A adultização precoce como horizonte da infância no laço social contemporâneo

Abstract

A ideia deste trabalho surge a partir do caso clínico de uma criança de 8 anos, que apresenta comportamentos adultizados, especialmente, preocupação excessiva quanto a tarefas escolares. O texto explora o impacto da pressão por desempenho escolar e a exposição precoce às mídias atravessadas pela lógica do consumo, levantando questões sobre a adultização precoce, fenômeno em que crianças assumem responsabilidades e comportamentos adultos, distanciando-se da infância. As escolas estão cada vez mais focadas em atividades conteudistas e competitivas, reduzindo o espaço para brincadeiras e promovendo condições que contribuem para o que tem se denominado de adultização precoce das crianças, pressionadas a buscar resultados e sucesso desde cedo. A mídia e o consumo exercem grande influência nas crianças e jovens, promovendo a adultização precoce ao expô-los a conteúdos e responsabilidades inadequados para sua idade. A partir de uma perspectiva psicanalítica, observa-se uma subjetividade cada vez mais moldada por uma educação pragmática, muito medida pelos discursos das mídias digitais e pelo consumo. Esse fenômeno afeta a participação de pais e educadores, assim como a dimensão da transmissão dessas figuras de referência. Dessa forma, a criança excessivamente exigida e desamparada busca, constantemente, algo que lhe ofereça sustentação.