Ganhar o mundo todo e perder a si mesmo : precarização das relações de trabalho e a saúde mental de trabalhadores-estudantes no Rio Grande do Sul

Abstract

O objetivo deste trabalho foi compreender as relações entre precarização do trabalho e saúde mental de trabalhadores-estudantes do Rio Grande do Sul em comparação a trabalhadores que não estudam, no cenário da Pandemia de Covid-19 no Brasil. Para tanto, foi realizada uma pesquisa quantitativa com 746 participantes, com média de idade de 35,95 anos (DP=12,06), que trabalham em média 8,68 horas diariamente (DP = 3,47) e sendo destes, 661 brancos (91,3%), 513 mulheres (68,8%) e 363 (48,7%) trabalhadores-estudantes. Foram coletados de forma online dados sociodemográficos e laborais, além das escalas SRQ-20 e itens de precarização do trabalho. Foram realizadas análises de Regressão Linear Múltipla com método Stepwise os resultados obtidos apontam que: (1) ter medo das avaliações no trabalho, (2) ser jovem e (3) identificar-se com o gênero feminino esão os três maiores fatores de risco para a ocorrência de sintomas de Distúrbios Psiquiátricos Menores em estudantestrabalhadores e não-trabalhadores no Rio Grande do Sul, afetando mais o trabalhadores que estudam na primeira variável. Paralelamente, (1) sentir-se respeitado no trabalho, (2) sentir que é possível progredir no trabalho, (3) identificar-se com o gênero masculino e (4) ter mais idade são os quatro principais fatores preventivos da ocorrência de sintomas de Distúrbios Psiquiátricos Menores em em trabalhadores-estudantes e não-estudantes no Rio Grande do Sul, sendo os dois primeiros fatores preventivos mais fortes entre os trabalhadores que estudam. Recomenda-se que as estratégias organizacionais de prevenção à saúde mental de trabalhadores-estudantes incluam intervenções nos métodos de gestão, na cultura organizacional, na área de desenvolvimento de carreiras e na diminuição da jornada de trabalho, sem contrapartida de menor remuneração, de forma os trabalhadores estudantes não tenham medo das avaliações, sintam-se respeitados e que podem progredir no seu trabalho, bem como possam dedicar mais tempo ao lazer, descanso e interações sociais.

This study aimed to understand the relationship between precarious work and mental health of student workers in Rio Grande do Sul compared to workers who do not study, in the context of the Covid-19 Pandemic in Brazil. A quantitative survey was carried out with 746 participants, with an average age of 35.95 years (SD=12.06), who work an average of 8.68 hours a day (SD=3.47) and, of these, 661 were white (91.3%), 513 women (68.8%) and 363 (48.7%) student workers. Sociodemographic and labor data were collected, in addition to the SRQ-20 scales applied for tracking Minor Psychiatric Disorders and precarious work items. By the Multiple Linear Regression analyzes carried out with the Stepwise Method, the results obtained suggest that: (1) being afraid of bad work evaluations, (2) being young, and (3) identifying as a female are the three biggest factors of risk for the occurrence of symptoms of Minor Psychiatric Disorders in student-workers and non-workers in Rio Grande do Sul, affecting more the workers who study in the first variable. On the other hand, (1) feeling respected in the workplace, (2) feeling that it is possible to progress in the job position, (3) identifying as a male, and (4) being older are the four main preventive factors for the occurrence of symptoms of Minor Psychiatric Disorders in student and non-student workers in Rio Grande do Sul, being the first two strongest preventive factors among workers who also study. It is recommended that organizational strategies to prevent the mental health of student workers include interventions in management methods, in the organizational culture in the career development areas, and in the reduction of working hour without lower remuneration, so that student workers are not afraid of bad evaluations, feel respected and that they can develop their skills in the workplace, as well as dedicate more time to leisure, rest and social interactions.