers, 2015). Constituído como um ensaio de inspiração cartográfica, o trabalho teve como objetivos: apresentar o livro Geontologias: Um réquiem para o liberalismo tardio (2023), da antropóloga estadunidense Elizabeth Povinelli; identificar limites conceituais que contribuem para a constrição do pensamento e do imaginário dentro do campo psicológico; e prospectar expansões e subversões que possam abrir novas perguntas e formas de compreender e narrar as existências. O trabalho está dividido em duas partes. Na primeira parte, apresento e discuto o que considero serem as principais contribuições conceituais do texto povinelliano: a suplementação ao conceito foucaultiano de biopoder, o geontopoder - como aquilo que domina as fronteiras entre vida e não vida -, aliado íntimo do capitalismo; e as geontologias, narrativas mítico-oníricas (dreamings) associadas aos territórios tradicionais de povos indígenas do Território do Norte australiano, nas quais as fronteiras entre vivo e não vivo perdem o sentido. Além disso, apresento o manifesto que orienta as analíticas de existência realizadas pelo coletivo Karrabing, e três dos cinco dreamings trazidos no livro. Na segunda parte, a partir do repertório crítico trazido pela autora, realizo um debate junto às questões relativas ao pensamento moderno e ao campo da Psicologia, principalmente no que diz respeito às noções de indivíduo, de humano e de subjetividade. A partir do diagnóstico do antropocentrismo moderno, que perpassa também a Psicologia, busco fazer um percurso especulativo a partir de sete viradas que podem servir como exercício de desantropocentrificação do pensamento, sendo elas: as viradas linguística, do inconsciente, ontológica, afetiva, animal, vegetal e geo(nto)lógica. Tanto as geontologias quanto as viradas são tidas como movimentos antínarcísicos que podem servir de campo de afetação para nossas políticas do narrar. A dimensão especulativa do ensaio em experimentar outros narrares possíveis enseja o cultivo de outras ético-estéticas da existência na psicologia e para além dela. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia, Serviço Social, Saúde e Comunicação Humana. Curso de Psicologia.
Coleções
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TCC Psicologia (512)
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