Coordenação do cuidado de crianças expostas ou com sífilis congênita na rede de atenção em saúde de Porto Alegre/RS

Abstract

Introdução: A coordenação do cuidado é compreendida como a organização planejada de atividades assistenciais ao paciente, incluindo a prestação de cuidados entre os demais serviços de saúde. Contudo, as barreiras à coordenação do cuidado são diversas, como as limitações da integração das informações e da gestão da clínica entre os serviços de saúde e níveis de atenção. A Sífilis Congênita tem se mostrado como uma condição marcadora com potencial para exemplificar as diferentes barreiras à coordenação do cuidado e epidemiologicamente preocupante para a capital. Objetivo: Analisar a coordenação do cuidado para o acompanhamento de crianças expostas à sífilis ou com sífilis congênita na Rede de Atenção em Saúde de Porto Alegre/RS. Método: Foi realizada uma pesquisa qualitativa com a utilização da técnica de análise documental. Analisaram-se documentos institucionais da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS, buscando a perspectiva dos representantes das políticas públicas de saúde. A análise dos dados foi realizada pela perspectiva do referencial teórico da coordenação do cuidado. Resultados: Foram analisadas 34 publicações elegíveis ao estudo provenientes da internet de acesso público. Destas, 16 constituíram resultados à análise empreendida. Os achados evidenciaram atividades que contemplaram atividades de coordenação e abordagens amplas. As atividades que mais apareceram foram: planos de cuidados, comunicação e estabelecimento de responsabilidades, enquanto as que não se observaram resultados para apoio às metas de auto gestão, orientações para acessar recursos da comunidade e alinhamento de recursos com as necessidades do paciente e população. As abordagens amplas evidenciaram atividades voltadas para o trabalho em equipe focado na coordenação, gestão de medicamentos e tecnologias da informação em saúde; e nenhum resultado para gestão de cuidados e serviços especializados. Considerações finais: A análise documental revelou avanços na formalização de protocolos e utilização de tecnologias no apoio da coordenação. No entanto, observou-se lacunas, especialmente voltadas a fragmentação da comunicação em rede e integração entre níveis da rede, fragilidade dos fluxos de referência e contrarreferência, e ausência de estratégias voltadas ao empoderamento dos usuários. Esses desafios evidenciam a necessidade da constituição de instrumentos e tecnologias que possam colaborar com o fluxo de informação compartilhada e maior articulação entre os pontos da Rede de Atenção em Saúde. Possíveis contribuições do estudo: Almeja-se que os resultados desse estudo possam colaborar com o debate acerca da coordenação do cuidado no município de Porto Alegre/RS.

Introduction: Care coordination is understood as the planned organization of healthcare activities for the patient, including the provision of care across other health services. However, there are several barriers to care coordination, such as limitations in the integration of information and clinical management across health services and levels of care. Congenital syphilis has proven to be a marker condition with the potential to exemplify the various barriers to care coordination and is epidemiologically concerning for the capital city. Objective: To analyze care coordination for the follow-up of children exposed to syphilis or with congenital syphilis in the Health Care Network of Porto Alegre/RS. Method: A qualitative study was conducted using the document analysis technique. Institutional documents from the Municipal Health Department of Porto Alegre/RS were analyzed, seeking the perspective of public health policy representatives. Data analysis was carried out from the theoretical framework of care coordination. Results: Thirty-four publicly accessible internet publications were analyzed. Of these, sixteen provided results for the study. The findings revealed care coordination activities and broad approaches. Care planning, communication, and assignment of responsibilities were the most evident activities, whereas no results were observed for support of self-management goals, guidance for accessing community resources, or alignment of resources with the needs of the patient and population. The broad approaches showed activities focused on teamwork centered on coordination, medication management, and health information technologies; and no results for care management and specialized services. Final considerations: The document analysis revealed progress in the formalization of protocols and use of technologies to support coordination. However, gaps were identified, especially related to fragmented network communication and integration between levels of care, weak referral and counter-referral flows, and a lack of strategies aimed at user empowerment. These challenges highlight the need to establish tools and technologies that can support the flow of shared information and greater articulation among the points of the Health Care Network. Possible contributions of the study: It is hoped that the results of this study can contribute to the debate on care coordination in the municipality of Porto Alegre/RS.