Sangrar é verbo : narrativas menstruais e os silêncios rompidos na literatura infantojuvenil

Abstract

Este artigo busca analisar as transformações do ativismo e da educação menstrual nas últimas décadas, com foco nas representações da menstruação em narrativas contemporâneas da literatura infantojuvenil. Parte-se da compreensão de que os discursos sobre o corpo e a sexualidade são historicamente construídos e disputados, e que a literatura voltada ao público jovem tem se tornado um espaço fértil para a problematização de temas tradicionalmente silenciados, como a menstruação. O estudo busca responder à seguinte questão: como as transformações culturais em relação à menstruação causaram efeitos na literatura infantojuvenil? Trata-se de um estudo de caráter exploratório e preliminar, fundamentado em revisão crítica de literatura e na análise de iniciativas culturais e educativas vinculadas ao ativismo menstrual. A discussão se apoia nos Estudos Culturais e em autoras que investigam os efeitos das narrativas sobre subjetividades, corpos e práticas educativas, bem como em estudos sobre a pedagogização da cultura. Inicialmente, são discutidas as mudanças culturais e políticas que marcam a chamada virada menstrual. Em seguida, analisam-se produções acadêmicas que exploram o potencial educativo da literatura infantojuvenil no campo da educação menstrual. Ao final, propõe-se uma reflexão sobre como essas narrativas podem operar como dispositivos pedagógicos que contribuem para a construção de saberes sobre o corpo, o gênero e os direitos menstruais.

Este artículo busca analizar las transformaciones del activismo y de la educación menstrual en las últimas décadas, con énfasis en las representaciones de la menstruación en narrativas contemporáneas de la literatura infantil y juvenil. Se parte de la comprensión de que los discursos sobre el cuerpo y la sexualidad son construidos y disputados históricamente, y de que la literatura dirigida al público joven se ha convertido en un espacio fértil para la problematización de temas tradicionalmente silenciados, como la menstruación. El estudio busca responder a la siguiente pregunta: ¿cómo las transformaciones culturales en torno a la menstruación han producido efectos en la literatura infantil y juvenil? Se trata de un estudio de carácter exploratorio y preliminar, fundamentado en una revisión crítica de la literatura y en el análisis de iniciativas culturales y educativas vinculadas al activismo menstrual. La discusión se apoya en los Estudios Culturales y en autoras que investigan los efectos de las narrativas sobre las subjetividades, los cuerpos y las prácticas educativas, así como en estudios sobre la pedagogización de la cultura. Inicialmente, se discuten los cambios culturales y políticos que marcan el llamado giro menstrual. Luego, se analizan producciones académicas que exploran el potencial educativo de la literatura infantil y juvenil en el campo de la educación menstrual. Finalmente, se propone una reflexión sobre cómo estas narrativas pueden operar como dispositivos pedagógicos que contribuyen a la construcción de saberes sobre el cuerpo, el género y los derechos menstruales.

This article seeks to analyze the transformations of activism and menstrual education in recent decades, with a focus on the representations of menstruation in contemporary children's literature. It starts from the understanding that discourses on the body and sexuality are historically constructed and disputed, and that literature aimed at young audiences has become a fertile space for problematizing traditionally silenced themes, such as menstruation. The study seeks to answer the following question: how have cultural transformations in relation to menstruation affected children's literature? This is an exploratory and preliminary study, based on a critical review of the literature and an analysis of cultural and educational initiatives linked to menstrual activism. The discussion is based on Cultural Studies and authors who investigate the effects of narratives on subjectivities, bodies and educational practices, as well as studies on the pedagogization of culture. Initially, the cultural and political changes that mark the so called menstrual turn are discussed. This is followed by an analysis of academic productions that explore the educational potential of children's literature in the field of menstrual education. Finally, a reflection is proposed on how these narratives can operate as pedagogical devices that contribute to the construction of knowledge about the body, gender and menstrual rights.