A autonomia do Banco Central e sua interferência na taxa de juros
Visualizar/abrir
Data
2025Autor
Orientador
Nível acadêmico
Graduação
Assunto
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar as implicações da autonomia do Banco Central do Brasil (BCB), formalizada em 2021, sobre a alternância da taxa básica de juros (Selic) e seus efeitos na economia brasileira. A pesquisa combinou análise quantitativa de dados secundários e revisão bibliográfica, integrando dados históricos e evidências empíricas para avaliar se a autonomia formal do BCB contribuiu para uma política monetária mais estável e previsível, bem como para compreender como e ...
O presente trabalho tem como objetivo analisar as implicações da autonomia do Banco Central do Brasil (BCB), formalizada em 2021, sobre a alternância da taxa básica de juros (Selic) e seus efeitos na economia brasileira. A pesquisa combinou análise quantitativa de dados secundários e revisão bibliográfica, integrando dados históricos e evidências empíricas para avaliar se a autonomia formal do BCB contribuiu para uma política monetária mais estável e previsível, bem como para compreender como essa autonomia influencia variáveis macroeconômicas fundamentais, como a inflação, o câmbio, o mercado de ações e lucros bancários. Os resultados indicam que, no contexto pós-autonomia, o BCB adotou decisões técnicas focadas no controle da inflação de longo prazo, elevando a Selic de mínimos históricos para patamares elevados desde 2022, mantendo-se assim até, ao menos, junho de 2025. Constatou-se que a inflação arrefeceu após o aperto monetário – retornando à faixa da meta em 2023 –, o que sugere que a autonomia operacional permitiu ancorar as expectativas de preços, embora com custo em termos de desaceleração econômica. Observou-se também que outras variáveis reagiram conforme esperado pela teoria econômica: juros domésticos altos atraíram capitais externos e contribuíram para apreciar o real, ao mesmo tempo que elevaram os custos de financiamento e reduziram a demanda por ativos de renda variável, freando o desempenho do mercado acionário. Além disso, identificou-se forte correlação entre juros elevados e lucros recordes dos grandes bancos, sugerindo que a política monetária restritiva beneficiou diretamente o setor financeiro, levantando questionamentos sobre um possível viés pró-mercado na condução da Selic. No entanto, não se constatou interferência direta, apenas evidências de que o BCB opera em um ambiente onde interesses privados e externos influenciam o seu espaço de atuação. As análises enfatizam que a autonomia do Banco Central, embora essencial para blindar a política monetária de ciclos políticos, possui limitações concretas. Persistem pressões políticas, condicionantes externos (como os movimentos de juros internacionais) e efeitos socioeconômicos adversos de juros altos (encarecimento do crédito e aumento da inadimplência). Diante disso, é visto que a autonomia do BCB não é absoluta e deve ser entendida como um meio para aprimorar a política monetária. Para o futuro da política monetária brasileira, destaca-se a importância de coordenar a atuação autônoma do BCB com a política fiscal e a política cambial, de promover reformas no sistema financeiro – reduzindo a concentração bancária e os spreads. Essas medidas podem garantir que a autonomia contribua para uma governança econômica equilibrada, conciliando a estabilidade de preços com o desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável no longo prazo. ...
Abstract
This study aims to analyze the implications of the autonomy granted to the Central Bank of Brazil (BCB), formalized in 2021, on the alternation of the benchmark interest rate (Selic) and its effects on the Brazilian economy. The research combines quantitative analysis of secondary data and literature review, integrating historical data and empirical evidence to assess whether BCB’s formal autonomy contributed to a more stable and predictable monetary policy, as well as to understand how this au ...
This study aims to analyze the implications of the autonomy granted to the Central Bank of Brazil (BCB), formalized in 2021, on the alternation of the benchmark interest rate (Selic) and its effects on the Brazilian economy. The research combines quantitative analysis of secondary data and literature review, integrating historical data and empirical evidence to assess whether BCB’s formal autonomy contributed to a more stable and predictable monetary policy, as well as to understand how this autonomy influences key macroeconomic variables such as inflation, exchange rate, stock market, and banking profits. The findings indicate that in the post-autonomy context, BCB adopted technical decisions focused on controlling long-term inflation, raising the Selic rate from historic lows to high levels since 2022, remaining elevated until the present. Inflation has cooled following the monetary tightening—returning to the target range in 2023—which suggests that operational autonomy helped anchor price expectations, albeit at the cost of economic deceleration. Other variables responded as predicted by economic theory: high domestic interest rates attracted foreign capital and contributed to the appreciation of the real, while also increasing financing costs and reducing demand for variable income assets, slowing the stock market performance. Additionally, a strong correlation was identified between elevated interest rates and record profits among major banks, suggesting that the restrictive monetary policy directly benefited the financial sector, raising concerns about a potential pro-market bias in Selic management. However, no direct interference was identified, only evidence that the BCB operates in an environment where private and external interests influence its scope of action. The analysis emphasizes that, although autonomy is essential to shield monetary policy from political cycles, it has practical limitations. Political pressures, external constraints (such as global interest rate trends), and adverse socioeconomic effects of high interest rates (such as increased credit costs and delinquency) persist. Therefore, BCB’s autonomy is not absolute and should be understood as a means to improve monetary policy. For the future of Brazil’s monetary policy, it is essential to coordinate BCB’s autonomous role with fiscal and exchange rate policies, promote reforms in the financial system—reducing banking concentration and spreads—and consider incorporating secondary objectives, such as employment and growth, into its mandate. These measures may ensure that autonomy contributes to a balanced economic governance, reconciling price stability with inclusive and sustainable economic development in the long run. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Ciências Econômicas. Curso de Ciências Econômicas.
Coleções
-
TCC Ciências Econômicas (1412)
Este item está licenciado na Creative Commons License
