Percepções e práticas das puérperas e suas famílias sobre o sono seguro do lactente

Abstract

Introdução: o sono é essencial ao desenvolvimento infantil, mas práticas como o compartilhamento de cama e o posicionamento inadequado podem levar à Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), uma causa de óbito inesperado em menores de um ano. Objetivo: conhecer as percepções e as práticas das puérperas e suas famílias sobre o sono seguro do lactente. Método: trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, realizada com puérperas internadas na Unidade de Internação Obstétrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e seus familiares. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, audiogravadas e transcritas. A análise dos dados foi realizada conforme a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin, obedecendo as três etapas sequenciais: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Resultados: as entrevistas revelaram familiaridade com algumas recomendações de sono seguro, mas a persistência de práticas desaconselhadas foi frequentemente citada. A dificuldade de transformar o conhecimento técnico em prática cotidiana regularmente impedem a adesão das práticas recomendadas. Essas condutas são influenciadas por fatores culturais, emocionais e socioeconômicos. Observou-se, também, uma considerável fragilidade no conhecimento dos participantes sobre a SMSL. As lacunas no entendimento e na prática demonstram a necessidade de um reforço educativo contínuo e abrangente, que adapte as recomendações à realidade vivida pelas famílias. Considerações finais: este estudo contribui para a compreensão da complexidade da adesão às práticas de sono seguro. Os achados podem subsidiar futuras intervenções e políticas públicas para a redução da SMSL e qualificação do cuidado neonatal. Sugerem-se pesquisas futuras que explorem outras perspectivas e avaliem a efetividade de novas estratégias educativas.

Introduction: Sleep is essential for child development, yet practices such as bed-sharing and improper positioning can lead to Sudden Infant Death Syndrome (SIDS), an unexpected cause of death in infants under one year of age. Objective: To explore postpartum women’s and their families perceptions and practices regarding safe infant sleep. Method: A descriptive qualitative study conducted with puerperal women admitted to the Obstetric Inpatient Unit of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre and their relatives. Data were collected through semi-structured interviews, which were audio-recorded and transcribed. Content was analyzed following Bardin content-analysis technique in three sequential stages: pre-analysis, exploration of the material, and treatment of results, inference and interpretation. Results: Participants were familiar with some safe-sleep recommendations, yet disapproved practices remained common. Difficulties in translating technical knowledge into daily routine often hindered adherence to recommended practices. These behaviors were influenced by cultural, emotional and socioeconomic factors. A considerable gap in knowledge about SIDS was also evident. The findings highlight the need for continuous and comprehensive education that adapts recommendations to families' lived realities. Conclusions: This study deepens understanding of the complexity inherent in adopting safe-sleep practices. The results can inform future interventions and public policies aimed at reducing SIDS and improving neonatal care. Future research should examine additional perspectives and evaluate the effectiveness of new educational strategies.