Pare! : racismo estrutural como preditor de esquemas iniciais desadaptativos em homens negros periféricos

Abstract

Proponho um ensaio acessível e didático que dialogue, diretamente, com a população que compõe o tema do trabalho, para que os homens negros periféricos, deixem de ser apenas objeto de estudos e passemos a utilizar a produção acadêmica a nosso favor, afim de discutir e refletir sobre a nossa (re)existência. A partir da Terapia do Esquema, eu pretendo analisar como as necessidades básicas (de afeto, proteção, reconhecimento, segurança, etc.) não atendidas, assim como, modelos tóxicos de comportamento apresentados na infância da juventude negra, como consequência do racismo estrutural e de valores de uma cultura supremacista branca, podem gerar esquemas iniciais desadaptativos que acabam por minar a confiança e a autoimagem dos nossos jovens. Ao final deste trabalho, espero “escurecer” para a juventude negra, aos/as profissionais da psicologia, pedagogia, educação e políticas públicas que atuam diretamente com esta parcela da população, sobre as diversas armadilhas colocadas no nosso caminho para que sejamos sistematicamente exterminados, a urgência de políticas públicas em prol do bem-estar da juventude negra e a importância de cuidarmos da nossa saúde mental. Diante genocídio vivenciado pela população negra no Brasil (Nascimento, 2017) em decorrência do racismo estrutural, esta escrita se faz extremamente relevante, trazendo um tema urgente no qual a Terapia do Esquema pode fazer contribuições importantes, atentando para a necessidade de intervirmos, no campo da psicologia, na formação destes esquemas como forma de promovermos a saúde mental e o desenvolvimento saudável do sujeito negro no Brasil, contribuindo também para qualidade de vida da população negra e uma psicologia que esteja aliançada com a luta antirracista.

I propose an accessible and didactic essay that engages directly with the population that is the subject of the work, so that black men from the outskirts of the city stop being just objects of study and start using academic production to our advantage, in order to discuss and reflect on our (re)existence. Using Schema Therapy, I intend to analyze how unmet basic needs (affection, protection, recognition, security, etc.), as well as toxic models of behavior presented in the childhood of black youth, as a consequence of structural racism and values of a white supremacist culture, can generate initial maladaptive schemes that end up undermining the confidence and self-image of our young people. By the end of this work, I hope to “clarify” for black youth, psychology, pedagogy, education, and public policy professionals who work directly with this segment of the population, the various traps placed in our path so that we are systematically exterminated, the urgency of public policies in favor of the well-being of black youth, and the importance of taking care of our mental health. In view of the genocide experienced by the black population in Brazil (Nascimento, 2017) as a result of structural racism, this writing is extremely relevant, addressing an urgent topic in which Schema Therapy can make important contributions, drawing attention to the need for us to intervene, in the field of psychology, in the formation of these schemas as a way of promoting mental health and the healthy development of the black subject in Brazil, also contributing to the quality of life of the black population and a psychology that is aligned with the anti-racist struggle.