Redes de conhecimento na área das ciências da saúde : uma análise das interações dos pesquisadores brasileiros

Abstract

Este estudo tem como objetivo analisar as redes de conhecimento na área das ciências da saúde no Brasil, caracterizando os atores da rede e focando nas interações dos pesquisadores brasileiros do campo da medicina. A abordagem metodológica emprega a Análise de Redes Sociais (ARS) sobre uma amostra de grupos de pesquisa em Medicina dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, a partir de dados do Censo do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) do CNPq de 2023. Realiza-se uma análise longitudinal comparativa com dados de 2016 para avaliar a evolução da rede. Os principais resultados indicam uma acentuada contração da rede no período, que não apenas diminuiu em tamanho, mas se reconfigurou, tornando-se mais hierárquica e fragmentada. As interações são predominantemente acadêmicas, com um recuo significativo das colaborações com a indústria e um aumento da relevância de parceiros internacionais. A contribuição do estudo reside em sua análise longitudinal, que evidencia uma deterioração na estrutura colaborativa do sistema de inovação. Em termos práticos, os achados fornecem evidências para gestores públicos sobre os impactos negativos da instabilidade no fomento, que enfraquece elos estratégicos e compromete a resiliência da ciência nacional para responder a desafios de saúde pública.

This study aims to analyze the knowledge networks in the field of health sciences in Brazil, characterizing the network's actors and focusing on the interactions of Brazilian researchers in the field of medicine. The methodological approach employs Social Network Analysis (SNA) on a sample of research groups in Medicine from the states of Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, and Rio Grande do Sul, using data from the 2023 Census of the Directory of Research Groups (DGP) by CNPq. A longitudinal comparative analysis is conducted with data from 2016 to assess the network's evolution. The main findings indicate a marked contraction of the network over the period; it not only decreased in size but also reconfigured itself, becoming more hierarchical and fragmented. Interactions are predominantly academic, with a significant decline in collaborations with industry and an increase in the relevance of international partners. The contribution of this study lies in its longitudinal analysis, which highlights a deterioration in the collaborative structure of the innovation system. In practical terms, the findings provide evidence for policymakers regarding the negative impacts of funding instability, which weakens strategic links and compromises the resilience of national science to respond to public health challenges.