Recomendações de cuidados domiciliares ao neonato durante a pandemia da COVID-19 : uma revisão de escopo

Abstract

Introdução: a infecção pela COVID-19 em recém-nascidos ainda possui diversas lacunas referentes ao conhecimento da sua patogênese, fisiologia e formas de contágio. Algumas evidências apontam que os neonatos possuem um bom prognóstico, com manifestação de sintomas leves, como febre, tosse, obstrução nasal e sintomas gastrointestinais. Em relação aos cuidados aos recém-nascidos durante a pandemia, ainda há informações dispersas a respeito das práticas assistenciais e à interação mãe-bebê frente a adoção de cuidados de prevenção da infecção pelo SARS-CoV-2, dificultando a padronização e a qualidade da assistência ao recém-nascido. Objetivo: descrever as recomendações de cuidados domiciliares ao neonato, desenvolvidas pelos órgãos governamentais e organizações de saúde, no período da pandemia da COVID-19. Metodologia: trata-se de uma revisão de escopo, em que utilizou-se a estratégia PCC, onde P (recém-nascidos); C (COVID-19); C (recomendações). As buscas foram realizadas em plataformas digitais disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde, Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e Centro de Prevenção e Controle de Doenças, sendo consultados os documentos que abordassem a temática do estudo, realizadas no período de março de 2020 a setembro de 2021, nos idiomas inglês, português e espanhol. O mapeamento dos resultados foi realizado por meio de informações coletadas no instrumento de coleta de dados. Resultados: foram incluídas 53 publicações, das quais surgiram quatro temas principais em relação ao cuidado domiciliar ao recém-nascido na pandemia: orientações relativas à alta hospitalar (a alta hospitalar não deve ser postergada além das 48 ou 72 horas de vida; os profissionais devem orientar os cuidadores a identificar sinais de instabilidade clínica decorrentes de infecções respiratórias; o isolamento domiciliar após a alta está indicado em caso de COVID-19; deve-se evitar o uso de transporte público durante o deslocamento ao domicílio e o contato pele a pele deve ser mantido); medidas de precaução e isolamento (visitas sociais ao binômio e exposição à aglomerações devem ser evitadas; a higienização das mãos e utilização de máscaras de proteção devem ser enfatizadas sempre que houver contato com o recém-nascido; o uso de equipamentos de proteção facial por recém-nascidos não é recomendado); alimentação (a amamentação deve ser mantida, desde que a mulher esteja em condições de saúde adequadas para fazê-la e, caso necessário, deve ser orientada quanto às medidas de extração do leite seguindo medidas de prevenção da contaminação pela COVID-19; não está recomendada a doação de leite materno em caso de mulher suspeita ou confirmada para COVID-19); e acompanhamento na atenção básica (as consultas de avaliação do desenvolvimento do recém-nascido, realização de teste de triagem neonatal, imunizações e as orientações ao cuidado do recém-nascido à família devem ser mantidas e com o auxílio de meios de comunicação alternativos se houver a possibilidade. Considerações finais: é fundamental o desenvolvimento e a divulgação de estudos adicionais com fortes níveis de evidência para a construção de diretrizes assistenciais adequadas ao cuidado do recém- nascido, de forma a solucionar controvérsias e dualidades ainda presentes, como a transmissão do novo coronavírus pelo aleitamento materno e necessidade de testagem laboratorial em recém-nascidos.